sexta-feira, 29 de agosto de 2014

As Poderosas Forças do Poder!


 Em 1994 eu adorava andar de bicicleta, sempre com responsabilidade e de tempos em tempos, desmontava a bicicleta olhava todas as peças, até as bolinhas eu procurava verificar uma por uma, substituía á graxa, as bolinhas quebradas, e outras peças. Por viajar para longe tinha todo este cuidado e sempre levava comigo uma câmara de ar de reserva, bomba e ferramentas para uma eventual quebra. Costumava ir para Mairiporã, cidade a trinta quilômetros de onde morava. Por causa da Serra da Cantareira eu levava cerca de uma hora e quinze minutos para chegar lá. 

Em uma dessas viagens, muitas delas sozinho eu fui ultrapassado por um carro cheio de jovens que gritaram pra mim:

            - Pedala ai seu otário!
            - Vai seu pobre!

            Bom, prossegui minha viajem sem dar importância.
            Há uns cinco quilômetros depois, o mesmo carro estava parado na beira da estrada! O radiador havia estourado!
            Ao passar por eles simplesmente falei:

            - E eu continuo!

            Este episódio me levou a questionar a relação sobre o poder e o querer.
            O querer é de certa forma um poder, mas só manifestando o querer nem sempre temos o potencial para exercer o mesmo. Eu tinha uma bicicleta e o meu querer, porém antes de encarar uma viagem como esta eu sabia que tinha que ter o poder.
            Aos poucos adquiri força física, preparação mental para saber que havia uma necessidade de concentração em meu objetivo, ter o meu equipamento como um auxilio, uma ferramenta para atingir meu objetivo e por fim a consciência de que tudo isso  me levou ao poder, o poder de querer!  
            Portanto não basta apenas querer isto ou aquilo, como costumam dizer aqui no Brasil:

            Querer é poder!

            Mas só o querer sem um real poder pode nos levar a uma jornada perdida, ao fracasso de nosso objetivo.
            Como no caso de nossos viajantes zombadores, eles tinham o carro (PODER) bastava apenas o querer, porém não manifestaram antes qual o seu real poder! O carro foi um poder adquirido e como toda e qualquer forma de poder cega e corrompe o ser.
            Por se achar mais poderoso, os seres se sentem no direito de inferiorizar sem se dar conta e tomar o real cuidado com o poder.
            Isto pode parecer uma alusão há uma situação vivida, mas quantas pessoas estão vivendo nas ilusões de seus próprios poderes?
            Quantas mulheres lindas são assediadas por todos os homens e até os membros de suas famílias dizem assim:

            - Você é linda, merece uma vida melhor!
           
            E esta vida melhor não surge só por causa da beleza!
            Então na ilusão de querer e sempre querer mais, muitas mulheres acabam usando o poder que tem (poder de seduzir) para adquirir mais poder e sem uma consciência de como usar seu próprio poder acabam mentindo pra si mesmas e até se prostituindo! Ao contrario do que muita gente pensa, não são as pessoas simples e sem sedução que fazem isso por necessidade, são na maioria das vezes aquelas que sabem do seu poder, mas não sabem como usar para o seu próprio bem querer.
            Homens também em muitos casos não são os feios e normais que mais traem, são na maioria das vezes aqueles que também são sedutores e poderosos que usam sua sedução para atrair mulheres, da mesma forma e sem uma consciência responsável de seu próprio poder de sedução, estão sempre mentindo e querendo vivenciar outras e outras relações, acabam num ciclo viciosos e nesta busca nunca encontram satisfação e um real sentimento de felicidade.

            Tudo isso me fez ver que precisamos mesmo é:

            Dominar o poder de querer!

            E para isso é preciso reconhecer que o seu poder pode seduzir e até mascarar você mesmo contra você! Como no artigo: Vilões! Os Verdadeiros heróis; podemos ver que sempre queremos que algo domine a gente, e geralmente este algo é: os nossos sentimentos, mas como nos heróis da ficção este domínio dos sentimentos nos leva a crer que somos inatingíveis, cheios de super poderes e até imortais!
            Na embriagues que vivemos de nossos sentimentos entorpecemos a razão como se esta fosse uma vilã ferida cheia de magoas e responsáveis por nossos sentimentos ruins, então achamos que podemos fumar ou beber, usar drogas e até por em risco a própria existência... É o que acontece quando um jovem em pleno vigor de sua existência se embriaga e sai dirigindo em alta velocidade; o desejo sexual passa ser visto como uma ação fisiológica, que serve apenas para dar prazer ao corpo e que viver de experiências diferentes vai fazer com que este encontre um prazer além do que já vive, como se alguém  tivesse um ingrediente secreto, e na ligação sexual fosse encontrado o ponto de satisfação, que na realidade nunca irá se satisfazer. A verdade é que em ninguém há um ingrediente secreto.
            Enquanto a razão tenta expor ao ser que o seu poder só está fazendo seu querer te destruir, seus sentimentos pedem á mente que mostre então qual é o mecanismo que deve ser usado, quando a mente coloca este mecanismo diante de você mesmo, a sua mente só quer te libertar e te fazer  olhar pra si mesmo com responsabilidade.

            Vivemos isso constantemente!
            Como se dentro de nós houvesse na realidade dois seres, um que busca prazer, sensações e emoções a todo custo e o outro busca mostrar que não existe um poder fora de nós que vai fazer com que tudo de certo e funcione!
  
          É como a história de Dorothy em o Magico de Oz! Sempre achamos que alguém poderoso está por conta de tudo enquanto que na realidade todo poder está dentro de você. Dominar bem o seu querer é encontrar a fonte de poder e fazer com que você siga nesta viagem para onde você quer chegar.



            Pois então!
            Antes de viajar pela vida verifique bem seu equipamento, seja ele seu corpo, seu carro, sua bicicleta, sua mente, seus sentimentos, procure olhar bem e examinar não só por fora, mas também por dentro. Olhe para si mesmo, mas não no espelho que o espelho pode te seduzir e fazer você dizer:

            - Ahh Tudo isso é bobagem! Sou linda (o) maravilhosa (o) e me amo, eu sei que vou conseguir!

            Bem, pare de só considerar o que se vê por fora e olhe dentro de si, olhe quem é que está ai tagarelando e falando o tempo todo com você e veja! Será que todo este barulho na sua cabeça é você mesmo?

         Como encontrar a fonte poderosa do poder?

            No reino animal geralmente temos o ser dominante, aquele que é mais forte, que sempre atribui a si mesmo o direito de se impor aos outros, de dominar e até humilhar seu semelhante só pelo fato de ser mais forte. Chamam isto de: Seleção natural.

            Este ser dominante em muitos casos é mesmo fisicamente mais forte, vigoroso e por sua vez também é mais respeitado no grupo. É dado á este ser o direito de poder ter um maior número de fêmeas e também de oferta de alimentos... Algo como um Rei do grupo.

            Em todas as espécies de animais, com exceção o ser humano, o poder de sedução esta sempre no macho, também chamado de macho alfa: o leão e sua exuberante juba, o pavão e sua elegante cauda... Enfim muitos são os atributos, mas a única espécie onde o poder de sedução está unicamente nas fêmeas é no ser humano. Uma mulher que seja sexualmente atraente é até admirada por outras mulheres que reconhecem a fêmea alfa por assim dizer.

            Um dos motivos desta inversão está no fato de sermos todos prematuros! No sentido físico mesmo!
 
            Em todo reino animal os mamíferos quadrúpedes assim que nascem em questão de minutos já estão de pé, prontos para correrem e se juntarem ao bando. Já nas aves e outros animais bípedes, com o estreitamento da dos ossos da bacia, os seres nascem prematuros, levam um longo período de sua existência para crescerem e estarem preparados para vida.

