segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Principio da Progressão Continuada

       Delta 4

     É cada vez mais comum nas redes sociais palavras de individualismo e até de agressividade, como se fosse algo comum dizer, por exemplo:

            - A pagina é minha e posto o que eu quiser!
            - Eu escrevo do jeito que eu que bem quero!
            - Cada um cuida da sua vida!

            E assim parece que as pessoas se esquecem do significado de ter: Rede Social! Que nada mais é do que uma ligação entre as pessoas em busca de relacionamentos e compartilhamentos de informações, ou afinidades que lhe agradem, de poder estar em socialização com outras pessoas.

            A socialização trata do sentimento coletivo, da cooperação com outros seres e do compartilhamento de valores e objetivos comuns a todos. Mas, além disso, o que me chama a atenção é à forma com que isso vem progredindo e contaminando cada vez mais pessoas a ter este ou aquele tipo de comportamento.

            Sempre vi que há uma progressão nos seres seja ela para o bem ou até mesmo para o próprio mal do ser, mas sempre há um avanço continuo na forma e na evolução da personalidade...

Diagnóstico!

            Em 1954, o psicólogo americano James Olds realizou experiências com ratos para estudar o estado de alerta, ele colocou, por engano, eletrodos em uma área profunda do cérebro tida como responsável pelas reações emocionais, o sistema límbico, também conhecido como o centro das emoções.
            Os eletrodos estavam conectados a uma alavanca que permitia ao animal acioná-la sempre que desejasse e assim que acionasse receberia um estimulo elétrico em seu cérebro. Então, Olds verificou que o roedor passou a acionar o dispositivo freneticamente, como se a estimulação cerebral resultante lhe desse uma imensa satisfação, repetindo a experiência com outros ratos os mesmos resultados foram obtidos, sendo que alguns chegavam a acionar a alavanca de 4 a 5 mil vezes em uma hora. O prazer que obtinham devia ser de tal intensidade, que nem a fome nem os estímulos dolorosos conseguiam interromper o processo. Eles somente paravam de se auto-estimular quando vencidos pela exaustão.

            O que Olds descobriu com isso foram áreas cerebrais responsáveis pela sensação de recompensa!

            Em seres menos desenvolvidos em bom estado de saúde, existe o sentimento de recompensa se o ser se sente em segurança em seu nicho ecológico, está alimentado e sem sede e se mantém aquecido (melhor dizendo: termoestável) as sensações de recompensa são bem simplificadas, mas à medida que se sobe na escala zoológica, novas exigências se juntam às anteriores: satisfação sexual e reciprocidade afetiva; aceitação e posicionamento dentro do seu grupo ou família, sendo as duas últimas caracterizadas entre os mamíferos superiores e principalmente nos primatas. No ser humano existem ainda, pelo menos, duas coisas mais: reconhecimento social e estabilidade econômico-financeira.

            No entanto, entre os seres humanos, quando o baixo nível de dopamina nos neurônios já não se mostra suficientes para gerar sensações prazerosas ou de bem-estar o indivíduo passa então a buscar através de alterações comportamentais, em geral de natureza perversa, ou pelo consumo de certas substâncias químicas, o aumento da liberação de dopamina para o sistema límbico, mas a resposta é apenas temporária e a exigência de substâncias químicas ou pelas atitudes perversas necessita aumentar mais e mais para que o indivíduo obtenha, através de alguma sensação de prazer, por menor ou fugaz que seja o alívio para sua ansiedade ou depressão, nessa situação de caráter nitidamente compensatório,  e isso configura a:

“Síndrome da deficiência da recompensa.”
           
            Esta síndrome possui diversas outras características, tais como:

            Compulsividade e Obsessão!

              Características daqueles que abusam de substancias químicas licitas ou ilícitas como: álcool, cocaína, cafeína, nicotina (tabagismo) e até mesmo aqueles que abusam da alimentação como carboidratos (obesidade). Também os obsessivos e compulsivos tem comportamentos considerados estranhos para a sociedade ou para a própria pessoa; normalmente trata-se de idéias exageradas e irracionais de saúdehigieneorganizaçãosimetriaperfeição ou manias e rituais que são incontroláveis ou dificilmente controláveis. O transtorno obsessivo-compulsivo é considerado o quarto diagnóstico psiquiátrico mais freqüente na população, os sintomas causam incômodo e angústia aos pacientes e seus familiares.

            Impulsividade!
          
  Aqueles que importam com mínimas coisas ficando quase que escravos de uma reação agressiva, formando um ciclo vicioso. O impulsivo fala na maioria das vezes verdades sobre os outros, mas o problema é que sempre centra apenas na negatividade, na tentativa de punir, humilhar e destruir seu oponente. É bastante freqüente encontrar pessoas agindo e se arrependendo posteriormente, que têm consciência do que é certo ou errado, adequado ou inconveniente; que são até mesmo capazes de expressar verbalmente o que deveria ser feito em cada situação e que, apesar de todas estas capacidades, agem de forma oposta ou incompatível. Pra piorar, causam problemas a si mesmos, involuntariamente. Poucos conseguem absorver este tipo de ataque quase que inesperado dos impulsivos o que leva o ser a lembrar destes pela dor e sofrimento que despertou no outro, sendo que não tardará para que o sentimento de vingança assole totalmente o núcleo das relações entre os envolvidos. O problema do impulsivo não passa apenas pelo exagero, mas a pelo total despropósito diante de determinado fato ou evento. Para citar exemplos temos diversas situações cotidianas em nossa sociedade: àquela pessoa no ambiente de trabalho totalmente neurótico, as infindáveis discussões no trânsito que além do stress que produzem são capazes até de gerar tragédias, conflitos entre casais pela simples disputa de poder que acirra ao máximo a impulsividade de um  ou ambos.

            Síndrome de Tourette

            Uma condição caracterizada por múltiplos tics musculares incontroláveis, emissão de ruídos incompreensíveis e forte propensão para proferir insultos e palavras de baixo calão. Também é afetada a capacidade: de auto-regulação e autocrítica, a capacidade e estado de adaptação, de tolerância à tensão e ansiedade, de concentração no que se está fazendo, a liberação dos impulsos e instintos mais primitivos, a liberação das reações emocionais explosivas, falta de integração e organização, falta de habilidade no controle emocional, impulsividade e carência afetiva... São algumas características desta síndrome.

            Personalidade anti-social ou psicopatia

            Caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afetado pelo desprezo as normas sociais e indiferença aos direitos e sentimentos dos outros. A ausência de empatia com outros seres humanos principalmente quando não pertencente a sua família, resultando em descaso com o bem-estar do outro e sérios prejuízos aos que convivem com eles, são interesseiros, egoístas e manipuladores. Também chamado de Transtorno de personalidade este tipo de comportamento não se modifica facilmente mesmo que haja punições. São pessoas com baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga de agressividade, inclusive de violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade. Possuem ainda incapacidade para lealdade ou para a manutenção de sentimentos de amor ou afeição, prática comum de calúnias, omissões ou distorções de fatos e constante incapacidade de seguir algum plano de vida também fazem parte de suas características.

            Desvio do comportamento sexual ou parafilia

            Caracterizado pelo desvio sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra no ato sexual em si, mas em alguma outra atividade paralela ligada ao exibicionismo, masoquismo ou sadismo. São padrões de comportamento em que o desvio se dá no objeto do desejo sexual, ou no tipo de escolha para o ato que em geral participa do mesmo ensejo do parceiro.

            Bom, nesta esfera de sintomas bem definidos na psiquiatria e na psicologia vemos que todas elas são diagnosticadas quando tais indivíduos no qual vemos estas síndromes já estão em um alto grau de exacerbação destes comportamentos o que leva a crer que tais doenças são por sua vez aceitas dentro da sociedade e que apenas aqueles indivíduos que chegam ao incomodo são vistos com a necessidade de tratamento.

            Ora! Será que estas pessoas não são apenas o subproduto de uma sociedade que vem lutando por sua própria doença?

            E há um número cada vez maior de pessoas exibindo seus comportamentos anti sociais até nas chamadas redes sociais em um tom geralmente agressivo quase impondo goela a baixo suas crenças, pessoais impulsivas e obsessivas e em tom até de ironia como quem não lhe der apoio é quem está errado, como quando exibem suas idéias religiosas, quem não compartilhar é porque está do lado do mal...

            É isso a todo o momento!

            Em meio a tudo isso o que vejo é que há uma progressão continua aos novos modos de se comportar e que levam a sociedade há mudanças cada vez mais drástica e radical das próprias características humanas.

            Aristóteles dizia que o homem é um animal social, pois a convivência humana é necessária por sermos naturalmente carentes, necessitamos de coisas e de outras pessoas para alcançar a nossa plenitude. Aristóteles afirma:
           
            “As primeiras uniões entre pessoas, oriundas de uma necessidade natural, são aquelas entre seres incapazes de existir um sem o outro, ou seja, a união da mulher e do homem para perpetuação da espécie (isto não é resultado de uma escolha, mas nas criaturas humanas, tal como nos outros animais e nas plantas, há um impulso natural no sentido de querer deixar depois do individuo um outro ser da mesma espécie).”

