Todo ser, desde as plantas até
animais mais complexos, precisam sempre se proteger, seja de outro ser ou até
mesmo dos seres da própria espécie. Um gato, por exemplo, ao ser acuado por um
cão ele eriça os pelos, arqueia as costas mostra seus dentes e garras. Certas
borboletas possuem estampas em suas asas que se assemelham á olhos, para
parecer enxergar, outros animais mimetizam outros, pra parecerem ser
venenosos... E assim em diante.
Na maioria dos
casos o truque dá certo e é interessante como a natureza provém aos seres
defesas de seus temores. Porém de certa maneira, que só a racionalidade humana
permite fazer, isso também demonstra sua fraqueza! É como dizer:
_ Olha! Eu finjo ser
maior, pois na verdade sou pequeno!
_ Eu finjo enxergar,
pois daí eu não vejo nada!
_ Me passo por
venenoso, pois na verdade sou inofensivo...
De certa forma
também vemos isso no ser humano em suas relações!!!
Não acha?
É só observar
para ver que sim, só que no caso o mimetismo não ocorre de forma física e sim
de forma verbal, pois o fato de usarmos a comunicação audível nos trás uma
maneira mais direta de comunicar e nos relacionar com outros seres, de
preferência os da mesma espécie.
E como isso
acontece?

- Olha como você fala comigo! Não grite
comigo!
Ou:
- Não aponta este dedo pra mim!
Quando na
verdade você não gritou! E também nem apontou o dedo!
O que acontece
é que a outra pessoa ou até você mesmo, ao ser acuado, perdendo a razão ou se
vendo desmentido, parte para defesa e mimetiza já de antemão o que comumente o
outro teria o direito de fazer com você, afinal ao ser desmascarado ou até
mesmo quando você desmascara alguém isto parece nos dar o direito de erguer o
tom! Já sabendo disso então o outro ser, em sua defesa e aos gritos pede pra
você não gritar!
Talvez a
compreensão seja melhor do que a explicação, mas em suma é o que eu chamo de Princípio da contrariedade, funciona da
seguinte forma: para defender-se o ser mostra sua fraqueza ao mesmo tempo em
que tenta antecipar sua força.
Existem várias
outras linhas na qual podemos aplicar o princípio
da contrariedade, como por exemplo: para negar a perda de afeto por alguém
a pessoa procura trazer a tona fatos passados pra justificar a perda do amor,
sendo que o ato levantado em questão foi causado por ela mesma, como a mulher
que diz não esquecer que o homem, no período em que se conheceram estava mais
interessado em outra mulher do que nela, quando na verdade isso só ocorreu
porque ela mesma não mostrou o seu interesse; ou a pessoa que não fala
claramente e espera que as atitudes sejam correspondentes aos seus desejos e
quando isso não acontece culpa o outro por não ter pensado como ela queria;
também pode ocorrer quando a pessoa para não executar um bom trabalho ela
responsabiliza o outro pela falta de empenho, ou para não realizar uma tarefa
nega ao outro a sua capacidade de realizar.
Podemos encontrar
também a contrariedade na incompatibilidade.
É quando a
pessoa tenta tornar falsa a argumentação do outro por diferenciar os valores,
por exemplo: quando uma pessoa fala de uma sentença passada que agora perde o
valor no presente, como dizer:
Acabou meu amor por você!
Então a outra
pessoa tenta falar dos valores bons que tiveram na relação e a outra tenta
tirar a qualidade destes valores mostrando que ela também valorizou e por estes
valores não estarem mais presentes ambos tiveram um sentimento falso!
É a separação
que só é falsa, pois na realidade eram verdadeiras!
Como se um
fato do passado fosse agora diferente por ter diminuído a quantidade de
sentimentos envolvidos. É a paixão que ascende forte e intensamente, mas como
qualquer chama sem seu combustível acabou se apagando, ou seja, a quantidade
perdeu o valor pela a qualidade.
Estar
consciente disso cria outros rumos em uma discussão, mais, o mais interessante
em tudo isso que vejo é:
Somos todos os
seres incumbidos da mesma natureza.
O maior predador que temos somos nós mesmos, por isso
agimos de forma contrariada.
Há um bom tempo tive um exemplo disso:
Um cliente me ligou falando
sobre o serviço que eu tinha realizado em sua residência, quando trabalhava
como eletricista, havia trocado os disjuntores, então ele me disse que não
tinha feito nada! Que o problema
continuou e que ele até chamou outro eletricista e este outro sim havia trocado
os disjuntores do relógio e que ai sim resolveu, mas no quadro que eu arrumei
ele não mexeu só que agora os chuveiros não estavam funcionando! Como tinha
aquecedor não havia ligado ainda! Bom o serviço tinha ocorrido há mais de seis
meses e só agora ele me liga! Fui lá e ele com aquele tom soberano, como quem
diz: _ culpado do problema é você, já paguei e não pago mais...
Bem, testei a fiação e
nenhum dos fios tinha corrente!
Só pode ser disjuntor
de novo!
Fui ao quadro e os
disjuntores estavam desligados!!!
Foi só ligar!
O cara ficou
totalmente sem jeito!
É! As pessoas estão sempre querendo achar que a culpa é do
outro! Como já dizia Raul!
E é tão fácil, às vezes, é só
olhar pra si mesmo, mas as pessoas querem parecer fortes, sabias e por isso
sempre o erro está fora, ao fazer isto todos só demonstram que o erro está
dentro, e cometem erros até mesmo grotescos como: não olhar para o quadro de
luz!
E mais uma vez o princípio da
contrariedade agiu sobre o ser e sem saber o ser age sobre os outros sem se dar
conta que o erro está ali bem a sua frente!
Este é o
princípio da contrariedade!
Agora que você
sabe observe a si mesmo a todo instante, pois em muitos momentos somos tão
fracos quanto à contradição de nosso próprio ser.
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