Em nosso caso, seres humanos, nascemos totalmente despreparados para a própria vida, sem dentes para mastigar, sem forças até para sustentar a própria cabeça, precisamos do cuidado da mãe por um longo período, assim sendo o macho humano poderia fecundar uma fêmea e sair para fecundar quantas outras ele conseguir, porém a fêmea enquanto está cuidando da prole não tem agilidade e capacidade de promover seu sustento, sua segurança, ficando esta vulnerável e incapacitada de cuidar de si mesmo e da prole ao mesmo tempo, então a natureza sabiamente criou um modo de fazer com que o macho perdesse a sua sensualidade e a fêmea por ser mais atraente poderia agora, diferente de todos os outros seres, escolher então qual macho ela quer seduzir e com isso conseguir suas necessidades básicas de sustento e segurança ficando assim a cargo do macho fornecer estes itens.

            O homem por sua vez após muitos milênios (afinal o ser humano chamado de homo sapiens já existe há mais de 300 mil anos) criou uma forma interessante de dar a fêmea a segurança e sustento de que ela precisa para criar sua prole com maior liberdade. Foi à criação da sociedade!

            Com o convívio em grupo o homo sapiens conseguiu cultivar seu sustento e fornecer ao grupo segurança e domínio sobre os eventos da natureza. Com o uso da linguagem o homem não precisava ser forte sozinho e ações físicas individuais passaram a serem menosprezadas, somente aqueles que conseguiam pela comunicação dominar e estabelecer a ordem em grupo passou a ser os mais admirados e tendo assim o desejo e o cortejo das fêmeas. Aos poucos e muito lentamente o homem foi novamente adquirindo outra forma de poder. O poder já não era mais os atributos físicos e sim o poder de liderança e persuasão sobre os outros.

            Novamente o homo sapiens passou a identificar no grupo alguns seres mais elevados que outros como reis e até como deuses, conflitos foram e voltaram em vários períodos da história, mas o que restou de tudo isto foi a Força do Poder.
           
            Pulando milhares de anos sobre a evolução humana, hoje basicamente temos três formas de poder atuando juntas:
           
            Política: Talvez a forma de poder mais antiga, com a origem da palavra polis: entendia-se como a comunidade organizada, formada pelos cidadãos (politikos), isto é, pelos homens nascidos naquele local. A política até então vem passando por varias transformações, mas ainda é a forma de poder mais notória que temos.

            Religião: Que nada mais é que uma variante da política! Acontece que lideres morrem e como toda forma de poder é atribuída á um ser, os lideres ao morrerem eram como o fim de um poder e para perpetuar esta forma de poder os líderes acabavam sendo venerados mesmo após a morte, porém outros líderes surgiam. Aqueles mais antigos ao falarem de seus líderes passados criavam lendas e formas de domínio. Líderes religiosos muitas vezes não passam de veneradores de outros líderes que existiram num tempo mais antigo e começaram a surgir lendas e crenças e algum tipo de super poder dado a estes líderes do passado, surgindo assim não uma liderança nova, mas a perpetuação de normas e regras a serem seguidas. Estas normas e regras são atribuídas a antigos líderes, como por exemplo: Moisés.
           
            Dinheiro: O dinheiro surgiu pela necessidade de escambos por coisas no qual as pessoas não tinham como trocar uma vaca por sementes, nem sempre quem tinha uma vaca quer sementes, nem sempre quem tem sementes quer uma vaca. O dinheiro só foi possível devido à organização em sociedade e por isso acredito que política venha ser a primeira forma de poder que surgiu entre os homo sapiens.

            Em toda forma de poder estabelecida pelo homo sapiens novamente a mulher tornou a posição de ser subjugada pelo macho, em algumas sociedades as mulheres são vistas como uma mercadoria que é usada para troca e ligação econômica entre grupos familiares.
           
            Em tudo isto vemos que o poder que reina sobre a humanidade e atualmente ainda é, embora de forma mais organizada, uma fonte que vem do ser animal!

            Vemos-nos como seres superiores, mas ainda somos aqueles seres que no inicio de sua formação estabeleceu normas e regras de poder tão animalescas quanto as dos leões, só que sem suas exuberantes jubas e dos pavões, só que a cauda agora no macho é comprada com suas políticas sociais, suas religiões com normas de comportamentos, em meio a isso tudo o dinheiro é a forma de poder que em todos os casos vem corrompendo o homem em sua real evolução no sentido humano.

As mulheres aceitam que seus homens quebrem as regras de união estabelecidas pelas religiões, mas por causa do grande poder que tem o dinheiro!

Os homens quebram as suas políticas de seguirem normas sociais, por terem dinheiro e por força deste, mentem e enganam por mais dinheiro, violentam e prostituem suas donzelas, como aquele leão que se sente o maior em seu grupo e acham que podem ter as fêmeas que quiserem pelo seu poder, podem possuir o que bem querem na sociedade e com isso vivemos uma sociedade medíocre e hipócrita onde o ser humano não sabe se segue a lei de seu espírito, (de sua respiração, aquilo que ele trás para dentro de si mesmo), ou se segue a lei da carne, de seu ser animal, aquele que vê no corpo apenas a realização de seus desejos, de satisfazer as vontades animalescas, em meio a este conflito ficamos sem saber qual caminho seguir, qual desejo há de ser realizado não só por vontades biológicas, como também por vontades que parecem superiores, o ser humano não sabe como dominar as poderosas forças do poder que temos, enquanto ninguém explica, todos seguem entre tropeços, tentativas e mais erros que acertos tentando ver no que vai dar. Acabamos virando os seres mais doentes de toda Terra que precisa mais que orientação, precisa é desesperadamente saber qual é a força mais poderosa de todas e por esta é que realmente temos que lutar!

            O que realmente somos?

            Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato de água fria nos que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam davam-lhe uma surra. Dentro de algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que o novo macaco fez foi subir a escada, dela foi retirado pelos outros que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais na escada. Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado da surra ao novato.

Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e no final, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.

Se fosse possível perguntar para algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:

            -Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui.

            Não sei se realmente esta pesquisa foi realizada, mas a ideia esboça claramente como é formado um paradigma em um grupo social. Muitas vezes agimos de uma forma sem ao menos se dar conta do “por quê” de agirmos assim.  Pessoas que nascem em uma comunidade religiosa tende a se tornar religioso, o sotaque também é outra tendência que seguimos, falamos em certo tom, pois as pessoas que nos rodeiam falam desta forma. Mas o que nossos paradigmas têm haver com domínio de forças e poder?

            A Experiência de Milgram
           
            Em 1963, o americano Stanley Milgram, da Universidade de Yale criou um teste para ver a obediência das pessoas a uma figura autoritária.
A experiência consiste de três pessoas: o cientista, o aprendiz (vítima) e o professor (pessoa testada). Apenas o “professor” é o real participante do experimento, as outras pessoas são atores. O cientista, caracterizado com um jaleco branco e de fisionomia impassível, diz que ambos participarão de um teste de memória.
            A pessoa testada é dada o papel de professor e ao ator o papel de aprendiz (é feito um sorteio para determinar o papel de cada um, mas o teste é armado para que a pessoa testada seja o professor). Em seguida o aprendiz é preso a uma cadeira com um fio condutor preso ao seu corpo e o professor é levado para uma sala ao lado onde eles não podem se ver, mas é próxima o suficiente para poderem se comunicar.
O professor fica em posse de uma máquina de choques e ele recebe do cientista uma lista de palavras que o aprendiz deve memorizar. Depois que o aprendiz memoriza as palavras o professor pede que ele responda uma série de perguntas e a cada pergunta respondida errada o professor deve dar um choque no aprendiz. O choque inicial é de 15 volts, mas a cada novo erro a potência deve ser aumentada em 15 volts, até chegar o limite de 450 volts. Se resposta for correta o professor lê a próxima pergunta.
Antes de iniciar a experiência o cientista demonstra no professor a potência de um choque em baixa voltagem (45 volts) para que ele (a) tenha a noção da intensidade da punição que pode ser aplicada ao aprendiz. Numa escala de 0 a 100, onde 0 é “sem dor” e 100 é “dor insuportável”, a maioria dos professores classificaram a intensidade do choque como 75. Qualquer choque acima de 300 volts é potencialmente letal para a maioria dos seres humanos.

