sexta-feira, 11 de julho de 2014

Em Respeito ao Respeito

Gama 3

            Respeito: Palavra latina que tem sua origem em respectus que significa olhar outra vez, re-ver novamente, significa que algo merece um segundo olhar para rever a forma, ter em consideração. Também quer dizer: veneração, estima por uma pessoa ou até mesmo um grupo ou nação.
            Pode ser por um valor tanto pessoal como coletivo: respeitar-se a si mesmo é ter consciência de seu próprio valor; respeitar o outro é dar a este seu devido valor, atenção ou consideração, como um professor em meio a sua aula, pára, a sua dicção ao ver dois alunos que não estão lhe dando o devido respeito ao dialogarem durante a aula. Acredita-se que respeito é permitir que outrem tenha suas próprias crenças pessoais e deve ser aceito em suas diferenças, sejam diferenças de credo, religião, escolha sexual, condição social e também o respeito às raças, culturas, posturas comportamentais... Tratar o ser humano entendendo que este ser é único e assim deve ser considerado aceitando todas as suas diferenças de valores ou de seus princípios, suas crenças, seus dogmas e até o fato de não acreditar nesses. Assim cada um segue por suas próprias crenças, valores e princípios individuais e tomam suas decisões baseadas nessas experiências.

            Respeitar (considerar) o outro assim sem lhe dar um julgamento ou até mesmo uma noção de qual é o seu conceito sobre algo, ficar calado pode ser uma atitude respeitosa. Ao mesmo tempo em que isso possa parecer respeitar o outro, também pode parecer falta de respeito (consideração), no momento em que você deixa de expor alguma lógica em respeito à situação, o outro corre o risco de desconsiderar sua falha, ou até mesmo por não haver um modelo do que devemos respeitar há o perigo de deixar o outro errar por não haver outro parâmetro a ser respeitado. Para entender melhor o que quero dizer vou citar um exemplo histórico:

       
     Franz Reichelt foi um alfaiate francês de grande prestigio que tinha o sonho de voar... Preocupado com a morte de pilotos logo no inicio da aviação, Franz queria criar um equipamento que permitisse o piloto saltar do avião e chegar ao solo de forma segura, para isso ele bolou um traje que insistentemente quis provar a todos sua eficácia no funcionamento, para isso ele chegou a testar seu traje de vôos em manequins que teve até um resultado positivo em alguns destes testes, visando mostrar a eficácia de seu traje ele conseguiu autorização do prefeito de Paris para uma demonstração publica com seus bonecos. O prefeito de Paris, Louis Lépine autorizou ele a fazer o teste.
            Às 7 horas da manhã do domingo de 4 de fevereiro de 1912, Franz Reichelt chegava de carro, acompanhado por dois amigos, havia a rumores de que ele mesmo testaria o equipamento e logo todos tiveram a confirmação, Franz veste seu traje para realizar o salto. Apesar da tentativa de amigos e testemunhas em fazê-lo desistir, Franz decide prosseguir com o teste. Indiferente ao frio de 0°C e do forte vento, centenas de pessoas, avisadas na véspera, se acotovelam aos pés da torre para assistirem ao salto. Duas câmeras de filmagem, também estavam a postos para registrar a façanha do alfaiate (essas imagens podem ser encontradas no Youtube). Ás 08h22min, Franz salta do primeiro pavimento, situado a 60 metros de altura, de frente para o rio Sena. Após 5 segundos ele atinge o solo, seu traje falhou. O impacto é tão forte, que abre um buraco considerável no chão de aproximadamente 15 cm.

            Vemos neste caso que houve até um devido respeito à insistência de Franz, no entanto o que o próprio Franz não respeitou foi suas falhas nos testes, poderia ao invés de ter ariscado a própria vida ter realizado um teste, considerado as condições de vento e do tempo e usado um manequim que deveria ter um peso aproximado, ou até maior que o seu próprio peso para sua segurança.