            Costumamos dizer que a natureza não faz nada sem um propósito e vemos que o ser humano é o único entre os animais que tem o dom da fala. Na verdade, qualquer som pode indicar a dor e prazer e os outros animais também possuem (sua natureza foi desenvolvida somente até o ponto de ter sensações do que é doloroso ou agradável e externá-las entre si), mas a fala tem a finalidade de indicar o conveniente e o nocivo e, portanto também o certo e o errado, outra característica especifica do ser humano em comparação com os outros animais é que somente ele tem a idealização do que é o bem e do que é mal, do justo e do injusto e de outras qualidades, e é a comunidade de seres com tal ideal que constitui a família e a sociedade.

            Décadas após décadas o ser humano tem modificado seus padrões de comportamento, mas nem sempre estas modificações são feitas no sentido de haver o bem comum entre si, o ser humano já escravizou o próprio ser humano, já comercializou e vendeu vidas de outros e também já desconsiderou a existência da alma em seus semelhantes. Houve varias mudanças de comportamento que passam pela história humana, mas sempre em um sentido progressivo e descaracterizado do que é realmente bom ou ruim, justo ou injusto.

            Esta progressão pode ser evidenciada no comportamento sexual.

            Apesar de nossa sociedade atual prezar tanto pela liberdade sexual que se iniciou mais intensamente no final dos anos 60 do século passado e vem ainda em estado de progressão até os dias atuais já houve nos tempos mais antigos a ideia de liberdade sexual. Em alguns casos mais representativos podemos citar Sodoma e Gomorra cidades que deveriam ter existido numa região próxima ao mar morto, mas não há provas arqueológicas de suas existências, no entanto já tivemos outras cidades comprovadas existentes como Pompéia, cidade situada a 22 km da cidade de Nápoles, na Itália, cuja erupção do vulcão Vesúvio destruiu a cidade e matou cerca de 20 mil habitantes no ano de 79 DC. A cidade é descrita como uma cidade farta onde seus moradores viviam em plena liberdade inclusive a sexual. Em escavações arqueológicas foram encontrados locais de banhos coletivos onde era comum a pratica da homossexualidade.

            Talvez por esse fato ser semelhante ao que supostamente ocorreu em Sodoma e Gomorra tenha gerado um sentimento de medo na época gerando assim um crescimento expansivo do Cristianismo na população européia como se o fato ocorrido fosse uma manifestação do  Deus único.

            Certo ou não, houve outros momentos até discutidos pelos filósofos antigos sobre o uso e a pratica sexual, Platão acreditava que os seres humanos deveriam ser livres para pratica sexual e que os filhos pertenceriam a todos, também acreditava que o ser humano tinha três gêneros sexuais: O Masculino, o Feminino e o Andrógeno.

            Para explicar melhor Platão recorre a um mito que narra que os seres andrógenos além de participarem dos dois sexos, também possuíam dois rostos, quatro braços e quatro pernas. Estes seres eram esféricos e possuíam uma grande agilidade, eram muito arrogantes, por isso, pretendiam destronar os deuses. Zeus e os outros deuses decidiram tornar estes seres mais fracos cortando-os ao meio, já que não podiam aniquilá-los de vez; porque o extermínio dos humanos representaria para os deuses a perda dos cultos e dos sacrifícios em suas homenagens (vaidade). E assim, foi feito, então, depois que a duplicação da natureza humana foi realizada, cada metade, tendo saudades de sua outra parte, passou a buscar eternamente a sua metade perdida. Por não se conformar em viverem separados acabavam morrendo.
            A raça humana estava se extinguindo, tanto pelas mortes, quanto pela impossibilidade de procriarem, pois os seus órgãos sexuais encontravam-se localizados nas costas e quando estes se encontravam não poderiam manter relações sexuais. Então, Zeus se compadeceu dos humanos e resolveu colocar os genitais dos humanos na parte da frente, assim, quando um homem encontrasse a sua metade feminina poderia procriar e quando dois indivíduos do mesmo sexo encontrassem a sua outra metade também poderia através da relação sexual restaurar o prazer de viver, e assim, a espécie humana estaria garantida.
            A problemática da sexualidade na filosofia de Platão não é abordada a partir de uma concepção de valores morais, mas como algo que faz parte da própria natureza humana, pois quando uma mulher se apaixona por outra, ou quando um homem se apaixona por outro, assim como, quando um homem se apaixona por uma mulher eles estão apenas buscando sua cara metade, seu par ideal e a felicidade humana dependeria desse encontro.
            Portanto, o mito dos gêneros sexuais trouxe para a humanidade a ideia de um amor original, determinado não por uma opção, mas pela própria natureza, mais ainda, deixou-nos a ideia que o amor é eterno, porque quando duas pessoas se apaixonam esse amor deve durar para sempre, já que este era o seu par ideal, o seu ser perfeito.
           
            A curiosidade sobre a sexualidade e os sentimentos que ela desperta sempre esteve presente ao longo da história da humanidade. Várias obras de arte da antiguidade, ou mesmo desenhos pré-históricos retratam o corpo humano com ênfase nos órgão genitais (masculinos principalmente). O Falo já foi idolatrado como o símbolo de fertilidade, de poder e de liderança pelas mais diversas culturas em todo mundo.
           
            Na idade média era comum aos homens exibirem sua potencialidade fértil com seus escrotos em sobressalto em calças tipo bailarino e as mulheres exibiam seu potencial de amamentação com seus decotes.

            Portanto acreditar que a sexualidade humana foi sempre reprimida é um grande erro em nossas crenças atuais, mas o certo é que essas crenças seguem sempre em progressão e isso sem se importar no que é realmente bom ou certo, enquanto vivemos de inúmeras justificativas nem sempre verdadeiramente justas e profundas no sentido de reconhecer o que há de verdade, seja no sentido biológico, físico, químico ou até filosófico. seguimos continuamente essa progressão numa avalanche em que todos passam a seguir um determinado modo de agir num mesmo momento.

Sintomas

            O nome “Progressão Continuada” é usado pela metodologia de ensino onde um estudante ao ter um déficit de aprendizado deve ter aulas de reforço para então continuar seu estudo sem tem que tornar a reaprender tudo que já foi lhe ensinado.

             Curiosamente é que há realmente uma continua progressão em nossa sociedade no que se relaciona ao comportamento humano e principalmente de pensamentos coletivos ditados continuamente entre todos na sociedade, como um modismo, e isso é mais evidente nos vícios de linguagem com palavras e até com pequenas frases ditas por todos, que na realidade não tem o menor sentido e não expressão absolutamente nada, como já foi moda dizer: Á nível de... ou mais atual: tipo assim ou ficar de boa... e isso nos faz pensar que:
           
            Se algo que é dito e mesmo sem fazer o menor sentido passa ser dito por todos o que dizer então sobre certos comportamentos que explicitam algo prazeroso e é dado como certo mesmo sem haver um real estudo e conhecimento profundo do que está sendo promulgado?

            Hoje em dia qualquer mínimo questionamento sobre este ou aquele comportamento humano é logo repreendido e chamado de “Preconceito” esta palavra passou a ser usada por todos como mais um bordão dentro da sociedade, mas qual o real sentido da palavra Preconceito?

            Preconceito é o conceito ou opinião formado antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos, é uma ideia preconcebida, um julgamento ou opinião formado sem se levar em conta os fatos que os conteste.

            Como podemos ver em outro artigo:


            É um tanto contraditório achar que sendo de “direito” o livre pensamento que o próprio pensamento virá sem se quer argumentarmos sobre o que é que realmente estamos pensando!

            E assim entramos nessa geração que vem cada vez mais livre em busca do prazer ao mesmo tempo que qualquer forma de contestar seja quais forem os argumentos apresentados é repudiado com uma constante agressividade gerando então uma sociedade que repreende há própria progressão de seus conceitos.

            Estamos assim agindo como ratos em sua caixa moldada de opiniões e plebeísmos contínuos sem ponderações ou considerações do que estamos realmente falando e com isso estamos gerando uma sociedade cada vez mais carregada de síndromes sem se dar conta de que a doença está não só naqueles que exacerbam tais comportamentos, mais está em toda sociedade, em conseqüência disso estamos gerando pessoas adultas, formadas e até muito bem preparadas para trabalhar, no entanto totalmente despreparadas para se socializarem com seu semelhante, uma vez que a criação de nichos está levando o ser humano ao desvinculo de uma união em comum em torno de ideais que visem à valorização do bem comum entre todos. Criamos assim pequenas tribos, mas com ideais próprios, apenas com o conjunto de seres que compartilham os mesmos ideais.