Durante a experiência o professor acredita que o aprendiz está levando choques elétricos de verdade, mas na realidade não existem choques. O ator na sala ao lado fazendo o papel do aprendiz está instruído a errar algumas perguntas propositalmente e todas as suas reações seguem um script:

#  75 volts: Argh!!!
#  90 volts: Argh!!!
# 105 volts: Argh!!! (Alto)
# 120 volts: Argh!!! Ei, isso machuca muito.
# 135 volts: Argh!!!
# 150 volts: Argh!!! Cientista! Já chega! Me tire daqui. Eu não sabia que sofreria isso. Minha pele está começando a queimar. Me tire daqui, por favor. Me deixe sair.
# 165 volts: (Gritando) Argh!!! Me deixe sair!
# 180 volts: (Gritando) Argh!!! Eu não aguendo mais a dor. Me tire daqui!
# 195 volts: Argh!!! Me tire daqui. Me tire daqui. Minha pele está queimando. Me tire daqui! Você não tem o direito de me manter preso aqui! Me deixe sair! Me deixe sair daqui!
# 210 volts: Argh!! Cientista! Me tire daqui. Já chega. Eu não quero mais participar desta experiência.
# 225 volts: Argh!!!
# 240 volts: Argh!!!
# 255 volts: Argh!!! Me tire daqui, por favor.
# 270 volts: (Berrando) Me tire daqui. Me tire daqui. Me tire daqui. Quero sair. Você está me ouvindo? Me tire daqui.
# 285 volts: (Berrando)
# 300 volts: (Berrando) Eu me recuso a responder outra pergunta. Me tire daqui. Você não tem o direito de me prender aqui. Eu quero sair. Me tire daqui.
# 315 volts: (Grito intenso) Eu disse que me recuso a responder outra pergunta. Eu não quero mais participar desta experiência.
# 330 volts: (Grito intenso e prolongado) Me tire daqui. Me tire daqui. Minha pele está queimada. Eu estou dizendo, me tire daqui. (Histericamente) Me tire daqui. Me tire daqui. Você não tem o direito de me prender. Quero sair! Quero sair! Me tire daqui.

            A partir desse ponto o professor acredita que o aprendiz está desacordado ou morto devido aos impulsos elétricos aplicados até agora, pois ele não responde mais as perguntas ou reage aos choques, porém o cientista instruiu o professor para classificar o silêncio como uma resposta errada e continuar aplicando os choques.

# 345-435 volts: (Silêncio)
# 450 volts: (Silêncio)
# 450 volts: (Silêncio)
# 450 volts: (Silêncio)

                Em algum ponto da experiência os participantes, fazendo o papel de professor, começam a questionar o teste, na maioria dos casos quando a potência dos choques chega a 135 volts. Se em algum momento eles decidirem parar de aplicar os choques e checar as condições do aprendiz então o cientista tentará persuadi-lo para continuar usando quatro frases:
 
“Por favor, continue”

Havendo uma 2ª resistência, o cientista dirá:
“É necessário que você continue”

Havendo uma 3ª resistência, o cientista dirá:
“É absolutamente essencial que você continue”

Havendo uma 4ª resistência, o cientista dirá:
“Você não tem escolha. Você deve continuar”

            Se o participante decidir parar depois destas quatro frases de persuasão do cientista então a experiência é terminada, caso contrário, ela continuará até a voltagem máxima de 450 volts a ser aplicada três vezes.
Antes de a experiência ser realizada, Stanley Milgram, fez uma pesquisa com vários mestres em psicologia e pediu que eles tentassem prever o resultado dos testes. Todos eles acreditavam que o percentual de pessoas que aceitariam ir até o final (450 volts) seria de máximo 1%, porém, ao fim dos testes verificou-se que mais da metade (65%) das pessoas foi até o final.
A conclusão de Milgram foi que quando as pessoas estão recebendo ordens e de que alguma maneira sabem que não serão responsabilizadas por seus atos, elas tendem a praticar ações que vão além de seus valores morais. Muitas pessoas testadas confessaram posteriormente que só continuaram porque não se sentiam responsáveis pelos choques dados no aprendiz; na sua concepção o único culpado era o cientista que a estava instruindo a fazer aquilo. Outro padrão de comportamento percebido durante os testes é que as pessoas tendem a questionar menos as ações se o nível de simpatia com a vítima for menor.

            Então vemos que nesta pesquisa ainda somos os mesmos seres que não sabem ou não optam por uma posição mais humana que seria uma tendência natural e esperada de todos! Outros dados interessantes desta pesquisa são:

Em todas as vezes que o experimento foi reproduzido, desde o original em 1963 até o mais recente em 2009, o percentual de mulheres que aceitou ir até o final (73%) sempre foi maior que o percentual de homens (65%).
            Charles Sheridan e Richard King reproduziram o experimento em 1972 usando uma vítima de verdade: um filhote de cachorro. Neste teste todas as mulheres foram até o final, às seis pessoas que desistiram eram todos homens.
            Na última vez que o experimento foi reproduzido, em 2009, pelo canal britânico BBC, a estudante de biologia, Emma, 19 anos, é filmada sorrindo diversas vezes enquanto dava os choques na vítima da experiência.

            Como podemos ver as mulheres estão sujeitas a serem mais cruéis e questionarem menos suas ações! Isto por que ao longo do processo de evolução as mulheres sempre estão sujeitas a obedecerem às ações do grupo. Questionar em muitos casos levaram as mulheres a serem agredidas, mesmo em nossa era atual as mulheres ainda são vitimas de violência doméstica e isso fez com que elas como proteção obedecesse às ordens sem questionar. Já no caso dos homens a figura de um líder tende a ser obedecida mesmo questionando o que está sendo realizado. Há uma frequente crença no homem de que obedecer aos seus lideres visa à proteção e segurança no grupo. Em ambos os casos a vitima é apenas um ser que pode enfraquecer o grupo por isso a importância de se punir o fracasso é vista como algo benéfico para melhoria do grupo.

            Em outra experiência podemos ver um lento, mas notório aspecto de evolução no comportamento humano onde já está introduzida a importância do dinheiro em nossa sociedade, é o:

            Experimento do Aprisionamento de Stanford
 
Este experimento foi um marco no estudo psicológico das reações humanas estando estes em cativeiro. Foi conduzido em 1971, por um time de pesquisadores liderados por Philip Zimbardo. Voluntários faziam os papéis de guardas e prisioneiros, e viviam em uma prisão "simulada". Contudo, o experimento rapidamente ficou fora de controle e foi abortado. Em teoria a proposta era a desindividualização, que argumenta que os indivíduos de um grupo coeso constituindo uma multidão, tendem a perder a sua identidade pessoal, consciência, senso de responsabilidade, alimentando o surgimento de impulsos anti-sociais. Este processo foi analisado pelo experimento realizado no verão de 1971 no porão do Instituto de Psicologia da Universidade de Stanford, em Palo Alto, onde foi fielmente reproduzido o ambiente de uma prisão.
Nesta experiência os grupos foram divididos entre Prisioneiros e Guardas... para encurtar um pouco a história a simulação foi feita com os grupos caracterizados e haveria um pagamento no final da experiência. Com a ajuda da policia local os sorteados como prisioneiros foram presos diretamente em suas casas, foi lido seus direitos e anunciado seus supostos crimes como numa situação real. Os prisioneiros não teriam direito a nenhum privilégio enquanto os guardas poderiam sair ir para casa e voltar como se estivessem mesmo trabalhando em uma prisão. As únicas instruções foram passadas pelo próprio Zimbardo no seguinte discurso:

            "Vocês podem gerar nos prisioneiros sentimentos de tédio, de medo até certo ponto, transmitir-lhes uma noção de arbitrariedade e de que suas vidas são totalmente controladas por nós, pelo sistema, por vocês e por mim, e não terão privacidade alguma... Nós vamos privá-los de sua individualidade de diversas maneiras. De um modo geral, isso fará com que eles se sintam impotentes. Isto é, nesta situação nós vamos ter todo o poder e eles nenhum. - do vídeo "The Stanford Prison Study".

