Gama 3
Respeito: Palavra latina
que tem sua origem em respectus que
significa olhar outra vez, re-ver
novamente, significa que algo merece um segundo olhar para rever a forma, ter
em consideração. Também quer dizer: veneração, estima por uma pessoa ou até
mesmo um grupo ou nação.
Pode ser por um
valor tanto pessoal como coletivo: respeitar-se
a si mesmo é ter consciência de seu próprio valor; respeitar o outro é dar a este seu devido valor, atenção ou
consideração, como um professor em meio a sua aula, pára, a sua dicção ao ver
dois alunos que não estão lhe dando o devido respeito ao dialogarem durante a aula. Acredita-se que respeito é
permitir que outrem tenha suas próprias crenças pessoais e deve ser aceito em
suas diferenças, sejam diferenças de credo, religião, escolha sexual, condição
social e também o respeito às raças, culturas, posturas comportamentais...
Tratar o ser humano entendendo que este ser é único e assim deve ser
considerado aceitando todas as suas diferenças de valores ou de seus
princípios, suas crenças, seus dogmas e até o fato de não acreditar nesses.
Assim cada um segue por suas próprias crenças, valores e princípios individuais
e tomam suas decisões baseadas nessas experiências.
Respeitar (considerar) o outro assim sem
lhe dar um julgamento ou até mesmo uma noção de qual é o seu conceito sobre
algo, ficar calado pode ser uma atitude respeitosa.
Ao mesmo tempo em que isso possa parecer respeitar
o outro, também pode parecer falta de respeito
(consideração), no momento em que você deixa de expor alguma lógica em respeito à situação, o outro corre o
risco de desconsiderar sua falha, ou até mesmo por não haver um modelo do que
devemos respeitar há o perigo de deixar o outro errar por não haver outro parâmetro
a ser respeitado. Para entender
melhor o que quero dizer vou citar um exemplo histórico:
Franz Reichelt foi um alfaiate francês de grande prestigio
que tinha o sonho de voar... Preocupado com a morte de pilotos logo no inicio da
aviação, Franz queria criar um equipamento que permitisse o piloto saltar do
avião e chegar ao solo de forma segura, para isso ele bolou um traje que
insistentemente quis provar a todos sua eficácia no funcionamento, para isso
ele chegou a testar seu traje de vôos em manequins que teve até um resultado
positivo em alguns destes testes, visando mostrar a eficácia de seu traje ele
conseguiu autorização do prefeito de Paris para uma demonstração publica com
seus bonecos. O prefeito de Paris, Louis Lépine autorizou ele a fazer o
teste.
Às
7 horas da manhã do domingo de 4 de fevereiro de 1912, Franz Reichelt chegava
de carro, acompanhado por dois amigos, havia a rumores de que ele mesmo
testaria o equipamento e logo todos tiveram a confirmação, Franz veste seu
traje para realizar o salto. Apesar da tentativa de amigos e testemunhas em
fazê-lo desistir, Franz decide prosseguir com o teste. Indiferente ao frio de 0°C e do forte vento, centenas
de pessoas, avisadas na véspera, se acotovelam aos pés da torre para assistirem
ao salto. Duas câmeras de filmagem, também estavam a postos para registrar a
façanha do alfaiate (essas imagens podem ser encontradas no Youtube). Ás
08h22min, Franz salta do primeiro pavimento, situado a 60 metros de altura, de
frente para o rio Sena. Após 5 segundos ele atinge o solo, seu traje falhou. O
impacto é tão forte, que abre um buraco considerável no chão de aproximadamente
15 cm .
Vemos
neste caso que houve até um devido respeito à insistência de Franz, no entanto
o que o próprio Franz não respeitou foi suas falhas nos testes, poderia ao
invés de ter ariscado a própria vida ter realizado um teste, considerado as
condições de vento e do tempo e usado um manequim que deveria ter um peso
aproximado, ou até maior que o seu próprio peso para sua segurança.