            Um fenômeno interessante nesta síndrome progressiva e continuada de comportamentos que visam à satisfação do ego acima de tudo, esta em personagens na dramaturgia, principalmente nas novelas, onde o vilão é bem quisto pela maioria e suas frases e trejeitos são imitados pela maioria que acompanha. Isso porque a dose de humor servida por estes é tão satisfatória que o julgo do mal passa pela empatia que as pessoas tem de servir de alguma forma com uma certa crueldade.

            O fato das alterações comportamentais de natureza perversa causarem estas satisfações estão no fato de que o senso comum parece querer causar no ser humano um controle e como tudo que se controla necessita de ter à atenção voltada para o próprio controle faz com que outras regiões do cérebro permaneçam inativas gerando assim uma parada mesmo que parcial de outras linhas de pensamentos e isso faz com que o pensamento tenha a obrigação de controlar o próprio pensamento o que causa uma sensação de perda da própria identidade, afinal qual recompensa isso pode gerar?

            Certamente que se não vemos de imediato a recompensa e logo este controle é repudiado, pois é natural de qualquer ser, como o rato ao apertar a alavanca, buscar aquilo que mais o emociona e isso sem se dar conta de outras necessidades do ser.

            Provavelmente essa natureza cerebral seja desse modo por que os seres mais primitivos buscavam a necessidade de reprodução em maior grau do que a necessidade do bom estado de saúde, de segurança, de alimentação, sem sede e termoestável, isso porque nem sempre todas estas condições eram satisfeitas devido ao tempo, ao clima e também as outras condições da biosfera em que viviam e não favoreciam aos seres que esperavam por todos estes fatores. O que levou os seres vivos a necessidade de reprodução maior do que qualquer outra necessidade, sendo assim o nascimento de um grande número de indivíduos da mesma espécie garantiria que alguns destes teriam chances maiores de perpetuação, que aos poucos foram se adaptando aos ciclos do clima, ou aos ciclos de outros seres ao nascerem no mesmo momento, como é comum entre varias espécies darem a luz as suas crias na primavera, pois o maior número de indivíduos nascidos nessa época tem uma oferta maior de alimentos. Mesmo em seres mais complexos, como no caso do ser humano, é natural observar que onde as condições de pobreza são extremas mesmo assim há um grande número de filhos nascidos, o que oferta uma maior garantia a perpetuação mesmo que todas as outras condições não sejam favoráveis, isso leva o ser a busca desenfreada por prazer e satisfação por menor que seja o estimulo.

            Uma pesquisa que aponta isso foi realizada com perus!

            Martin Schein e Edgar Hale da Universidade da Pensilvânia questionaram qual seria o estímulo mínimo necessário para excitar um “peru” eles criaram um modelo de peru fêmea e começaram a remover cauda, patas e asas, mas ainda assim a ave continuou tentando copular. Os pesquisadores continuaram a remover partes do modelo até que restou apenas sua cabeça presa em uma estaca e mesmo assim o macho continuou a mostrar interesse. O peru preferia a cabeça presa na estaca que o corpo sem a cabeça. Cabeças reais funcionavam bem, mas na ausência de uma, o macho não hesitava em cortejar uma cabeça feita de madeira que os pesquisadores providenciaram.

            Outra pesquisa interessante também foi feita com seres humanos, na Universidade da Flórida em 1978 alguns homens que caminhavam tranquilamente pelo campus foram abordados por uma bela mulher que dizia:
“- Eu tenho observado você. Te acho muito atraente. Você iria para a cama comigo hoje à noite?”.

            Sem saber que se tratava de uma pesquisa eles prontamente respondiam positivamente a proposta, mas estavam na realidade participando de uma pesquisa elaborada pelo psicólogo Russell Clark. Ele queria descobrir qual sexo seria mais receptivo a oferta sexual de um estranho. Instruídos por ele os alunos e alunas saíram pelo campus para fazerem a proposta. Os resultados foram que 75% dos homens aceitaram a proposta (quem recusava, alegara que eram casados ou tinha namorada).
Das mulheres abordadas, no entanto, nenhuma aceitou. Na verdade, grande maioria se sentiu ofendida e exigiu que o rapaz se afastasse.

            Isso tudo nos mostra que a ênfase a oferta sexual é maior do que outras prioridades sendo que em seres mais evoluídos certos valores culturais ainda sim conseguem bloquear o impulso pelo desejo, como vemos nas mulheres, devido à cultura moral, não aceitam seguir o impulso e os homens pela cultura social ao se verem livres de qualquer obrigação moral aceitam a oferta de sexo.

            Nascemos e crescemos, mas não sabemos qual o propósito de nossa existência e nem ao menos se há um propósito, com isso a cultura nos leva em direção ao propósito, somos colocados a crescer e aprender para que no futuro façamos parte dessa sociedade, no entanto somos moldados por uma continua progressão de idéias e sentimentos que muitas vezes se tornam um senso comum a todos, porém sem um debate amplo do que estamos fazendo conosco mesmo. Isso porque não há um modelo pronto a ser seguido e como vemos em Platão sempre buscamos explicações para este ou aquele comportamento e como mágicas encontramos certos argumentos favoráveis para o nosso ensejo, mas qual será o propósito de dar ao ser uma explicação para ter este ou aquele comportamento, se não temos um modelo pronto para seguir?

            Certamente como diz Aristóteles somos seres dependentes de nossa própria sociedade, portanto estamos sempre em busca de aprovação mesmo que o nosso comportamento não seja algo realmente social. E Isso porque como numa revoada de pássaros, tendemos em ir de um lado para o outro em harmonia com todas as aves que estão em voo, porém sem um líder ou um modelo a ser seguido e assim voamos em pensamentos e ações que são apenas as tendências comportamentais de nosso imenso bando em voo pela vida e no tempo em que vivemos.

Tratamento

            O conhecimento de nós mesmos (também chamado de cognição) é a única forma de tratar daquilo que nos causa essa continua progressão de seguir tendências comportamentais que como já vimos, pode nos leva a doença que só é vista dessa forma quando há um incomodo do ser para com outros seres, como se fossemos uma ave que saiu do plano de voo, mas para onde é mesmo que voamos?

            O problema da cognição é que tendemos a buscar apenas o que nos aprova como Platão que na tentativa de encontrar uma explicação plausível para homossexualidade lançou mão da ideia de um terceiro gênero, mas é preciso entender que seria uma anomalia se a natureza de alguma forma impedisse o ser de ter qualquer outro tipo de comportamento, isso porque a natureza não julga ou desconecta o ser de suas próprias ações, seja qual for o estimulo é um estimulo independente do ser agir ou não por este estimulo, a natureza é absurdamente flexível no que se refere ao comportamento, vemos por exemplo, que um homem pode ao avistar outro homem se sentir estimulado seja sexualmente ou até emocionalmente, mas isso é apenas uma característica da natureza em buscar empatia entre os seres o que não vem a significar que o ser que causou seja a sua outra metade, no mais pode ser apenas a metade que o ser desejaria ter em si mesmo, como o querer ser como  “o tal”, já no caso das mulheres a empatia sempre existiu nas relações em grupo e seria totalmente anormal se um estimulo dado em uma mulher não gerasse em ambas o desejo de copular que em principio é algo totalmente impossível devido a falta do falo em ambas, mas como já disse seria uma anomalia que o estimulo realizado fosse rejeitado.

            Isso nos mostra que não é pelo fato de sentir que este sentimento seja um conceito a ser seguido, assim como os ratinhos que estão diante de sua alavanca não devemos simplesmente acionar o botão para ter o prazer e a satisfação que se apresenta diante de nós, somos muito mais complexos e por isso temos sim uma complexidade muito maior para entender sobre nós mesmos o que não está no modelo das tendências seguidas por todos em prol da felicidade individual.

            O seu corpo é seu e você pode fazer o que quiser com ele, nada irá impedir que você olhe para os pés de uma pessoa e se sinta sexualmente estimulado pela simples visão dos pés, agora quando isso vira uma obsessão e o ser deixa de cumprir com suas funções dentro da sociedade ai chamam isso de doença! Se observarmos bem a doença maior em nossa sociedade atual está no fato de que todo livre pensamento, arte, atitude ou tendência comportamental tem liberdade para ser de qualquer forma e com isso estamos agindo como perus que vai pela simples visão da cabeça de outro, esperando que o pensamento se forme sem seguir uma direção que deve ser gerada pelo próprio ser e um detalhe em tudo isso é que sendo assim, tão livre, onde é que entra nosso próprio “EU”.