            A situação ficou fora de controle logo no começo!

            Os prisioneiros sofriam, e aceitavam tratamentos humilhantes e sádicos por parte dos guardas, como resultado, começaram a apresentar severos distúrbios emocionais. Após um primeiro dia relativamente sem incidentes, no segundo dia eclodiu uma rebelião. Guardas voluntariaram-se para fazer horas extras e trabalhar em conjunto para resolver o problema, atacando os prisioneiros com extintores de incêndio e sem a supervisão do grupo de pesquisa. Seguidamente, os guardas tentaram dividir os prisioneiros e gerar inimizade entre eles, criando um bloco de celas para "bons" e um bloco de celas para "ruins". Aos prisioneiros foram feitos a proposta de saírem do experimento, mas não receberiam pagamento algum! 

Com isso nenhum deles saiu!

A experiência que foi idealizada para durar 15 dias, mas terminou em 6 dias!

Maiores detalhes vocês podem encontrar na internet sobre todos estes experimentos.

            O que observamos em tudo isso é que o ser humano que se considera tão livre de suas ações não passa de um ser manipulado por ideias e ações que muitos casos podemos comparar com o comportamento de animais.

            O dinheiro faz com que o homem se sujeite a humilhação enquanto o poder o faz trabalhar até mesmo de graça só pelo prazer de humilhar.

            É como acontece na maioria dos crimes reais em nossa sociedade, quase toda violência não passa de ações gratuitas por somente desejar humilhar o outro. Os prisioneiros deste último experimento viam os guardas como sendo pessoas maiores e mais fortes, embora este não fosse o critério para escolher os guardas e mesmo em situação de humilhação o ser humano se sujeita a aceitar, crendo haver uma recompensa no fim de tudo.
           
            É o que acontece com pessoas que se unem em grupos religiosos. Elas aceitam a imposição dos lideres, agem sem total consciência de suas ações e ficam presas a uma suposta recompensa que virá sempre no futuro se forem obedientes.

Também por haver uma promessa de uma recompensa e de uma justiça que não está neste mundo, as pessoas aceitam serem humilhadas, a passarem toda sua vida como empregados em serviços que não lhe trás nenhuma satisfação, mas havendo a recompensa do dinheiro as pessoas se limitam a ser um ser que de certa forma foi à imposição da sociedade que lhe sujeitou a isso.

            Como no caso da pessoa sem muita instrução aceita ter um emprego onde não se exige uma responsabilidade maior, como faxineiro, por exemplo, então a pessoa passa toda sua vida acreditando ser este seu único papel na sociedade.

            Obediência é sempre mais aceita quando as pessoas se vêem em situação melhor, como nossos guardas, ao impor sua autoridade sobre o outro ou como o “professor” no experimento de Milgran, vivemos este ciclo constantemente sem se dar conta que:

            Estamos vivendo em um mundo de paradigmas criados por aqueles que de certa maneira se sentem no direito de agredir o outro, como nossos macacos ou nossos viajantes zombadores.

            Aceitamos as regras impostas mesmo que estas regras possam ferir nossos semelhantes, como na experiência de Milgram.
           
            E vemos independente de sermos ou estarmos em uma situação favorável, alguma vantagem em agir ou até mesmo de não agir quando há uma promessa de se obter alguma vantagem, seja financeira ou vantagem moral, pois de alguma maneira imaginamos haver alguma recompensa no final.

            O titulo de toda essa questão é que há realmente alguma Poderosa Força no Poder?

            Como podemos Dominar nosso próprio desejo sem termos ou estarmos sujeitos a influências externas?

            Bom, a questão é bem simples, porém nosso cérebro não está treinado a viver fora destes padrões sociais e de certa forma animalescos. Somos sim animais, porém cremos que temos algo superior ao nosso ser, ao nosso próprio eu. Temos uma capacidade quase que infinita para sair destes padrões, o que precisamos mesmo é encontrar longe de paradigmas, de ideias impostas e de crenças em recompensas seja elas quais forem, encontrar nosso verdadeiro e real SER!

            Quando você se livrar de ideias como ter uma profissão, ganhar dinheiro, obedecer e seguir a vida dentro da forma que lhe foi imposta seja pela sociedade em que você vive ou por formas e espelhos onde você é apenas reflexo de outro ser, então encontrará o seu verdadeiro eu em suas ações e em seu caráter. O ideal para você dominar seu poder é simplesmente observar o seu querer, se o que você quer é o que você realmente quer então este seu querer é você. Não precisa ofender e nem querer se achar superior aos outros ou se colocar inferior a ninguém, siga seu caminho, continue sua viajem, verifique em suas ações se tudo está em ordem, se os seus pensamentos são realmente os seus pensamentos e não a vontade de alguém ou algum paradigma que você está seguindo, se a ordem que você está colocando em sua vida não compromete e nem ofende ou agride a sua vida ou a do seu semelhante.

            Seja verdadeiro com você mesmo!

            Veja se a humilhação que você está passando não foi causada por você mesmo, ou se as suas vitórias foram suas buscas e sua real direção ou ponto onde você quis chegar, só assim as poderosas forças que você tem te levarão a ter o poder:

            O poder do seu próprio existir!


No link a seguir podemos ver como nossa mente opera e porque aparentemente batalhamos contra a gente mesmo por causa das diferentes formas de trabalho de nosso cérebro:


Vale a pena ver para não sermos macacos, ou apenas obedientes e muito menos vilões ou heróis de uma prisão criada por nós mesmos!


Se de fato zerarmos nossas crenças vamos descobrir que todos nós precisamos saber mais sobre como podemos realmente nos tornar Humanos.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Sobre a Sexualidade Humana.


Delta 4
            Você definiria toda sua vida, tudo que você é como faz ou como deixa de fazer, seu modo de agir e de pensar, seu jeito de falar e se comportar, tudo isso por causa de 10 segundos?

            Parece que a primeira resposta que vem a mente é: _-Claro que não!

            Entretanto tudo que você é ou faz, indica a sua personalidade, suas escolhas e seu modo de lhe dar com elas fazem parte do seu ser, e nisso há um objetivo comum em todo ser humano que é a necessidade de se relacionar, não só socialmente como também fisicamente, e é neste momento que definimos nosso ser por algo que dura cerca de 10 segundos, isso mesmo, 10 segundos!
      
      Bom! Não estou sendo tão especifico, falando mais profundamente: uma pesquisa realizada pelo sexólogo alemão Rolf Degen, para descobrir a duração média de um orgasmo entre os seres humanos, e apontou que há grandes diferenças entre homens e mulheres, em média o tempo do orgasmo feminino dura 1,7 segundos já o orgasmo masculino 12,4s. Em média uma mulher passa cerca de 1h24s durante toda a sua vida em estado de êxtase e o homem experimenta 9h18s de orgasmo no total.

            No entanto, vamos aqui estabelecer uma visão mais simplista e considerar que todos em média têm 10 segundos de “puro estase” no momento sexual. É o ápice deste momento, e por causa destes 10 segundos pessoas se unem e formam famílias, ajudam um ao outro, estabelecem uma relação entre o que elas possuem e o que pertence em comum entre ambos, sentimentos existem, até uma relação de posse do outro em muitos casos é exigida, o “ato sexual” também trás a tona a existência de outro ser (dentro da heterossexualidade) entre ambos e este é como se fosse um “bem comum” para os dois, até a lei obriga a ter em um documento o nome do pai e da mãe, e tudo isso por que em um breve 10 segundos você teve seu objetivo atingido! O estase da relação sexual.

            Chega ser meio assustador pensar que por causa deste mínimo momento você definiu toda sua vida, tudo que você é e até suas escolhas são (biologicamente falando) atingidas em um pequeno breve momento. Até o fato de você existir vem deste pequeníssimo momento...