Não
há como saber se algo realmente está certo se você considerar apenas a sua fé e
vontade de estar certo, o seu desejo de vencer ou de conquistar, precisa passar
por testes, avaliações e considerações devidas para que o resultado não seja
apenas uma boa retórica que se apresenta e sim um fato cientifico que pode ser
comprovado de diversas formas, assim não há apenas um teste de tentativa e erro
como muitos acham que é a evolução natural da vida e sim um caminho certo e preciso
para uma real evolução do ser.
Desta
forma vemos então que há uma necessidade de ter algum outro parâmetro para ser
considerado além das crenças pessoais, há necessidade de um conhecimento
cientifico e uma comprovação válida previamente testada para termos a segurança
necessária e em Respeito a tudo isso poder ter a ação.
Por
séculos há humanidade acreditou que a Terra era o centro do Universo e que eram
os planetas e o Sol que giravam em torno dela. A filosofia Aristotélica era
base disso tudo, porém acredito que o próprio Aristóteles não pretendia formar
em seu raciocínio uma conclusão do Universo com suas esferas perfeitas e sim uma
tentativa de estimular o pensamento através da exposição de outras premissas
com a qual se poderia chegar à conclusão. Era, portanto a intenção de
Aristóteles causar no homem o desejo de investigação, de procura do saber e
assim ao debater um saber com o outro, chegar a uma conclusão mais próxima, não
do desejo do homem, mas do que de fato ocorria.
Sócrates
criticava a invenção da escrita com a argumentação de que a escrita, mesmo em
seu bom uso, poderia gerar no homem uma forma elegante de expressar suas
lembranças e pensamentos, porém com o perigo real de que o homem deixasse de
crer em sua própria capacidade intelectual para se ater somente a escrita. Ele
contava que a escrita era obra de um demônio egípcio, chamado Teutes; este demônio apresentou ao rei
egípcio Tamuz um remédio para o
esquecimento e para ignorância; confiar na escrita por meio de símbolos e
caracteres externos era a maneira de reter o pensamento na memória; no entanto
para Sócrates este não era o remédio e sim apenas lembranças de pensamentos,
portanto a escrita não é em si, o saber e sim uma apresentação do que se sabe
com o perigo disso não ser a realidade.
Sócrates
estava certo, o pensamento (lembrança) Aristotélico findou a razão do homem em
fechar os olhos para observação e apenas crer por fim, aqueles que tentavam
rebater o que estava escrito eram tidos como hereges e por isso poderiam ser
condenados até mesmo a morte.
Por
incrível que pareça é assim até hoje em dia, certos seguimentos religiosos não
podem nem sequer ser citados, criticados ou debatidos livremente, correndo o
risco até de causar uma guerra entre países. A exigência do respeito parte para
imposição ao mesmo, sem ater ao que é mesmo que está sendo respeitado.
Se isso acontece até entre países inteiros imagine com pessoas!
E como seria o mundo de hoje se grandes
pensadores do passado fossem respeitar os enunciados antigos; se Cristo por
respeito não tivesse refutado o judaísmo, não teríamos o Cristianismo; se
Mahatma Gandhi tivesse respeitado as leis inglesas, até hoje a Índia seria
colônia inglesa; se Martin Luther King Jr. e Nelson Rolihlahla Mandela tivessem
respeitado as leis raciais do seu tempo não teríamos as leis atuais contra a
separação do ser humano por raças... Poderia citar centenas de outros exemplos,
mas a grande lição que fica é:
O que é mesmo: Respeito?
Certa
vez conversando com uma amiga, eu disse a ela que a palavra “respeito” era a mais difícil de ser
entendida por toda humanidade e ela me chamou de Louco!
Bom
se só eu ainda não entendi o que é esta palavra estaria muito contente por ser
eu o único a não entende-la, porém vejo as pessoas lutando por respeito, sem ater o seu próprio pensamento ao que realmente deve ser respeitado, em outras
palavras: Considerado.