Farmacológico

            Em 1954 dois pesquisadores norte americanos, Masters e Johnson buscaram esclarecer diversos aspectos da fisiologia da resposta sexual humana, propuseram uma abordagem terapêutica cognitivo-comportamental para os chamados transtornos sexuais. Já na década de 80 do século passado, Helen S. Kaplan, psicanalista também americana, acrescentou tratamentos psicodinâmico focal e cognitivo-comportamental combinados. Propôs a existência de um hipotético centro regulador do desejo sexual, envolvendo mecanismos neurobiológicos no núcleo do hipotálamo, no sistema límbico e em outros circuitos neurais, que estariam alterados nos transtornos sexuais. Hoje em dia, acredita-se que este centro regulador esteja em uma região do cérebro chamada de Claustro.
            Com o avanço da farmacologia clínica também houve colaborações fundamentais para o conhecimento da neurofisiologia sexual. Algumas drogas com efeitos serotoninérgicos, como a classe dos inibidores seletivos da receptação da serotonina, determinam diminuição ou supressão total do desejo, propiciando novas linhas de pesquisa na busca da associação desse neurotransmissor com a modulação do apetite sexual. Sabe-se que também atua na solicitação e aceitação de parceiros sexuais. A dopamina foi apontada como essencial para o desejo sexual.
            Hormônios como a ocitocina e a vasopressina foram implicados na preferência sexual, na formação de vínculo, na diminuição de agressividade e no aumento de comportamento de proteção à prole. A ocitocina foi considerada como o neurotransmissor do amor, do vínculo e da monogamia, também outros estudos focalizaram nas mensagens enviadas pelos pares e nas negociações entre eles para acasalamento, levando-se em conta não só o status de saúde biológica e reprodutiva como também na qualidade das mensagens enviadas.

Psicológico

            Sigmund Freud identificou Eros de Platão como a Libido, a força do amor, no entanto, como disse Platão em O Banquete é preciso definir o que é o amor e nessa busca Platão define que o amor não vê nem se estabelece pela forma física, por isso na homossexualidade também há o amor, o desejo de se fundirem em um só, o desejo humano de ter ao outro vai de encontro do conhecimento do outro, de juntar ou estabelecer em si o mesmo ideal que o seu semelhante tem, é o cunho da admiração tragada ao ser em si demonstra que o homem para amar uma mulher deve ter além do desejo físico o desejo platônico de ter o mesmo que se tem no outro, Eros então é a realização física desse desejo, por isso o termo erótico vem na realidade do desejo de ligar com o outro o mesmo intento. A libido é então essa busca do complemento do seu próprio ser o que não significa que há um ser especifico para encontrarmos em nossa jornada pela existência e sim que há certos ideais que compartilhamos e nesse ensejo há também o erotismo e a união entre os corpos, mas o corpo em si não identifica se há diferenças físicas a serem consideradas nessa união o que nos leva a ter afeição por qualquer ser independente da questão sexual, isso nos mostra que há uma carência em nosso ser, uma pobreza em sermos quem somos o que retorna a questão da progressão em continuo movimento sempre de aprovação do nosso ego, por isso a analise do ser sobre si mesmo vem em continuo decréscimo o que leva o ser a se guiar não por um conhecimento racional e sim pelo “logos”, ou seja, pela palavra continuamente pronunciada por todos.

            Se todos estiverem errados em suas palavras, em seus ideais todos irão errar juntos!

            E como um bando de pássaros, todos vão acabar em um mesmo lugar comum a todos, o Logos é então o verbo e o motivo do ser, ser ou não assim, sendo a causa que explica o anseio da existência humana.

Restaurando

            Sendo o Logos a palavra e como vemos é pelo próprio poder que a palavra tem que seguimos ou nos atemos a seguir uma linha de pensamento, certas formas de ser vem sendo aprovadas e aplaudidas em nossa sociedade sem se ater que o Logos deve ser governado não apenas pela razão, mas também pela ordem lógica que deve ser uma característica fundamental da razão, dessa forma o livre pensamento deve ser voltado a busca fundamental, não apenas voltado para nossas razões e sim para criar conceitos lógicos voltados não só para defesa de nosso falho ego e sim para conceitos lógicos que nos leva a um resultado comum e essencial a todos. Como fórmulas matemáticas há conceitos que são de muito maior valia do que os conceitos que a sociedade como um todo frisa em relevar, assim é possível que por um comportamento arrogante deixássemos de olhar para o nosso próprio ser e então nos perdemos nessa revoada de tendências comportamentais que para se estabelecer o individuo acaba em progressão a apatia com seu próprio ser, como se todos voassem na mesma direção e acabam sem olhar e dar a atenção para si mesmo.

            Viver apenas pela própria satisfação pode nos levar a ter comportamentos de defesa que vão desde a agressão verbal (impulsivos e sádicos) até a agressão em nosso próprio ser, ou mesmo a nossa própria humilhação (masoquistas), também podemos repetir padrões comportamentais de forma exagerada (Compulsividade e obsessão) ou ter comportamentos de desprezo as regras da sociedade (Psicopatia)... Ou buscar o que de fato deve estar em continua progressão que são princípios voltados a um conhecimento real de nosso ser...

            Um exemplo disso pode ser em aceitar a própria sexualidade!

            Sim, aceitar que se você é homem é homem, se é mulher então seja mulher, é claro que há casos em que o ser pode até entrar de forma tão progressiva em sua aversão ao seu próprio gênero que não se caracteriza em ser como homem ou em ser como mulher, no caso são seres andrógenos, mas a busca do seu par pode se encontrar no seu extremo oposto!

            Como um homem que deseja ser fisicamente como mulher, agir como mulher, mas isso não implica em buscar o seu par em um homem e sim em uma mulher que lhe aceite como um homem que tem o corpo de uma mulher; ou uma mulher que não aceita ser feminina pode se encontrar com um homem que goste do seu jeito masculino, isso não impede que os seres se encaixem perfeitamente e até tenham filhos, mas como vemos a forma de progressão da sexualidade humana que visa apenas à satisfação é totalmente plástica e moldada pelo nosso desejo em bandos e assim as pessoas seguem os comportamentos de outros grupos vivendo com os mesmos problemas, as mesmas satisfações e insatisfações que se tem em uma sexualidade heterogênea.

            Já que todos nós amamos e todo estimulo dado ao amor será sentido como amor então por que não viver o amor dentro da escolha de nossas afeições sem a troca do gênero pra isso?

            Bom, o mais importante de tudo isso é que estamos vivendo uma era onde o falecimento de conceitos pré-moldados vem aumentando, porém a aquisição de novos conceitos vem nascendo calma e lentamente como se ser humano que busca viver somente pelo prazer vem sendo vencido pela exaustão de tantas buscas e a beleza e individualização do ser vem surgindo com tamanha carência que necessitamos de um logos nem que este surja quando as agressões passem a perder o peso e a leveza da coerência lógica e racional apareça como uma nova alavanca que iremos apertar não somente pelo prazer, mas pela doce satisfação da alma que cresce na soma dos mais benevolentes sentimentos.

Os sentimentos verdadeiramente humanos.


            

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Das Relações Econômicas

Das Relações Econômicas

            Em 1998 um amigo ia jogar fora um livro sobre economia, pedi pra ele aquele livro e disse que iria ler, pois queria entender como funciona a economia, o mundo dos negócios e das finanças. Era um livro amarelo com mais de 300 paginas que começava contando uma história mais ou menos assim:

            - Estava na estação de trem e vi José correndo a toda velocidade quando o trem estava para fechar as portas e ele conseguiu entrar! Naquele momento entendi como podemos ter o melhor para nós!
            - Se do povo tirassem todo o dinheiro somente pessoas como José seriam as mais dispostas a vencer...

            Bom! Parei de ler por ai e decidi que aquele livro realmente merecia ir para reciclagem!

            Em minha concepção como alguém pode achar que as pessoas que merecem construir riquezas são aquelas dispostas a correr o risco de cair, de se machucar e não obstante são estas as pessoas que nos dão alguma contribuição para a construção de riquezas, que disparam na busca do seu próprio favorecimento. Eu realmente entendi a analogia ao mesmo tempo não entendi como o conceito de economia pode ser individualizado!

            Eu tinha 28 anos na época e tinha visto meu país passar por seis moedas diferentes: Cruzeiro (1970), Cruzado (1986), Cruzado novo (1989), Cruzeiro (novamente em 1990), Cruzeiro Real (1993) e real (1994)!

            Na minha visão tudo isso era por que as pessoas agiam como José que ao ver uma oportunidade disparavam na frente em busca de ganhar dinheiro, então para obter o equilíbrio o governo era obrigado a baixar um decreto congelando os preços para que todos pudessem ter o direito de adquirir as coisas com o mesmo valor para todos. Isto equivale então há ter todas as pessoas na estação de trem e todos teriam o mesmo direito de entrar e entrariam sem deixar ninguém para trás.

            É claro que a analogia exibida no livro queria retratar que mesmo aqueles que estão em atraso precisam avançar e querer chegar onde todos estão para conseguir seguir nesta viagem que é nosso desejo de vitória. No entanto é preciso entender que a analogia humana está sujeita a falhas, um exemplo disso é a famosa lei de Gerson.