            E é claro que isso não é de fato visto como o único propósito na relação sexual existe as chamadas preliminares, no entanto estas só duram em média 16 minutos. O próprio nome “preliminares” já indica que é algo que antecede um fato ou um propósito, mesmo assim o fato que ocorre contando com as preliminares tem ainda uma duração muito pequena para definir toda nossa postura perante a vida.

            Fica claro perceber que “só isso” não deve ser algo que sirva para definir toda nossa existência, mesmo que de fato seja!

            Como somos e como agimos demonstra nossas “preferências sexuais” e pelo nosso modo de ser atraímos outro ser a desejar ter relações conosco. Isso por si só já estreita as possibilidades de relacionamentos, pois nossas preferências sempre excluirão outras possibilidades...

            Mas por que nos empenhamos tanto em formar uma imagem para definir nossas escolhas que acabaram acarretando em um fato que de fato dura apenas alguns minutos?

            Biologicamente se diz que: a necessidade de perpetuar a espécie!

            Bem, a natureza não parece ser tão pratica assim, porque permite que nossas escolhas nem sempre sejam para fins de reprodução.

            O mais estranho é notar que a natureza de todos os seres realiza um enorme esforço apenas para um evento que tem duração de apenas alguns segundos...

            As plantas desenvolvem flores, com diferentes cores e odores, para que um pequeno ser vivo venha e por um instante as fecundem; o pavão desenvolve uma linda plumagem, apenas para ter o consentimento da fêmea por um ato que dura apenas alguns segundos... Bem, o propósito aqui é falar “sobre” (no sentido de acima) a sexualidade humana, só que fazemos parte de toda esta natureza também e para entender a nossa precisamos entender suas origens... Existe hoje neste planeta cerca de 9 milhões de espécies de seres vivos, todos em constante mutação e com certeza a reprodução sexuada trouxe toda esta possibilidade de variações entre os seres, contudo convencer o  outro da sua capacidade de reprodução é algo de extremo dispendioso para vida, custa ao ser toda a caracterização de como ele é.

            Examinando apenas o que fica de tudo isso: é que todos nós, seres vivos, acabamos escolhendo (de certa forma) o comportamento que irá prevalecer em nossos descendentes, portanto as escolhas que fazemos num breve momento determinam toda nossa potencialização do que irá prevalecer no futuro, embora não tenhamos plena consciência disso; a sensação de felicidade ou de prazer acaba sendo assim um medidor de valores que devem perpetuar dentro da espécie.

            O fato de não termos plena consciência de como e por que a natureza desenvolveu estes mecanismos, nos leva por fim acreditar que toda a sensação de prazer ou felicidade é válida e deve ser vivida.

            Isso acaba fazendo com que tenhamos a crença de que somos “donos de nós mesmos” (realmente somos) para ser, fazer e viver como bem entender e sentir viver em função do prazer ou da felicidade, isso é visto como um objetivo comum para todo ser humano.

            Ai é que nos perdemos em nós mesmos!

            Quais seriam os limites desta busca, (do prazer e da felicidade) e será que há limites?

Físico e emocional

            Já mencionei em outro artigo (http://reflexhuman.blogspot.com.br/2014/02/principio-da-progressao-continuada.html) uma experiência realizada com ratos, e até (acabei falando mais sobre sexo neste artigo) sobre outras experiências, mas pra não repetir o assunto vou trazer aqui outras pesquisas realizadas com ratos também:

            Em um estudo realizado pelo neurocientista Barry Everitt e sua equipe da Universidade de Cambridge, treinaram ratos machos para pressionar uma barra e ter acesso a uma fêmea sexualmente receptiva em uma câmara. Depois que os animais machos aprenderam a tarefa, os cientistas interferiram no funcionamento de uma determinada região do cérebro e devolveram os animais ao local. Os ratos com lesão cerebral continuaram a pressionar a barra e ter acesso às fêmeas, sugerindo que ainda às queriam (sentiam desejo), mas quando uma fêmea se aproximava eles não conseguiam copular. No entanto, após terem uma amígdala danificada, ocorreu o contrário: os machos não mais pressionaram a barra para ter acesso às ratas (o desejo se foi), mas se uma fêmea era apresentada eles tentavam copular novamente. Everitt e sua equipe concluíram que desejo sexual não tem relação direta com o desempenho sexual, ou seja, é indiferente se o ser sente desejo, mas não tem um bom desempenho, embora possa ter um bom desempenho e mesmo assim pode não sentir desejo.
            Nesta pesquisa fica claro que o cérebro tem um papel importante no desejo e na intenção sexual, o que indica que não somos feitos para “Ser assim” e sim acabamos nos tornando assim (mais detalhes em A identidade Sexual neste mesmo artigo). Os pesquisadores ainda fizeram experiências administrando anfetaminas (uma droga que aumenta a dopamina) em uma região do cérebro dos ratinhos machos com a amígdala lesionada e os roedores voltaram a pressionar a barra para ter acesso às fêmeas, o que indica que o incremento na área de recompensa do cérebro compensou a falta da função da amígdala. A dopamina no centro de prazer do cérebro dos ratos também aumenta naturalmente depois que eles visualizam uma fêmea receptiva.
            As fêmeas dos ratinhos também surpreenderam ao mostrar que a dopamina envolvida na região de recompensa do cérebro, ligada à sensação de prazer, está envolvida na resposta para a cópula. Se houver algum problema nessa área, as fêmeas rejeitam os machos mais freqüentemente do que quando tem um circuito de recompensa intacto, o que evidência que há intenção na fêmea em encontros sexuais. Os pesquisadores descobriram que, para ter acesso a um macho, as ratas corriam até por uma cerca eletrificada, isso contraria a crença de que elas desempenham papel passivo na cópula. 
            Ao que tudo indica, não é o “ser assim” e sim a forma com que o ser se governa faz com que este tenha suas funções voltadas para ser de uma forma ou de outra, A dopamina é uma substância química liberada pelo cérebro que desempenha uma série de funções, incluindo prazer, recompensa, movimento, memória e atenção, causando satisfação ao se conseguir algo, nos faz sentir felizes. É no nosso cérebro que está à tradução daquilo que nos faz bem e quando repetimos as ações que nos faz bem, dentro de certas variáveis, nosso cérebro traduz isso liberando dopamina e gerando assim a sensação de felicidade, então quando repetimos isso variavelmente, independente do que for estamos ganhando dopamina e isso pode gerar um ciclo vicioso.
            Em outro experimento, cientistas davam regularmente bananas para macacos, o que liberava dopamina. Após algum tempo ganhando regularmente as bananas, os cérebros dos macacos não liberavam mais dopamina com as bananas. Então os cientistas pararam de dar bananas aos macacos e estes passaram a liberar cortisol (responsável pelos sentimentos ruins), ou seja, após algum tempo exposto a um mesmo estímulo que libera dopamina continuamente, o nosso cérebro passa a não recompensar com a mesma sensação de prazer, mas ao tirar este estímulo sentimos uma sensação ruim. Isso funciona como na frase ‘‘só damos valor quando perdemos’’.

            Isso é muito semelhante ao nosso aprendizado inicial de nossa infância, quando recebemos um brinquedo novo ficamos extremamente felizes, mas depois de brincar por um tempo a sensação boa causada pelo brinquedo acaba, no entanto, ao quebrar o brinquedo, por exemplo, ficamos tristes e frustrados com o fato. O que indica que nossa mente está sempre voltada ao estimulo inicial, mas depois de um tempo este estimulo perde aquele potencial emocional que tivemos de inicio, isso porque a nossa própria existência exige um crescimento continuo de novas experiências. E como acontece quando ao levamos um susto com algo inesperado (veja o artigo: http://reflexhuman.blogspot.com/2014/07/pistantrofobia.html) isso aumenta a atividade cerebral devido ao fato de necessitarmos de uma resposta para o evento, mas com o tempo, pela compreensão do evento deixamos de nos assustar e assim a mente não dispara o gatilho da necessidade de busca de uma resposta... A mente é um órgão que empenha uma função, de gerar compreensão e retornar com outra função, seja uma resposta verbal ou uma reação, e isso é feito através das emoções e estímulos recebidos, gerados ou correspondidos. O que não implica em uma necessidade constante, de um estado constante de alerta emocional, implica em termos um pequeno gatilho (momento) para este ou aquele evento que depois de registrado ganha assim uma identidade emocional.