Bom,
vale dizer mais uma vez que origem da palavra fala mais por si do que o nosso
julgamento atual, respeitar, do latim,
RESPECTUS, do passado RESPICERE, “olhar outra vez”; RE, “de novo”, mais SPECERE, “olhar”. Respectare
significa olhar muitas vezes para trás e nisso entra a nossa capacidade de discernir
corretamente o que se olha e como você olha.
Em meu livro Só por Ele, (http://reflexhuman.blogspot.com/2014/06/so-por-ele.html)
eu falo um pouco sobre o que é divino,
ou seja: aquilo que de certa forma está além de nossa compreensão, e temos esta
capacidade divina de conhecer nosso
próprio conhecimento, portanto somos capazes de chegar à razão pela própria razão
(http://reflexhuman.blogspot.com/2013/10/ha-razao-pela-razao.html)
e assim, munidos de uma razão universal é que podemos dizer que esta deve ser
respeitada, ou seja, considerada como base para este ou aquele comportamento.
O respeito surge então perante ao que
é proposto e não por algo imposto ao outro, mesmo que em nossa razão pareça
haver uma lógica coerente, há de observar que se esta coerência realmente
confere com algo real, como no exemplo de nosso corajoso Francês que deu sua própria
vida ao seu próprio erro, certamente o homem não deve recuar por um erro e
dizer que seja impossível alçar voo, por exemplo, mas dentro de uma reflexão lógica
estabelecendo valores que devem ser medidos e potenciais que devem ser observados
e até mesmo testados antes de aplicar sua própria existência á uma ação que
possa significar uma mudança completa em sua existência ou até mesmo do fim do
seu existir.
Respeito então não deveria ser
cobrado e muito menos exigido; é como querer que a nossa própria vontade domine
o Universo e seja ela, nossa vontade, uma lei seguida pelo mesmo; é como
atribuir a razão por findar a razão em si mesmo ao invés de observar a razão
fora de si. Se as pessoas abandonassem o apego a sua própria eloquência e
observar o que realmente há, e como o que há possa servir para você tornar seu
desejo possível, ai sim você alcança a capacidade humana de saltar no seu
desejo sem se machucar.
O respeito é em si, e desta maneira, o
amor a própria verdade, não há verdade dos nossos desejos, mas sim uma verdade
que constrói a vida dentro da perfeição que ela é.
Existem quase nove milhões de
criaturas vivas de diferentes espécies sobre este planeta, cada uma delas com
sua peculiaridade e a mesma natureza fornece a matéria prima para que isto
ocorra.
Por
incrível que pareça a criatura viva que veio a dominar tudo isso somos nós!
Nós
que não sabemos lhe dar com nossa própria natureza, que não conseguimos
compreender o que realmente há de ser compreendido, que exigimos do Universo
que este seja obediente a nossas vontades e anseios sem ao menos sequer fazer
como todas as outras criaturas que entregam a natureza a própria questão do seu
ser, e assim se tornam iguais, mas diferentes entre si para adaptar seu existir
a natureza que os cerca, se não há conhecimento sobre a água que os cerca, ao menos
consideram que é ali o seu lugar, se não há compreensão sobre o gelo que se
forma, pelo menos há entrega de seu corpo a natureza e aceitação de ter e
desenvolver uma pelagem mais densa... E assim todas as outras formas de vida
compreendem o que deve realmente ser respeitado enquanto nós seres humanos que dominamos
todo o planeta, ainda não sabemos qual a formula secreta para ter o respeito de
tudo e de todos, no entanto ao menos respeitamos nossa própria ignorância e caímos
por terra com ela e assim findamos nossas vidas nos erros para que outros
tantos não venham ser como nós, que saltam com fé e coragem, mas sem sabedoria temos
por fim o erro como exemplo e o desejo de acertar como a busca por uma vida
mais segura, mesmo que você queria pular de pára-quedas, faça isso com segurança
Respeitando pelo menos as leis da natureza que
estão ai, por que elas custaram muitas vidas só para que a gente pudesse ter
uma luz sobre o que devemos realmente respeitar.
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