            Em 1976 o jogador de futebol “Gerson” participou de uma propaganda de cigarros onde sua ultima frase era: "Gosto de levar vantagem em tudo, certo?" que na realidade ele queria dizer que o bom era ter a  vantagem no preço e na qualidade do cigarro anunciado ( hoje sabemos que cigarro não tem vantagem e nem qualidade nenhuma), mas a ênfase acabou virando sinônimo de malandragem e corrupção, onde o importante mesmo é sempre obter vantagens, até mesmo infringindo as leis! (mais informação sobre a Lei de Gerson você pode ter neste link: http://www.infoescola.com/curiosidades/lei-de-gerson/)

            Da mesma forma é o que acontece com o fenômeno da inflação!

            Antes de prosseguir quero dizer que o meu entendimento sobre a economia não vem de algum outro livro, eu simplesmente busquei entender por minha própria vivência e meu entendimento não tem por base nenhum outro estudo de economia, trata-se simplesmente de minhas observações filosóficas sem que haja algum guru ou alguém inspirador, são observações próprias que neste momento exponho através deste artigo.
           
            Mas antes de falar sobre a inflação vamos entender primeiramente sobre o que é o dinheiro.

            Ao viver em sociedade a humanidade ganhou uma vantagem importante sobre qualquer outra criatura na face da terra, pois cada um trabalhando individualmente conseguiu adquirir uma maior habilidade para produzir bens e produtos de consumo com mais eficácia e empreendimento, no entanto isso teve um custo a ser considerado!

     
       Um Ferreiro, por exemplo, ao se empenhar em seu oficio não poderia empenhar-se em fazer suas próprias roupas, um tecelão ao fazer tecidos não poderia se empenhar no corte das roupas, já um alfaiate se empenha em cortar o tecido feito pelo tecelão com um instrumento de ferro esculpido por um ferreiro.

            Nesta cadeia social o dinheiro surgiu e como peça fundamental para medir todo este escambo, ou seja: na necessidade de troca, nem sempre um alfaiate vai precisar de uma tesoura ou outro instrumento qualquer feito pelo ferreiro, enquanto o ferreiro precisa de roupas que com o tempo se desgastam facilmente e, é claro que o trabalho do ferreiro tem um ‘valor estimado’ e por isso merece, ainda que o alfaiate não queira os seus serviços, ter os bens que necessita, nisso surge então o dinheiro que não passa de uma medida dada por alguém que esboça exatamente o ‘valor’ do serviço prestado pelo ferreiro dentro de um convívio social, mas antes de prosseguir vamos entender primeiramente o que é este tal de ‘valor’.

            Esta palavra valor explicita na realidade a medida e a qualidade pela qual um produto ou um serviço têm em determinada importância dentro de uma sociedade, estima ou apreciação, admiração ou mérito.

Existem diversas classificações sobre o que são Valores:

            Na Economia:
            O Valor Adicionado é a diferença entre o valor de produção de uma mercadoria e o custo total das matérias-primas e serviços adquiridos para sua fabricação, o valor agregado equivale à soma dos lucros e dos salários e juros pagos pela empresa fabricante.
            Valor de Mercado é o Preço de um bem determinado pela interação da oferta e da procura. 
            Valor de Troca é a capacidade de um bem de ser trocado por outros bens, ou por dinheiro.
            Valor de Uso é a capacidade que um bem tem de satisfazer necessidades humanas.
            Valor Estimativo é o que depende da estima ou apreço em que se tem em um objeto.
            Valor Real é o que foi corrigido para eliminar o efeito da inflação...
           
            E outros como Valor emocional, valores morais, valores éticos... Por fim podemos qualificar desde pensamentos, coisas e até comportamentos dando a estes algum valor, em outras palavras:

            Dando alguma medida de importância, estima ou apreciação, admiração ou mérito.

            Ao longo da história o Dinheiro foi surgindo passando por transformações, mas o que importa mesmo é que o valor que o dinheiro tem é apenas abstrato!

A economia moderna também enfrenta dificuldade em decidir o que exatamente é o dinheiro e é estranho dizer e pensar nisso, mas a realidade que dinheiro é apenas isso: Uma abstração, algo que ilusoriamente tem algum significado!

            Se pegarmos nosso dinheiro aqui do Brasil e tentarmos comprar algo na China, por exemplo, mesmo que você apresente uma nota de cem reais para pagar um doce é quase certeza que o chinês não irá aceitar, pois pra ele aquele papel com desenhos não representa nenhuma medida.
           
            Da mesma forma que você também não reconheceria o valor do dinheiro de outros países.

            Portanto o valor do dinheiro é dado pela nossa própria avaliação e consideração do que ele é.

            Sendo assim a valorização ou desvalorização do dinheiro trata-se de uma consideração convencional aceita dentro de uma organização social ou até mesmo por grupos de organizações como no caso o Euro.

             Seria fácil para um país enriquecer apenas fabricando dinheiro e distribuindo para a população podendo fazer com que todos enriqueçam, mas a produção e distribuição do dinheiro esta diretamente ligada com a produção e distribuição de riquezas. Para entender isso imagine um pequeno reino em uma ilha pequena onde o nosso Ferreiro, alfaiate e o tecelão moram.

            Vamos analisar duas diferentes situações dentro de um mesmo cenário!

  1. Em um primeiro momento:
            O ferreiro sabe que o bem produzido por ele para ser bem aceito precisa da apreciação e admiração de todos, ter além de beleza, durabilidade e eficiência. Tudo isso leva o nosso ferreiro a ter importância em nossa ilha, pois se o seu trabalho é assim admirável o mérito que ele tem faz com que outros lhe avaliem e lhe deem a medida de seu trabalho e uma boa forma de premiar nosso ferreiro, vamos chamá-lo de Sheffield, é medir bem seu trabalho com algo que represente este valor!
            Porém, se Sheffield se encher de avareza e achar que seu valor merece uma consideração maior uma importância maior e exigir um valor maior, por exemplo, de nosso alfaiate, vamos chamar de Giogio, e Giogio não tiver tanta importância no sentido de valor para conseguir adquirir uma boa tesoura vai ter que adquirir outra, talvez uma que Sheffield não tenha feito com tanta devoção e que não ficou tão apreciável o seu corte e também não é tão eficaz e preciso.

            Giogio ao adquirir essa tesoura vai ter dificuldades de ter um bom corte no tecido, vai precisar se empenhar mais por causa da dificuldade no corte e também não vai conseguir ter seu próprio empenho lhe satisfazendo e permitindo com que ele desenvolva uma boa habilidade, pois sua ferramenta assim não lhe permite trabalhar.
            Enquanto isso nosso tecelão, vamos chamá-lo de Luis por seu grande e admirável apreço e por já ter certa importância consegue  adquirir uma boa tesoura feita por Sheffield assim consegue ter também um mérito maior e com isso passa a tingir seus tecidos e passa a se valorizar ainda mais em seu oficio!


            Mas Giogio por não ser apreciado já não consegue obter os bons tecidos feitos por Luis e além de ter de trabalhar com uma tesoura que não realiza bem o corte se vê obrigado a adquirir os tecidos que não tem tanta beleza e admiração, mesmo assim ele precisa realizar seu oficio para que dentro dessa sociedade ele possa adquirir seu valor!
            Agora vem a questão!
            Quem vai dar valor ao Giogio se as peças produzidas por ele não tem um corte admirável e o tecido que ele usa não tem tanta beleza e as cores não são as mais desejadas?



  1. Em um segundo momento:
           
            Suponhamos que Giogio agora é um alfaiate de grande prestigio e admiração e as peças produzidas por ele são de uma grande estimação dentro de uma sociedade. Quem usa as roupas feitas por Giogio é visto como sendo de grande importância em nossa ilha, pois o mérito de usar uma roupa feita por Giogio indica que a pessoa é capaz de dar ao Giogio o seu estimado valor.

            Giogio também não fica atrás e estima as pessoas que o ajudam em seu trabalho, assim Sheffield fez para ele uma excelente tesoura com um corte preciso e até seu aspecto é admirável e Luis seu tecelão preferido produz tecidos de ótimas cores e que facilitam a criatividade de Giogio e as pessoas ao serem capazes de valorizar o trabalho deles todos acabam participando e desejando ser e ter o que cada um é capaz de fazer. Assim as roupas de Giogio são vistas com grande apreciação, as tesouras de Sheffield são desejadas pela sua eficácia, dando a quem usa um mérito por sua precisão no corte, e Luis é estimado pelos seus tecidos e por tudo isso as pessoas passam além de querer ter o mesmo oficio dos três procuram trabalhar com o mesmo empenho buscando produzir com seus trabalhos algo que os façam ter a mesma admiração e importância que eles têm. Medida a importância que cada um tem, todos passam a buscar medir os seus próprios méritos para repeti-los. E eu digo medir agora no sentido de repetir o seu feito, como Sheffield ao fazer uma tesoura de boa apreciação sabe que para repetir o mérito precisa repetir aquela forma que obteve com sua boa tesoura, da mesma forma nosso tecelão precisa saber medir bem a proporção das cores em seus tecidos, também Giogio precisa saber reproduzir seus feitos com qualidade e precisão nas formas. A questão agora é:

            O que é que vai representar estes valores?