            Não há como saber se algo realmente está certo se você considerar apenas a sua fé e vontade de estar certo, o seu desejo de vencer ou de conquistar, precisa passar por testes, avaliações e considerações devidas para que o resultado não seja apenas uma boa retórica que se apresenta e sim um fato cientifico que pode ser comprovado de diversas formas, assim não há apenas um teste de tentativa e erro como muitos acham que é a evolução natural da vida e sim um caminho certo e preciso para uma real evolução do ser.

            Desta forma vemos então que há uma necessidade de ter algum outro parâmetro para ser considerado além das crenças pessoais, há necessidade de um conhecimento cientifico e uma comprovação válida previamente testada para termos a segurança necessária e em Respeito a tudo isso poder ter a ação.

            Por séculos há humanidade acreditou que a Terra era o centro do Universo e que eram os planetas e o Sol que giravam em torno dela. A filosofia Aristotélica era base disso tudo, porém acredito que o próprio Aristóteles não pretendia formar em seu raciocínio uma conclusão do Universo com suas esferas perfeitas e sim uma tentativa de estimular o pensamento através da exposição de outras premissas com a qual se poderia chegar à conclusão. Era, portanto a intenção de Aristóteles causar no homem o desejo de investigação, de procura do saber e assim ao debater um saber com o outro, chegar a uma conclusão mais próxima, não do desejo do homem, mas do que de fato ocorria.

            Sócrates criticava a invenção da escrita com a argumentação de que a escrita, mesmo em seu bom uso, poderia gerar no homem uma forma elegante de expressar suas lembranças e pensamentos, porém com o perigo real de que o homem deixasse de crer em sua própria capacidade intelectual para se ater somente a escrita. Ele contava que a escrita era obra de um demônio egípcio, chamado Teutes; este demônio apresentou ao rei egípcio Tamuz um remédio para o esquecimento e para ignorância; confiar na escrita por meio de símbolos e caracteres externos era a maneira de reter o pensamento na memória; no entanto para Sócrates este não era o remédio e sim apenas lembranças de pensamentos, portanto a escrita não é em si, o saber e sim uma apresentação do que se sabe com o perigo disso não ser a realidade.

            Sócrates estava certo, o pensamento (lembrança) Aristotélico findou a razão do homem em fechar os olhos para observação e apenas crer por fim, aqueles que tentavam rebater o que estava escrito eram tidos como hereges e por isso poderiam ser condenados até mesmo a morte.

            Por incrível que pareça é assim até hoje em dia, certos seguimentos religiosos não podem nem sequer ser citados, criticados ou debatidos livremente, correndo o risco até de causar uma guerra entre países. A exigência do respeito parte para imposição ao mesmo, sem ater ao que é mesmo que está sendo respeitado.

Se isso acontece até entre países inteiros imagine com pessoas!

            E como seria o mundo de hoje se grandes pensadores do passado fossem respeitar os enunciados antigos; se Cristo por respeito não tivesse refutado o judaísmo, não teríamos o Cristianismo; se Mahatma Gandhi tivesse respeitado as leis inglesas, até hoje a Índia seria colônia inglesa; se Martin Luther King Jr. e Nelson Rolihlahla Mandela tivessem respeitado as leis raciais do seu tempo não teríamos as leis atuais contra a separação do ser humano por raças... Poderia citar centenas de outros exemplos, mas a grande lição que fica é: 

O que é mesmo: Respeito?
           
            Certa vez conversando com uma amiga, eu disse a ela que a palavra “respeito” era a mais difícil de ser entendida por toda humanidade e ela me chamou de Louco!

            Bom se só eu ainda não entendi o que é esta palavra estaria muito contente por ser eu o único a não entende-la, porém vejo as pessoas lutando por respeito, sem ater o seu próprio pensamento ao que realmente deve ser respeitado, em outras palavras: Considerado.