Psíquico

            Sigmund Freud (pai da psicanálise) em seu método de estudo dividiu a mente em três estruturas principais:

Superego: É a parte da mente responsável pelo controle do que podemos e do que não podemos é o nosso senso “moral”.
Ego: É a característica que apresentamos o nosso ser quanto ao ser em si.
Id: Nosso instinto mais primitivo é o que age segundo as informações emocionais (pulsão) que trazemos em nosso ser.

No meu livro “Só por Ele!” o paciente (personagem principal) apresenta estas três características de si mesmo separadas do próprio ser. O seu superego assume a figura da mãe: esta é capaz de sacrificar seu próprio filho para se sentir segura, agindo sempre preocupada com o futuro; já o ego vem sobre a figura do pai, age sempre motivado pela mãe e tem poder sobre o filho, suas atitudes estão ligadas ao presente; o id é o próprio personagem (filho) que baseia seus sentimentos em experiências do passado. Nestas figurações temos:

Mãe
Pai
Filho
Superego
Ego
Id
Consciência
Subconsciente
Inconsciente
Futuro
Presente
Passado
essencialismo
Behaviorismo
Hedonismo






Burrhus Frederic Skinner, psicólogo, criador do Behaviorismo radical, em sua proposta, ele estudava os seres e seu comportamento através de tentativa e erro para obter uma recompensa. A Caixa de Skinner, assim chamada, é o local onde se faz estas observações. Por basear o comportamento dos seres perante a ação, ou seja: no presente, as respostas obtidas possuem por sua vez características hedonistas.

            O hedonismo é ideia que baseia o prazer individual e imediato como o único bem possível (por isso é manifestação inicial do id), capaz de satisfazer o indivíduo e leva-lo a felicidade. Isso nos arremete a indagação inicial deste artigo onde definimos nosso ser a toda a nossa existência por causa de uns poucos instantes.

            Dentro de nosso ego, na ação presente, tendemos a repetir o comportamento premiado, ou seja: que recebe recompensa, por isso independente de nossa educação (moldada no superego) a pulsão, que é o comportamento energético que direciona nossos desejos, diferente dos instintos, que é a ação aprendida por experiência... Para entender melhor vamos a um exemplo:

            A criança tem no inicio de sua vida o desejo (id) de querer andar, é a pulsão energética para adquirir o comportamento de andar, quanto que o instinto só ocorre quando a criança já sabe andar e pra isso aciona o gatilho: desejo, com o aprendizado “saber andar” e por instinto ela anda sem a necessidade de pedir ao superego a concentração de suas energias para poder andar, basta apenas à solicitação do ego.

            ...Age sobre o ser, criando assim um ciclo de repetição do feito benéfico.

            Skinner queria saber se a superstição é uma pulsão comum a todos os seres gerando assim um comportamento instintivo. Para isso ele colocou uma pomba na caixa de Skinner e simplesmente observou o comportamento da ave que recebia uma porção de ração sem a necessidade de acionar alguma alavanca. O alimento era servido em intervalos regulares ou aleatórios e as pombas começaram a repetir certos comportamentos como se ao repetir o ato de mover a cabeça de um lado para outro, por exemplo, fosse responsável pela recompensa. Assim Skinner mostrou que independente da cultura ou de qualquer outra forma de ensinamento (educação) os seres tendem a crer que eles são responsáveis por aquilo que recebem do ambiente, isso demonstra que a ação da consciência (superego) nem sempre é responsável pelo comportamento operante (assim chamado por Skinner)

Incluso na Sexualidade

            Agora vamos aplicar tudo isso a sexualidade humana.
            Como vemos, não há na natureza algum mecanismo que impõe algum limite para sentir prazer ou felicidade, o que pode ser observado é que fisicamente existem mecanismos biológicos, como a identificação de certas regiões no cérebro, que por natureza, regulam as funções físicas, as emoções e ainda reforçam a repetição de certos comportamentos pelo fato de haver uma necessidade de interagir com o ambiente no qual o ser se encontra. Isso demonstra que não somos feitos pra ser de uma forma ou de outra, adquirimos através das emoções, as informações referentes ao mundo exterior, e a partir destas informações moldamos nosso modo de ser (hedonistas), geralmente voltamos nosso jeito de ser a forma que nos trás maior satisfação e reconhecimento, como por exemplo: o ato de fumar é uma característica individual, muitas vezes confundida com egoísmo, na realidade trata-se da busca por satisfação pessoal; ou uma menina que se vê dançando, imitando o modelo adulto, ao receber atenção a criança passa a repetir tal habilidade, pois a satisfação causada pelo reconhecimento lhe trouxe a sensação de prazer e felicidade, fazendo com que esta criança molde o seu ser a ser assim (uma dançarina) é a pulsão levando a essência á buscar uma identidade.

            Agora vamos olhar para realidade da sociedade na qual vivemos:

            Hoje em dia temos argumentos que circulam dentro de nossa sociedade que valorizam até mesmo o comportamento agressivo:

            _- Eu sou assim e ninguém me proíbe de ser como eu sou...
            _- Que mal tem de ser assim...
            _- A vida é minha eu faço o que eu quiser com ela...
            _- O corpo é meu e eu faço o que bem quero com ele...

            Fica então a questão:

            Se não nascemos para ser assim ou assado, afinal somos fruto do ambiente em que vivemos e interagimos com as emoções que este ambiente nos causa, como saber já de antemão quem somos?

            Se um pensamento errôneo for promulgado dentro do convívio social, este pensamento nos leva a ter certos comportamentos, e na natureza não há nada que impede o nosso comportamento, assim sendo a identidade sexual pode ser moldada pela interação com o ambiente em que vivemos e a forma com que traduzimos nossas emoções leva ao prazer ou ao repudio de outros comportamentos.

O relatório Kinsey

            Entre 1948 e 1953, Alfred Charles Kinsey elaborou um longo estudo sobre a sexualidade humana, conhecido como Relatório Kinsey, este relatório foi muito usado para promulgar e apoiar a diversidade do comportamento sexual humano, o que muita gente não sabe é que em sua pesquisa Kinsey não buscou esses dados de forma aleatória, visando ter uma informação diversificada, ele pesquisou 11.240 indivíduos (5.300 homens e 5.940 mulheres) entre os quais ele se concentrou na população branca, e de determinados locais dos EUA, muitos dos quais eram presidiários (presos por algum crime sexual). A maior parte da amostra homossexual consistia de delinquentes. Inclusive, um dos coautores do estudo era Wardell Baxter Pomeroy, psicólogo da prisão do Estado de Indiana. Teriam sido feitas entrevistas com cerca de 8.603 homens, mas apenas 5.300 foram aproveitadas. Seria uma seleção de dados, para direcionar os resultados?
O próprio Kinsey teve relacionamentos homossexuais com seus colaboradores e inclusive apoiava que sua mulher também tivesse relacionamentos com eles.
            Kinsey defendia que todos os comportamentos sexuais considerados anômalos são na verdade normais, ao mesmo tempo afirmou que ser exclusivamente heterossexual é anormal!
Ele acreditava que a heterossexualidade é provocada pelas inibições culturais e de condicionamentos sociais, contrários à natureza do homem. Em sua opinião afirmava que os cristãos herdaram o comportamento sexual quase paranoico dos judeus.
Kinsey também apresentou dados sobre comportamento sexual juvenil, orgasmos em crianças e adolescentes, supostamente obtidos ao entrevistar pedófilos, como Rex King e o ex-oficial nazista Fritz von Balluseck. Sem falar que há varias acusações de que ele teria promovido aos pais ter relação com seus filhos e ainda marcar o tempo com que as crianças chegam ao orgasmo!
Quarenta anos depois deste relatório, durante os quais se deu crédito aos dados publicados por Kinsey, cientistas de vários países demonstraram a falsidade das conclusões do relatório e a falta de uma visão mais científica.