            Poderia gerar aqui outras tantas analogias diferentes, mas o importante aqui é entender que se não houver falhas de nenhum deles, seja por ambição ou avareza, que a medida de importância do bom trabalho pode desencadear um processo de apreciação cada vez melhor gerando resultados cada vez mais otimizados e com isso o enriquecimento de todos também é otimizado, o dinheiro é então a medida desse enriquecimento, não só de um, mas de todos, pois o dinheiro em si não passa de uma figuração dessa consideração do bom empenho que todos tiveram.

Análogo a isso:

            Podemos olhar para nossa ilha (ou País) como um organismo vivo onde as células são como os nossos personagens: Giogio, Sheffield e Luis e outros tantos que fazem parte deste imenso ser vivo que é uma nação; Se Sheffield não tiver um bom empenho em seu oficio e não produzir boas enzimas catalisadoras (ou tesouras) outras células que necessitam acelerar seu empenho como no caso Giogio não vai conseguir produzir a proteção que outras células necessitam inclusive Sheffield, enquanto que Luis também não vai ser reconhecido como uma proteína que serve para produzir esta membrana que envolve todas as células.
           
            O dinheiro é então uma medida de toda esta energia ou podemos chamar também de calorias que circula dentro deste organismo. Quanto maior o valor desta energia maior será o potencial de trabalho de nossas células, o dinheiro é então uma figuração deste potencial.

            Digamos então, como na nossa primeira analogia que o potencial desferido por nossas células Giogio, assim como na apreciação, é de pouca estima, ou seja: de baixa caloria e por isso outras células não buscam produzir os aminoácidos do qual Giogio é constituído e com isso todo organismo enfraquece!

            Já na segunda analogia as células Giogio são de alto valor energético e produz bastante proteínas com boa eficácia e apreciação gerando uma boa proteção para todas as outras células e nesta cadeia orgânica todos acabam se beneficiando e tendo um bom trabalho celular.

Células Infratoras

            O fenômeno da inflação é semelhante aos fenômenos das doenças dentro de um organismo, digamos que certas células ganham uma maior quantidade de calorias e com isso se multiplicam rápido demais, o que leva ao surgimento de um crescimento desenfreado de células, que pode acabar levando todo o organismo a falir...
           
            Em 1986 foi um ano marcado pelo inicio de um novo regime político aqui no Brasil, o presidente da republica era então José Sarney que assumiu o cargo após a morte de Tancredo Neves que iniciara um novo regime político no país, o regime democrático, em meio a tudo isso havia uma crise financeira com uma inflação desenfreada, então para contornar a crise da economia, Sarney montou uma equipe econômica e esta equipe foi responsável pela criação do Plano Cruzado. Adotando políticas de controle dos salários e dos preços, o governo esperava conter o desenfreado processo de inflação que assolava nossa economia. Logo de inicio os objetivos desse plano foram alcançados: a inflação atingiu valores negativos, o consumo aumentou e a economia entrou em estabilidade.  Pouco tempo depois a euforia de consumo levou o plano à falência.

            Foi como se as células tivessem consumido toda energia (ou calorias) que havia disponíveis, então a estabilização forçada dos preços retraiu os meios de produção e acabou fazendo com que os bens de consumo desaparecessem das prateleiras dos supermercados e das empresas. Isso equivale à perda de calorias e o trabalho das células não produzia as proteínas necessárias para todo o organismo. Muitos fornecedores, digamos: fornecedores de calorias passaram a cobrar um ágio para a obtenção de determinados produtos, ou dentro da mesma analogia a caloria gasta pra se obter energia era maior do que a energia obtida e pra piorar as pessoas que tinham dinheiro (calorias) aceitavam pagar este ágio, eu via pessoas dizendo:

            - Eu tenho dinheiro! Eu pago!

            Foi como se as células se esquecessem de que fazem parte de um único organismo e cada um procurava Levar vantagem em tudo! Certo?

            Errado!

            Novamente o dinheiro, ou seja, a medida de energia perdeu a consideração que todos tinham por ela...

            A inflação é então uma infração desse acordo convencional!

            Todos se esquecem que o dinheiro é algo abstrato que só tem valor se todos tiverem consideração por esse valor e os valores são apenas as constituintes de uma estima (padrão) que merece ser apreciado (seguido).

            Em outras palavras é como se o valor de um quilo fosse mudado constantemente e sem um padrão a ser seguido a cada dia o que era um quilo tem, dia após dia, uma proporção menor, o que faz com que a energia gasta para se obter calorias ficasse cada vez maior e a energia desprendida pelas calorias obtidas ficasse cada vez menor.

            Bom! Todos os seres, ou células vão lutar por sua sobrevivência, então imagine que as células passem a produzir um sangue venoso maior do que a capacidade do sangue arterial tem de recompor as energias das células, isso pode levar o organismo a falência.

       

     Deixando a analogia um pouco de lado agora, em 1986 eu trabalhava em uma pequena fabrica de resistências para maquinas injetoras industriais e neste mesmo ano, como já disse, houve esta mudança de plano econômico e o primeiro corte de zeros no dinheiro mudando o nome de Cruzeiro para Cruzado, pouco antes deste período não era complicado conseguir uma boa vaga de trabalho já que as empresas de pequeno e médio porte empregavam as pessoas mesmo sem conhecimento do oficio a ser realizado e o empregado aprendia na pratica a exercer sua função. O dia de pagamento era sempre no dia 10 do mês seguinte e o fenômeno interessante que ocorria, era que as empresas mesmo sem ter dinheiro em caixa sabiam que podia contar com 10 dias do mês anterior para gerar o dinheiro para o pagamento de seus funcionários e ao ver que havia um reajuste deste valor, a empresa também aumentava o valor de seus produtos para cobrir a despesa maior da folha de pagamento.

            Acontece que com isso a empresa além de produzir produtos se via obrigada a produzir dinheiro também, como se o dinheiro fosse mais um produto a ser produzido, só que as empresas não fabricavam dinheiro que só era obtido com a venda de produtos com isso a empresa aumentava o valor do produto para arrecadar mais dinheiro e fazendo isso à empresa produzia mesmo era a perda do valor da medida de seus próprios produtos.
            Seus trabalhadores ao receber este valor tinham que correr ao mercado para adquirir produtos, pois à medida que recebiam já estava desvalorizada pelo próprio aumento do produto que eles mesmos “Trabalhadores” haviam produzido, e nesta corrida enlouquecida de proporções que eram desmedidas constantemente é o que leva ao chamado fenômeno inflacionário!

            Com o congelamento dos preços e dos salários o governo conseguiu estabelecer uma ordem nestas proporções, mas falhou na mudança da data de pagamento da folha salarial que passou do dia 10 para o quinto dia útil de cada mês!

            Com isso a maioria das pequenas indústrias que abasteciam o mercado não conseguiram gerar o produto “dinheiro” para abastecer seus trabalhadores. Muitas indústrias acabaram fechando as portas, em meio a tudo isso os trabalhadores estavam de posse de seus salários... Ou melhor dizendo: de suas medidas de grande importância para o comércio, com essa importância a + tiveram o poder de adquirir produtos em maior quantidade, enquanto isso os produtos em si não estavam mais sendo produzidos na mesma proporção que havia de serem consumidos. Como os produtos acabaram ficando escasso, quem ainda tinha produtos para vender exigia o chamado ágio para vendê-los,  quem tinha dinheiro à + comprava. Aos poucos isso levou ao descontentamento geral de todos: saques ao comercio, revoltas, em meio a tudo isso a necessidade de eleger novas lideranças que deveria sair do meio do próprio povo!

            Bem, isso é só um resumo de uma longa história que foi se repetindo de forma tão rápida que o governo não tinha nem tempo para imprimir novas notas como no caso da mudança de Cruzeiro de 1990 para o Cruzeiro Real em 1993, como podemos ver na figura ao lado o governo tinha de carimbar as notas com um novo valor.

            O plano Real não foi nenhum plano milagroso, na realidade tudo isso ocorreu por causa do imenso paradigma que existe em torno do dinheiro o governo inovou foi na formula para que as pessoas aprendessem a lhe dar com os valores e chamou isso de URV: Unidade Real de Valores, foi uma formula (Até meio infantil a meu ver) de devorar a inflação no sentido inverso fazendo com que ao invés de aumentar o valor dos produtos se diminuísse o poder de compra do dinheiro. Hoje para corrigir isso quem teve seus valores financeiros prejudicados e guardou as documentações referentes a isso está conseguindo receber essa falsa correção de valores.