            Bom, vale dizer mais uma vez que origem da palavra fala mais por si do que o nosso julgamento atual, respeitar, do latim, RESPECTUS, do passado RESPICERE, “olhar outra vez”; RE, “de novo”, mais SPECERE, “olhar”. Respectare significa olhar muitas vezes para trás e nisso entra a nossa capacidade de discernir corretamente o que se olha e como você olha.

            Em meu livro Só por Ele, (http://reflexhuman.blogspot.com/2014/06/so-por-ele.html) eu falo um pouco sobre o que é divino, ou seja: aquilo que de certa forma está além de nossa compreensão, e temos esta capacidade divina de conhecer nosso próprio conhecimento, portanto somos capazes de chegar à razão pela própria razão (http://reflexhuman.blogspot.com/2013/10/ha-razao-pela-razao.html) e assim, munidos de uma razão universal é que podemos dizer que esta deve ser respeitada, ou seja, considerada como base para este ou aquele comportamento.
            O respeito surge então perante ao que é proposto e não por algo imposto ao outro, mesmo que em nossa razão pareça haver uma lógica coerente, há de observar que se esta coerência realmente confere com algo real, como no exemplo de nosso corajoso Francês que deu sua própria vida ao seu próprio erro, certamente o homem não deve recuar por um erro e dizer que seja impossível alçar voo, por exemplo, mas dentro de uma reflexão lógica estabelecendo valores que devem ser medidos e potenciais que devem ser observados e até mesmo testados antes de aplicar sua própria existência á uma ação que possa significar uma mudança completa em sua existência ou até mesmo do fim do seu existir.
            Respeito então não deveria ser cobrado e muito menos exigido; é como querer que a nossa própria vontade domine o Universo e seja ela, nossa vontade, uma lei seguida pelo mesmo; é como atribuir a razão por findar a razão em si mesmo ao invés de observar a razão fora de si. Se as pessoas abandonassem o apego a sua própria eloquência e observar o que realmente há, e como o que há possa servir para você tornar seu desejo possível, ai sim você alcança a capacidade humana de saltar no seu desejo sem se machucar.
            O respeito é em si, e desta maneira, o amor a própria verdade, não há verdade dos nossos desejos, mas sim uma verdade que constrói a vida dentro da perfeição que ela é.
            Existem quase nove milhões de criaturas vivas de diferentes espécies sobre este planeta, cada uma delas com sua peculiaridade e a mesma natureza fornece a matéria prima para que isto ocorra.
            Por incrível que pareça a criatura viva que veio a dominar tudo isso somos nós!
            Nós que não sabemos lhe dar com nossa própria natureza, que não conseguimos compreender o que realmente há de ser compreendido, que exigimos do Universo que este seja obediente a nossas vontades e anseios sem ao menos sequer fazer como todas as outras criaturas que entregam a natureza a própria questão do seu ser, e assim se tornam iguais, mas diferentes entre si para adaptar seu existir a natureza que os cerca, se não há conhecimento sobre a água que os cerca, ao menos consideram que é ali o seu lugar, se não há compreensão sobre o gelo que se forma, pelo menos há entrega de seu corpo a natureza e aceitação de ter e desenvolver uma pelagem mais densa... E assim todas as outras formas de vida compreendem o que deve realmente ser respeitado enquanto nós seres humanos que dominamos todo o planeta, ainda não sabemos qual a formula secreta para ter o respeito de tudo e de todos, no entanto ao menos respeitamos nossa própria ignorância e caímos por terra com ela e assim findamos nossas vidas nos erros para que outros tantos não venham ser como nós, que saltam com fé e coragem, mas sem sabedoria temos por fim o erro como exemplo e o desejo de acertar como a busca por uma vida mais segura, mesmo que você queria pular de pára-quedas, faça isso com segurança Respeitando pelo menos as leis da natureza que estão ai, por que elas custaram muitas vidas só para que a gente pudesse ter uma luz sobre o que devemos realmente respeitar.



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