Muitos psicólogos ainda falam que cerca de 10% da população mundial é homossexual, sendo este numero baseado neste relatório. Até hoje este mito dos 10% persiste em ser dito para defender a homossexualidade humana.

            As consequências mais visíveis deste relatório são ideias como a separação entre a atividade sexual e a procriação; o exercício da sexualidade fora do matrimônio, o chamado “amor livre”; e a separação entre a atividade sexual do amor. Estas ideias são levadas em conta quando se tomam decisões sobre políticas de saúde sexual, ou reprodutiva, e continuam sendo parte do conteúdo dos programas educativos em relação sexualidade em todo o mundo.

Como Identificamos

                                                           A criança é o pai do adulto.
Sigmund Freud

Freud causou muita polemica ao dizer que a identidade sexual começa assim que nascemos em seu estudo, ele relata que o primeiro contato sexual do bebê se da através dos seios da mãe (fase oral), esta fase dura até o primeiro ano de vida,
A segunda fase é anal, que vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida. Neste período as pulsões se dirigem ao ânus, ao controle da tensão intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender a controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. O defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos ataques de raiva; já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a uma tendência ao caos, ao descuido, à bagunça quanto a uma tendência a uma organização compulsiva e exageradamente controlada. Ao contrario do senso comum que pode achar que esta fase é voltada a descobrir a penetração, na realidade está envolvida no controle das próprias emoções, já na próxima fase (genital) está envolvida no entendimento da própria diferenciação sexual que é quando a criança descobre ser diferente do pai ou da mãe, esta fase vai dos três aos cinco anos de vida.

Todas estas descobertas são importantes para o desenvolvimento das emoções e do entendimento do próprio adulto, por isso que na psicologia o relato da infância pode trazer um melhor entendimento do ser adulto.

Em uma sociedade onde a constituição familiar é cada vez mais “livre” das convenções comportamentais, estamos gerando crianças que nem tem como identificar suas fazes, que fossem naturais de serem vividas. Por exemplo:

Na fase oral, ao invés da criança ter contato por mais tempo com a mãe, usa-se a chupeta!
No período anal, ao invés da criança aprender o momento de defecar, usa-se fralda!
No período de descoberta do seu próprio sexo, usa-se a escola, o professor e a própria criança em um estado coletivo de identificação.

Vemos ai, que a vida em sociedade quebrou um ciclo de descoberta e aprendizado que é natural em todos os outros seres vivos... As mães por não poderem estar com seus filhos no peito por mais tempo oferece a criança um artifício; (já vi mulheres dizendo que a criança usa o peito como chupeta, sendo que é a chupeta que está substituindo o peito) ao invés de ensinar a criança a ter um controle intestinal, deixa a criança livre pra fazer no momento que quiser usando fralda; e muitos pais ao invés de ensinar a criança que o seu sexo é o seu intimo, ou seja, próprio da sua pessoa, que está ligado ao seu próprio ser e a forma com que este irá ser no futuro e se relacionar com as pessoas mais próximas, acabam debatendo isso de forma livre e diante de todos, tirando assim o lado pessoal e levando ao coletivo...
Fica então a própria criança, que não aprendeu o valor da afetividade, que de certa forma pode ser substituída até por um objeto (chupeta), que não aprendeu a controlar suas pulsões (usando fralda), deixando aberta a aquisição dos instintos e ainda colocando o seu “eu” como sendo algo comum e coletivo, sem uma identidade interna e pessoal.

Com todos estes defeitos nas etapas de criação do ser humano e dentro de uma sociedade onde o gênero, que é somente dois, passou a ser visto de forma tão diversificada (Em um noticiário vi que em alguns países o facebook permite cerca de 50 escolhas de gêneros) será que estamos mesmo sendo livres, ou apenas perdidos em nossa própria identidade?

O psicólogo Paul Bloom, em sua obra How Pleasure Works (como o prazer funciona) fala que o ser humano vem desenvolvendo uma capacidade que ele chama de essencialismo, trata-se de atribuir aos objetos ou até mesmo as idéias, valores que na realidade não existem. O prazer na realidade trata-se do nosso julgamento sobre um objeto ou pessoa com a qual interagimos, em suas palavras:

"Mesmo nos prazeres mais animalescos, somos influenciados por aquilo em que acreditamos.”

Na filosofia o essencialismo remete para a crença na existência das coisas em si mesmas, não exigindo qualquer atenção ao contexto em que existe, a qualidade de uma coisa (ou a ideia) recebe total confiança por ter aprovação maior.

            Em suma é o contexto com que algo é apresentado que o torna apreciável ou desagradável isso indica que não nos baseamos em nossos próprios valores e sim seguimos os modelos que nos são apresentados e assim damos a estes os nossos valores.

            Como ter um tênis de marca, ou uma roupa de grife, são conceitos atribuídos em nossa sociedade, o prazer atribuído em ter um tênis ou uma roupa “cara” não está diretamente ligado aos objetos e sim no fato de direcionarmos nossas atenções aos objetos. A arte, por exemplo, valorizamos um objeto artístico pelo valor considerado que um artista tem, mas desprezamos o mesmo objeto se for dito que é uma réplica.

            “Portanto nossos valores são identificados por nossas considerações, agora imagine que a cada dia vemos a sociedade desvalorizando o relacionamento conjugal, principalmente dentro da heterossexualidade, e valorizando o chamado “Amor Livre” isso indica que temos uma sociedade voltada para os valores hedonistas e para o essencialismo, menosprezando a própria aquisição cultural, que foi adquirida ao longo de muito tempo, e valorizando idéias supersticiosas, como achar que: somos donos de nós mesmos!

            Como já disse: realmente somos... Mas quem é que conhece toda a natureza que envolve a criatura humana?

            Fica a dúvida se estamos agindo por consciência ou somente pela pulsão de nossos sentidos mais primitivos, e vivendo em uma sociedade onde cada um procura agir de uma forma, acabamos ‘achando’ que pelo agir desta ou de outra forma é o que vai nos fazer felizes!

            Assim assumimos o risco de viver tamanha diversidade sem saber quais são os limites de como viver com nossa própria identidade.

A identidade Sexual

Liberdade! Um bem tão precioso que pra isso a humanidade já realizou guerras, conflitos e até se cria fronteiras para que a partir daquele local a língua passe ser outra, o dinheiro a cultura... Hoje estamos vivendo uma nova evolução de libertação, a liberdade sexual. Cada um escolhe o seu modelo de relacionamento sexual que deseja ter, seja heterossexual, bissexual, homossexual... Fica a dúvida se há um limite para tanta liberdade ou será que todas podem e merecem serem vividas?

A imagem ao lado é do Conjunto de Templos de Khajuraho na Índia. Foram construídos ao longo de cem anos, desde o ano 950 até ao ano 1050, Na época áurea da cidade, contavam-se mais de 80 templos Hindus, dos quais apenas 22 se encontram em estado de conservação. São um exemplo da ligação entre a religião e o erotismo. A primeira vista podemos pensar que eles viviam em plena liberdade sexual, na realidade as imagens eróticas constam apenas de 10% de todas as outras imagens, algumas incluem até cenas de sexo de seres humanos com animais. O mais interessante é que todas as imagens são retratadas do lado de fora do templo enquanto que na parte interna não há nenhuma imagem.

            Acreditasse que a real intenção era que todos os pensamentos, inclusive os mais eróticos possíveis, eram pra serem deixados do lado de fora do templo, enquanto que na busca interior era preciso um estado de limpeza completa dos pensamentos do mundo exterior.

            Hoje em dia fazemos o contrario!

            Buscamos modelos exteriores e vinculamos estes ao nosso próprio eu. É um mundo onde tudo é valido e tudo pode ser feito e assim se diz:

            - O importante a ser feliz!

            Então, fica a questão: Quais são os limites?