            Voltamos agora para analogia comparativa.

Relacionamento de Valor

            Uma infração é uma violação há uma determinada ordem e como vimos até aqui o dinheiro não passa de uma medida assim como o metro, quilo, potencia, intensidade, resistência, tensão... Todas essas medidas bem equilibradas são as mesmas que encontramos em um organismo saudável, o dinheiro tem uma característica especial entre todas as medidas que é a característica Econômica!   

            Assim como os valores, a palavra economia também se trata de uma derivação de outras ciências contidas dentro da própria palavra economia, que em suma trata da ciência de diminuir a energia gasta para a produção de algo. em contrapartida este algo deve produzir com maior eficiência uma quantidade maior de energia!

            Para entender como isso funciona vamos entender melhor qual a relação que o dinheiro tem com a produção de bens.

            Enriquecer exige que você seja capaz de produzir riquezas, portanto produzir riquezas é diretamente proporcional ao enriquecimento.

            Vamos analisar então o que ocorreu com nossos 3 personagens no primeiro momento de nossa analise:

            Giogio para enriquecer precisava naquele primeiro momento ser enriquecido com uma tesoura de bom corte, com tecidos de qualidade e cores mais procuradas e aceitas por todos, mas como vimos Sheffield valorizou-se demais e por isso exigia uma quantidade maior de valor do humilde Giogio que por não conseguir uma boa qualidade no corte e pelas dificuldades de produção mais eficaz não conseguia produzir com maior eficiência, em conseqüência disso também não obtinha tanto valor em seu trabalho. Ora se enriquecer é diretamente proporcional a produção de riquezas Sheffield ao valorizar demais o seu bom trabalho e menosprezar o “bem” mal produzido está menosprezando Giogio como um potencial consumidor de seus “bons” produtos, em conseqüência disso Giogio precisa se alimentar, ou seja: obter energia, e para não passar fome prioriza a economia, em outras palavras: poupa suas energias, para o seu próprio consumo e com isso adquire tecidos de menor valor energético, em suma: de menor custo energético, só que com isso ele também não consegue produzir um produto de maior admiração, estima ou apreciação e, portanto acaba ficando sem gratificação de um bom mérito.

            Já no segundo momento de nossa analise Giogio é reconhecido pelos seus méritos, de produzir excelentes produtos e com isso é mais admirado e estimado e, por reconhecer isso, ele também passa a apreciar as pessoas que contribuem para o seu trabalho e valoriza a sua excelente tesoura feita por Sheffield, Luis ao reconhecer os méritos de Giogio busca também melhorar a qualidade de seu tecido e observa que Giogio é admirado pelo corte perfeito que ele tem em seus tecidos, Luis procura então Sheffield para produzir uma tesoura pra ele com as mesmas qualidades que a tesoura de Giogio tem e observa também, que o emprego de uma boa tesoura pode auxiliá-lo na tosquia das ovelhas e pede a Sheffield para produzir uma tesoura adequada e este trabalho, com isso todos empregam suas energias a produzir bens que além de admiração e apreciação também os auxiliam na aquisição de maior energia, em outras palavras: maior mérito...

            Observem que para falar de nossos três personagens desde o inicio não falei diretamente em nenhum momento sobre nosso bendito medidor de valores que é o “dinheiro” e mesmo assim é possível entender a analogia, isso porque como já disse o dinheiro é só mais uma medida, e todas estas trocas não passam de um trabalho de importância que cada um tem para o outro na concepção e obtenção de energia.

            Isso tudo nos mostra que a relação do valor do dinheiro é diretamente ligada ao enriquecimento de cada um e este enriquecimento pode assumir diversas formas de valores diferentes, pode ser valor econômico: o produto bem concebido por Sheffield diminui o gasto de tempo e de trabalho tanto de Luis como de Giogio; valor de mercado: é o fato das pessoas apreciarem um produto bem feito e no caso se aplica aos três personagens; valor de troca: as tesouras de Sheffield são estimadas por todos e por isso quem tem uma, têm a capacidade de trocá-la por outro bem que seja de seu maior interesse ou necessidade; valor de uso: é a satisfação que todos têm por conseguirem adquirir excelentes produtos; valor estimado: é a estima ou apreço que cada um tem por aquilo que se obteve ou pelo que é capaz de produzir...

            Ao olharmos para trás na história e em toda obtenção de valores na humanidade vemos que desde os produtos ás construções mais antigas são sempre cheias de detalhes e cores, tudo possui um certo capricho na produção e, é claro que isso é reflexo da valorização do que cada um era capaz de fazer.

            As casas possuíam detalhes nas varandas e em suas fachadas, prédios e construções são sempre cheias de cores e até uma estimada elegância e fineza em seu acabamento e não é só isso, as roupas, as máquinas antigas... Tudo era feito de forma a ser agradável para o ser humano e não obstante disso o ser humano era valorizado pelo seu excelente trabalho.

            A revolução industrial tirou aos poucos a qualidade de tudo que era feito pelo homem para ser considerada a quantidade o fator primordial.

Valorizando o Relacionamento

            Incrivelmente uma das pessoas mais responsáveis pela revolução industrial foi também uma das pessoas mais conscientes sobre o que é o dinheiro, em uma de suas frases ele diz:

            O dinheiro é a coisa mais inútil do mundo; não estou interessado nele, mas sim no que posso fazer pelo mundo com ele”

            Esta frase pertence a Henry Ford um dos homens mais extraordinários na história da humanidade, porém seus bons exemplos não foram tão entendidos e seguidos por todos. Embora ele também produziu erros, mas vamos ater aqui principalmente aos méritos.

            Ford deu inicio a produção em grande quantidade de automóveis a baixo custo por meio do artifício conhecido como "linha de montagem", no qual era capaz de produzir um carro a cada 98 minutos, mas a questão mais interessante e talvez pouco divulgada foi que Ford começou a pensar em quem iria consumir os carros fabricados por ele?

            Em 1914 ele tornou seus pensamentos em uma esperança de uma nova realidade quando aumentou o salário de seus funcionários de US$ 2,34 para US$ 5,00 dólares por dia o que mais que duplicou os salários na época, isso porque no pensamento de Ford seus funcionários poderiam se tornar seus próprios consumidores de seus veículos, como se não bastasse a ousadia ele também diminuiu a jornada de trabalho de 9 para 8 horas por dia e 5 dias da semana e ainda inovou dividindo o controle acionário de sua empresa com seus funcionários.
           
            O veiculo produzido na época chamado de modelo T bateu o recorde de produção em grande escala fechando o ano 1927 com 15.007.034 unidades produzidas, este recorde permaneceu por 45 anos seguidos, o mesmo modelo chegou a ser vendido pelo valor de US$ 360,00 para os veículos com características básicas.
           
            Com o salário pago por Henry Ford um carro custará apenas 72 dias de trabalho!

            Ford também investiu em propaganda algo muito inovador na época e também abriu concessionárias por todo país norte americano. Nem todas as boas idéias de Ford pareceram tão boas assim na época como a padronização da cor de fabricação, ele também resistiu bastante à ideia de incorporação de inovações mais atuais no modelo T, de criar linhas de crédito para que as pessoas pudessem adquirir seus veículos, mas aos poucos ele mudou de ideia fazendo com que sua empresa se tornasse uma das maiores financiadoras de veículos, também não o agradava a ideia da sindicalização de seus funcionários. Henry Ford acreditava que o mínimo de esforço de seus funcionários deveria ser usado com maior eficiência e com isso a expansão de suas fabricas saiu do território nacional e se espalhou em diversos países no Mundo.

     Análogo a isso vamos imaginar dois reinos:

O Reino de Sheffield

            Neste Reino Sheffield é um rei absoluto e tirano, o desenvolvimento de armas o tornou poderoso por colocar as pessoas para produzir bens para ele em troca de poucos benefícios, o mais creditado é que todos dentro daquele reino estariam protegidos do mal de outros reinos. Seus súditos ganhavam em troca da opressão apenas proteção, mas com isso eles dedicavam a produção de energia apenas para o próprio consumo e pouco para o próprio reino, fazendo com que Sheffield os obrigassem a gerar energia para ele de forma forçada.

O Reino de Giogio

            Já no reino de Giogio seus súditos eram livres para produzirem seus próprios bens e Giogio em troca oferecia algo mais que proteção, ele oferecia aos seus súditos o beneficio de se governarem e desenvolverem seus próprios meios de produção, também de julgarem e decidirem por si mesmos a forma de desenvolverem seus próprios benefícios, então ao invés de Giogio dizer que os protegeria simplesmente os conscientizavam do que eles tinham de se protegerem: Seus lares e famílias, seus bens e seus acordos convencionais...

            Supondo que ambos os reinos lutassem contra si, em qual deles você lutaria com mais vigor?

            Certamente a valorização de um bom relacionamento é capaz de produzir um reino mais produtivo e eficiente, portanto o dinheiro que circula no reino só é de grande estima se houver grandes valores representados nele.

