quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Incrédulos Incultos Incautos


            Em muitos momentos de nossas vidas passamos por pensamentos que variam entre o que cremos e o que realmente acontece.

            Se por questões de fé ou de cultura deixamos nos levar por pensamentos e ações que em outros momentos nossas crenças não suprem as necessidades do “ser” e deixamos nos levar pelas variáveis da vida sem a cautela sobre nossos pensamentos e ações.

            Quando Aristóteles fez suas considerações sobre o fato de que cada coisa teria seu “Lugar Natural” creio que ele não estava dizendo isso com a certeza de quem sabe e sim uma tentativa de incentivar as pessoas a dialética de suas teses para que se apresentem a antítese, e com isso fosse construída a síntese da descoberta sobre a real natureza das coisas, mas a audácia promoveu um devaneio completo da ideia e do desejo filosófico, quando com o passar do tempo se tomou tal principio como sendo o conhecimento do próprio Deus!

            O “Lugar Natural” por séculos findou o conhecimento humano sem ser questionado, os poucos que assim o fizeram foram condenados, antes mesmo de Galileu Galilei questionar sobre o movimento dos corpos outras pessoas também questionaram o modelo Aristotélico, mas sob a pressão e a autoridade da igreja muitos se calaram, como Kepler que escondeu por muito tempo suas descobertas, o conhecimento humano ficou limitado ao conhecimento de uma autoridade imposta por um respeito ilusório, havia então uma verdade que só era verdade por imposição e medo de punição.

            Mas nem todos temeram o respeito imposto, e Galileu foi um dos poucos que tiveram a audácia de tirar a Terra do centro do Universo e colocá-la no seu devido lugar, no lugar de um planeta qualquer viajando juntamente com uma estrela qualquer na vastidão do nosso imenso Universo. Como se isso fosse uma heresia a própria fé, Galileu foi condenado ao exílio em sua casa, mas antes de sair para cumprir sua condenação ele simplesmente disse:

            - No entanto se move!

            Se referindo ao movimento da Terra entre outros planetas.

            A credibilidade não era de fato a crença em algo real, em coisas que são prováveis, e sim apenas em crenças que somente por serem aceitas e até impostas pela maioria se calava para o novo, a fé muitas vezes é alvo de incredibilidade por sua estagnação no conhecimento como sendo obrigatório ao homem que seu conhecimento se limite as crenças vagas e sem um fundamento próprio com o real, e assim o mundo vagou no sofrimento e no apego a vaidade do imutável, a ponto de deixar as pessoas morrerem por ignorância com sua própria higiene; a peste negra assolou o mundo, a morte de tantos foi causada por causa da incompreensão de sua transmissão por uma simples pulga.

            Ignaz Semmelweiss foi o primeiro homem há impor, por suas observações, o cuidado com a higiene, como obstetra ele acreditava que as doenças poderiam ser transmitidas pelo contagio direto ao contato, no entanto seu conhecimento ainda estava além de sua própria compreensão da existência dos micróbios e os microrganismos que causavam as doenças, suas técnicas por incompreensão de muitos eram duramente criticadas. Durante sua vida ele lutou para ser compreendido, porém a incredulidade de sua doutrina ficou comprometida por disputas de poderes e insatisfação dos médicos da época, por não se acharem culpados do contagio, havia a crença que os médicos com seus uniformes sujos de fluidos corpóreos, como pus e sangue, eram vistos até com certo status, que indicava que eram estudantes de medicina aplicados, com isso muitas mulheres morriam de Febre Puerperal.

             Mesmo nos dias de hoje não é difícil ver casos de morte em hospitais pelo simples fato da falta de cuidado com a higiene, pessoas mesmo com luvas podem contaminar ao pegar em maçanetas e transmitirem qualquer tipo de doença.

            Vemos então, através da história, que a incredulidade para com a verdade leva ao homem seu próprio falecimento, então vem à questão:

- Será que a falência das leis e da ordem, o desencontro das famílias que se desfazem pelos vícios, traições e até pelas ambições e paixões egoístas que vem destruindo os valores humanos, são causados por nossa ignorância?

O fato de podermos viver num mundo cheio de cultura, no sentido culto mesmo, para criar tudo que vemos como nossas roupas, casas, carros, aparelhos eletrônicos de todos os tipos e etc... Onde cada cidadão pode participar desta ciência de construção do nosso mundo mesmo sem um conhecimento profundo do potencial exigido para essa construção, nos leva constantemente ao relaxamento de nosso potencial; seguimos no mundo incultos do nosso próprio existir, nos enchemos de conhecimento profissional, mas nos deixamos ocos do conhecimento de nosso próprio ser.


Se por um lado fazemos isso por falta de uma cultura humana que tenha sido cientificamente comprovada, por outro lado nos fazemos incautos em abraçar as crenças sem um questionamento mais profundo, então queremos justiça sem ao menos saber o que é justo, queremos paz sem dar de si mesmo a sua própria paz e queremos viver sem o conhecimento do nosso próprio existir, seguimos a vida assim:

Incrédulos no poder da consciência, incultos de nós mesmos e incautos quanto ao que temos para realmente crer.

Mas por fim de tudo sempre acreditamos que há um modo certo de agir e pensar, os nossos gurus do passado, sejam: Jesus, Buda, Maomé, Moisés, Ghandi entre outros, são os mentores nos quais as paixões humanas são geralmente dirigidas, no entanto como ainda temos nossas incredulidades, nossas dúvidas quanto ao que temos para cultuar e nosso amargo ser incauto do nosso próprio viver, toda a filosofia do passado é distorcida e rearranjada para o nosso bem entender atual e seguimos em frente, crendo que nossos pequenos rituais podem compensar toda nossa incompreensão de nossa própria existência.