Será que podemos mesmo ter relações sexuais com diferentes idades se relacionando entre si, com animais, ou com pessoas do mesmo sexo, ou do mesmo conjunto familiar?

Não é minha intenção debater aqui o certo ou errado, bom ou ruim, afinal como podemos ver através do essencialismo, cada um pode escolher seu objeto de valor ou até mesmo seu comportamento de maior estima ou apreciação, gostar de ser assim, seja como for, é de domínio de cada individuo, e como já disse acreditamos que somos donos de nós mesmos, só que há uma natureza maior que vem desde nossa filogênese (grupo familiar a qual uma espécie pertence), nossa ontogenia (forma com que cada individuo de uma espécie evolui dentro de seu grupo familiar) que como pode ser vista, não há um modelo pré programado para a melhor escolha, nosso genes apenas estabelece que tal grupo de comportamento têm mais chances de reprodução devido ao ambiente no qual vive, o que não significa que seja o melhor, a natureza não julga, seleciona como numa eleição, apenas passa adiante o conjunto que tem melhores probabilidades de sobrevivência e perpetuação. E como vimos por um instante às emoções vividas pelos seres são sempre válidas e repetidas através do desejo e do prazer de se ter aquelas emoções em nosso ser.

            Por menores que sejam nossas emoções elas acabam fazendo parte do nosso ser, o que não significa que devemos viver todas as emoções para escolher entre todas aquelas que você possa melhor se adaptar e vivenciá-la, somos seres individuais e por isso nossas escolhas são de posse do individuo, e exatamente por sermos indivíduos não podemos viver todas as escolhas que temos pra viver.

            Somos fruto de uma natureza que nos impulsiona a fazer, ser, ter, desejar, satisfazer e alguns de nossos impulsos já vem prontos para definir o que somos, cabe a nós aceitarmos esta natureza que já existe em nosso ser, sendo assim é a nossa identidade com a qual já nascemos. Em outros casos nem sempre podemos aceitar a imposição natural, pois podemos não estar, em essência, nesta natureza.

            Podemos assumir outra identidade que não seja a de nossa natureza?

            Sim podemos, mas isso não nos fará mais felizes ou mais satisfeitos, nos fará felizes e satisfeitos com a gente mesmo.

            Tanto o homem quanto a mulher fazem parte dos mamíferos, e ambos vão ter o toque da mãe, mas se esta natureza for substituída quais podem ser as conseqüências desta substituição?

Sem Identidade

            Em uma pesquisa feita pelo Dr. Harlow que se iniciou em 1930 e durou cerca de quatro décadas com macacos Rhesus em Madison, próximo de Chicago, ele retirou os macaquinhos das mães logo após o nascimento para obter um macaco, tipo padrão, sem influencia de outros macacos e descobrir qual comportamento poderia predominar nos primatas.  Para substituir a mãe ele usou dois modelos em diferentes aspectos, um era apenas um cilindro de arame com uma mamadeira e o outro o mesmo cilindro, mas sem a mamadeira e com um tecido felpudo, pra testar se a necessidade de alimento era maior que a necessidade de conforto, os macaquinhos mamavam nas mães de arame, mas preferiam ficar com a mãe de pelos depois de mamar, esta pesquisa é bastante extensa e foram realizados vários outros experimentos, os macaquinhos cresceram fortes e saudáveis, no entanto o dado mais interessante que me surpreendeu foi que, para continuar a pesquisa o Dr. Harlow colocou estes macaquinhos em outras jaulas formando casais para se reproduzirem e continuar suas pesquisas, mas os macacos não acasalavam, para tentar recuperar os macacos do seu comportamento anômalo ele introduziu-os em um ambiente natural em uma ilha no zoológico de Madison juntamente com outros macacos, depois de alguns dias um macho do grupo criado por Harlow se afogou e duas fêmeas se machucaram. Os testes de inteligência entre os macacos criados nas jaulas e os criados livres mostraram que a inteligência dos macacos eram as mesmas, a saúde física também, no entanto ao observar o comportamento percebeu que vários transtornos psíquicos foram gerados pelo isolamento.
            Para observar então quais eram as conseqüências em uma fase de isolamento total com novos macaquinhos os distúrbios de comportamento se revelaram ainda maiores, muitos machucavam as extremidades dos corpos ou chupavam os dedos das mãos e dos pés, ao tentar reintegrá-los ao convívio social a situação só piorou, se tornaram agressivos ou temerosos, sempre em forma de acessos súbitos, explosivos e sem sentido e sempre antes ou depois desses acessos de fúria, ficavam paralisados de medo, embora o macaquinho atacado nem chegasse a reagir, em outro acesso quase que suicida um macaquinho supervalorizando a si mesmo e atacou um macho forte de posição superior à hierarquia, comportamento jamais visto entre esta espécie de macacos.
            As fêmeas criadas assim só engravidaram por inseminação artificial e ao se tornarem mães algumas chegaram a matar seus filhotes apenas pelo simples fato do mesmo lhe erguer os braços lhe pedindo carinho. Filhos de mães criadas sem mães herdaram a mesma agressividade e tiveram os mesmos transtornos dos que foram criados em isolamento.

            Como vemos nesta pesquisa há muitas semelhanças com o comportamento humano de hoje em dia, pais que são capazes de matar seus próprios filhos, filhos sem a menor responsabilidade sobre si mesmo, sem noção de limites (como no caso do menino atacado por um tigre aqui no Brasil) e mães que não fazem a menor questão de cuidar dos seus filhos e em casos extremos além do abandono, são capazes até de matar.

            Para onde a liberdade está nos levando?

            Parece que nosso querido Kinsey em seu relatório desconhecia o que é realmente anômalo no comportamento dos seres e principalmente no humano.

Sendo humanos

            Geramos uma geração saudável e inteligente, mas sem uma identidade que fundi o amor com o intimo, o carinho com a afetividade, pois carinho não é apenas toque, é também uma aprovação que damos ao outro por sua existência e com ela nos fundimos e mostramos nossa adoração pelo seu existir.   Ser pai ou mãe é algo que ocorre em um breve momento, mas a responsabilidade com o ser que nasce vai por toda nossa existência. Somos a única espécie animal que continua a perpetuar uma ligação familiar com nossos descendentes até o fim de nossas vidas e esta responsabilidade é muito longa para ser definida por apenas alguns minutos do nosso existir. O prazer e a felicidade pode não estar naquele breve momento de fusão entre os corpos e sim na fusão de nossos ideais, de nossa procura e bem estar. O conforto de ser amado pode ser muito mais importante do que o alimento a mesa, ser pai ou ser mãe pode ser muito mais do que a obrigação exigida por lei, muito mais do que ter os nomes deles acompanhando nossa identidade, podemos acompanhar também seus bons exemplos, seu desejo de vê-los juntos pra sempre e se não teve isso em seu lar construa você mesmo isso no seu lar e saiba que o prazer e a felicidade podem não estar num bom desempenho ou somente no desejo realizado, está na valorização de algo que só se paga doando ao outro o seu próprio ser, o seu próprio existir, não só pelo prazer ou pra dizer que fez alguém feliz e sim por também compartilhar até o seu ser físico para que possamos ser não só completos, mas também plenos um com o outro e com os outros que virão depois de nós.

            Bem, como eu disse lá em cima, este artigo é pra falar sobre, no sentido de acima, a sexualidade humana, talvez você esperasse ler Sob a sexualidade ou até mesmo e somente da sexualidade em si, mas ao longo do estudo que fiz para escrever ‘sobre’ o assunto vi que esta visão separada para falar de algo que acontece em um pequeno intervalo de tempo em nossas vidas, que gera tanto assunto ao se olhar somente para este momento supervalorizando nosso empenho ou o prazer sentido. Isso não nos faz sermos melhores se fazemos de forma livre ou se reprimimos de forma pecaminosa, o que vale na vida não é viver bem um só momento, é viver bem todos os momentos e só podemos viver bem se conhecermos bem a nós mesmos para não corrermos o risco de sermos vitimas de nossas próprias falhas e dos desentendimentos de nós mesmos.

Até.
         
           


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