            Nenhum rei, por mais rico que seja é capaz de produzir seu próprio reino sozinho, da mesma forma as riquezas não tem nenhum significado se não servir para beneficiar as pessoas.

Economizar é Valorizar

            Certa vez vi uma reportagem sobre os salários pagos pelos Suíços. Um coletor de lixo ganha um pouco menos que um médico formado de carreira. Ao pesquisar sobre isso vi dados interessantes sobre o modo com que eles governam a si mesmos, existem controles rigorosos para limitar os salários mais altos de executivos ao tempo que a própria iniciativa privada aumenta estes salários para equilibrar as diferenças.

            Isto revela que um sistema onde todos têm uma proximidade maior de adquirir bens independentes do que fazem, trás um conjunto de benefícios maior a todos, sem menosprezar os meios de produzir este beneficio.

            O que me leva a pensar que existem erros absolutamente fáceis de serem corrigidos no sistema econômico atual, sem que isso gere a pandemia de uma crise de desvalorização do dinheiro:

            E só ofertar mais dinheiro a quem ilusoriamente tem menos valor!

            Não chega ser uma utopia mais é muito simples de entender e pra mim fica mais fácil explicar através de uma analogia simples em uma situação hipotética.

            Digamos que Giogio por ter conseguido, através de seus méritos, ganhar tanto reconhecimento de seus feitos que agora não precisa mais trabalhar, em outras palavras as sua energia gasta durante um período de sua vida foi mais que suficiente para acumular sua importância existencial na sociedade e com isso ele dedica agora seu tempo livre para cuidar do seu imenso jardim.

            Mas Luis seu grande amigo e tecelão perdeu a importância ao ver que sua lã foi substituída pela seda. Giogio decide então ajudar seu amigo em troca ele pede para Luis para ajudá-lo a cuidar de seu jardim

            Luis se empenha em ser um bom jardineiro e ao ver a beleza de seu jardim, Giogio gratifica Luis com um valor bem maior do que o combinado.

            Se sentindo grato, Luis decidiu então empregar suas energias ao oficio de jardinagem e com isso pede para Sheffield lhe fazer ferramentas, para que ele possa realizar seu trabalho com maior empenho empregando menos tempo e energia física.

            Assim, Luis volta a trabalhar no jardim de Giorgio e as pessoas ao apreciarem seu jardim, o questionam sobre quem foi seu jardineiro e Giorgio prontamente o recomenda Luis para jardinagem, equipado com ferramentas que permite a Luis desenvolver um bom trabalho, em um custo de menor tempo, Luis consegue se empenhar na arte de jardinagem com maior eficiência e estimado por todos passa ter seu valor como jardineiro.

            Giogio ao ver a valorização de seu amigo sabe que com o tempo ele também vai precisar novamente de chamar seu amigo para inovar seu jardim e continuar recebendo a mesma admiração que tem e para poder continuar com seu lindo jardim e para isto ele precisa novamente se empenhar na construção de valores...

            Já ouviu dizer que quanto mais rico mais trabalho?

            E é bem isso que acontece mesmo, para se manter enriquecido, que é diretamente proporcional a produção de riquezas, Giorgio vai ter que tornar ao trabalho de enriquecer as pessoas para continuar tendo seu belo jardim...

            Quando você compra algo que lhe dá uma maior eficiência certamente você está dando valor a sua eficiência e com isso ao dar um valor por uma ferramenta você está valorizando a riqueza produzida por esta ferramenta, de certa forma a flutuação entre os valores de trabalho e produção indica que o valor de algo esta sendo direcionado para outro lado e só existe um único lado para onde as riquezas devem ser dirigidas: O lado Humano!

            Suponhamos que seres de outro planeta invada o nosso planeta, mas com uma boa e bela intenção: ajudar a humanidade!

            E como premio de confiança, eles dão para cada ser humano um meio de transporte incrivelmente eficiente capaz de voar e levar a gente para qualquer lugar do mundo com um simples apertar de um botão, podemos estar em questão de segundos em qualquer lugar que possamos imaginar e também transportar produtos e qualquer coisa que possamos imaginar!

            Parece ótimo!

            Mas o que vai acontecer com os carros, caminhões, trens, aviões... E todos os outros veículos já fabricados pelo homem?

            Quem vai querer trabalhar por algo que ficou de uma hora pra outra totalmente inútil?

            Portanto um carro só tem valor para nós porque acreditamos que existe valor no que ele faz.

            Da mesma forma deveríamos valorizar o ser humano por este ter valor no que é capaz de fazer, o que parece obvio é que o valor esta em quem ajuda a produzir as riquezas e não na riqueza em si mesma.

            Qual o valor de um diamante no bolso de um mendigo?

            Ou melhor, se pensarmos:

            O que você faria por um mendigo pra ele te dar um diamante?

            Bom, você poderia dar um banho nele, cortar os cabelos dele, dar a ele roupas limpas... Enfim o que temos a oferecer a cada um é o que você pode fazer por você mesmo, então cada um de nós merece ser visto como um diamante...

            Eu vejo hoje em dia a vida humana sendo valorizada a todo custo!

            Nos comovemos com acidente, com quem morre cedo, com desastres naturais...

            E tudo isso me faz pensar que se economizamos, ou seja, poupamos energia, é para direcionar está energia para aquilo que realmente merece nosso respeito, a nossa consideração, e com certeza se tem algo que merece nossa consideração é a vida, portanto não adianta acumular este medidor de valores embaixo do colchão, como um mendigo que guarda seu diamante no bolso de uma roupa suja e rasgada, é preciso enriquecer o seu jardim e dar valor ao ser humano, que faz o seu jardim admirável, se ser admirado lhe faz bem passe isso adiante multiplique isso valorizando as pessoas que te enriquecem, sua empregada doméstica, seu motorista... Vejo gente que é capaz de pagar R$ 50.000,00 numa simples bolsa e acaba por enriquecer quem já é rico e na hora que mostra seus empregados estes estão de cabeça baixa se vendo obrigados a serem honestos por que o mundo simplesmente  os obriga a tocar a vida sem o direito de realmente viver!

Elysium

            Há pouco tempo assisti a um filme chamado Elysium um filme interessante, mas com erros que por mais absurdos que pareçam poderiam ser fatos se houvesse mesmo a oportunidade de certos seres de fazerem isso.

            Elysium é um pequeno mundo a parte e fora deste mundo onde os ricos têm tudo enquanto quem está no mundo são apenas peças que são usadas por estes!

            É incrível ver que esta ênfase cinematográfica na realidade permeia o Universo de muita gente que dirige as riquezas apenas para o seu próprio prazer e devoção de seu ego, mas a tentativa mais absurda ainda é fazer com que os ricos paguem + por serem ricos!
           
            Bom a idéia é que quem ganha mais paga mais, só que quem ganha mais naturalmente gasta mais, usa mais recursos e também adquire mais riquezas e com isso já está pagando mais, mas para compensar as outras pessoas que não tem tanta sorte assim o que se faz no sistema de governo é cobrar mais impostos dos ricos!
           
            Isso é uma ilusão enorme fazer com que o rico enriqueça um órgão (governo) para que este órgão enriqueça os outros órgãos (povo)!

            Assim como num sistema orgânico o rico deveria enriquecer a quem lhe prestam riquezas, como ao invés de pagar R$ 50.000,00 numa bolsa, que tal gastar R$ 50.000,00 por ano com uma faxineira?

            Mas por revolta, ganância, avareza, seja lá o que for, o rico tem a péssima ilusão de que ele já contribui pagando mais imposto!
            Não sei se esta palavra realmente existe, mas achei muito interessante a ênfase que ela dá a esse sistema: a Ineptocracia!

            Um sistema de governo onde os menos capazes para liderar são eleitos pelos menos capazes de produzir, e onde os membros da sociedade menos capazes de se sustentarem ou terem sucesso são recompensados com bens e serviços pagos pelo confisco da riqueza de um numero decrescente de produtores.

            O certo é que o ano de 2013 por causa de 20 centavos de aumento na passagem de ônibus gerou uma onda de protestos aqui no Brasil!

            Isso talvez seja o sinal de que o sangue arterial de um país pode radicalmente se transformar em venoso, quando estes se virem obrigados a desprenderem mais energia para o organismo, sem receber uma boa dose de oxigênio, este sangue pode brutalmente virar o veneno e levar toda esta estrutura orgânica a perda de seu valor, e há uma maneira fácil de mudar isso quando todos mudarem a forma de olhar para o dinheiro e virem que aquilo não tem nenhum significado se não forem empregados para oxigenar o sangue, adquirir proteínas e fluir como a água neste imenso corpo que é o nosso mundo, levando e trazendo para todos “o bem estar” de uma vida onde o negócio bom mesmo é levar vantagem a todos!

E isso é o Céeeerto!


Certo?
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