            Então nos mantemos cegos para as questões que deveriam ocupar nossos pensamentos e findar nossas ações, para uma busca de um encontro com o nosso verdadeiro existir, nos apegamos às frases prontas como:

            - Ninguém é santo neste mundo!
            - Ninguém é capaz de conhecer a verdade!
            - Ninguém sabe mais que Deus!
            - Ninguém tem o direito de julgar... Ninguém é de ninguém...

            E assim seguimos sempre achando que ninguém pode mudar as coisas, mesmo que todos desejem viver uma mudança!
           
            É como querer enxergar no escuro, ou seguir na chuva sem se molhar!

            Se não dá pra ninguém ser perfeito, então por que exigimos a perfeição em tudo que nos rodeia?

            E o mais interessante é que tem tantas coisas perfeitas a nossa volta, mas só reparamos e falamos das coisas imperfeitas, de nossos amigos de trabalho que não se empenham, da fechada que alguém lhe deu no transito, da comida que não estava tão boa quanto a de ontem... E assim seguimos com nossa atenção voltada para o que não queremos, e deixamos de lado a nossa busca pelo conhecimento do que é ser um bom ser humano no sentido mais humano que esperamos de todos, pelo menos em nós mesmos que pensamos estar concisos e seguros, mas apegados em nossas imperfeições!!!

            Seguimos então assim: incrédulos, incultos e incautos só para reclamar o direito à estagnação. Será que vale a pena viver assim?

Ou o que vale mesmo é a nossa busca pelo que ainda não sabemos?


segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Ilimitada Sanidade.

 Sanar!

Embora as pessoas busquem dizer e até valorizar seus defeitos, todos têm o desejo de estar são, seja no sentido salutar ou incólume; o desejo de que sua saúde seja perfeita, que sua viagem seja sem nenhum perigo ou risco, todos de certa forma tem o desejo salubre de estar com sua vida em um estado bom e benéfico com seu próprio ser, será que este desejo é tão difícil de realizar?

Na realidade estar neste estado não tem nenhuma dificuldade ou empecilho que nos impeça de promover o bem a nós mesmos, só que é preciso apenas, em certa medida, um censo lógico, para se ter este estado de sanidade...

É claro que nem tudo pertence ao nosso controle, não podemos fazer com que alguém nos ame ou que adquira bons hábitos, estes hábitos por sua vez podem nos levar ao estado saudável tanto de nossas mentes como também de nosso ser físico, o que leva as pessoas a se obrigarem em estar assim, em um estado sano, em muitos casos não é pelo seu próprio ser e sim por necessidade de competir com o outro ou até mesmo em vencer os seus próprios limites.

Vencemos muitas batalhas para chegar à vitória e quando adquirimos nossas vitórias nos apaixonamos por ganhar, e então nossas escolhas estão sempre voltadas para que o mundo a nossa volta reconheça e até premie o nosso vencer.

 Isso pode ser bom até certo ponto, no entanto não podemos nos apoiar somente em nossas vitórias para colocar em nós mesmos as obrigações que todos nós devemos ter pelo desejo sano.
É muito comum as pessoas dizerem que não são santas, no entanto recorrem aos santos quando se vêem a beira de seus fracassos, doentes ou até mesmo por não se sentirem fortes o bastante em obter sua própria sanidade, como se algo nos obrigasse a sermos derrotados, e quando em eminente derrota ai então voltamos para o desejo sano, muitas vezes fazemos isso sem perceber!

Porém nem todos podem ser vitoriosos a partir de suas escolhas, pois em todos os lugares existem inúmeras pessoas que também fizeram as mesmas escolhas e com isso acabamos em conflito com nosso semelhante, disputamos com outras pessoas um único lugar de vitória, e assim como nenhuma luta é vencida quando se luta sozinho, e talvez por isso aceitamos com mais afinco nossos defeitos e nossas derrotas, aceitamos que a vida nos guie ao invés de guiarmos nossa própria existência,  assim limitamos nosso estado de sanidade a cumprir leis e regras da sociedade que nos cerca.

Se formos vitoriosos ou derrotados no geral damos mais importância às lutas como se o propósito fosse apenas o aprendizado, então por que não buscar o aprendizado antes mesmo das disputas?

A jornada parece ser tão importante quanto o fim a que ela se propõe, e para uma boa jornada temos um dom que todo ser humano tem:

- O Dom da Imaginação!

O grande problema é que usamos este dom para nos colocar sempre na vitória antes mesmo da jornada e isto nos limita a crer que só a vitória é o que realmente importa e somente quando somos derrotados é que damos importância para o caminho percorrido, ai então analisamos com calma e sabemos exatamente onde erramos e o por quê de nosso fracasso.

Vitórias não dependem de sermos bons ou maus, elas são para alguns um privilégio de suas vidas, como ser bonito ou feio, forte ou fraco, pequeno ou grande, portanto nossas escolhas estão sujeitas aos limites de nosso ser e independente de ser verdadeiro ou falso, há sempre alguém para vencer, o fracasso não lhe trás o direito de ter defeitos nem ao menos o privilégio de ter sido bom é apenas o fato de que outro alguém também estava ali para vencer e venceu!

Há algo que separa o ser do mundo, quando o ser se torna o seu próprio mundo ele se vê como observador de tudo, agora quando o mundo se torna seu observador ele é apenas um produto do próprio mundo e então o seu “EU” se torna perdido, sem limites ou direção.

É o que acontece com grandes ídolos que se perdem no mundo das drogas e confusão, de viver grandes amores e traições como se tudo que obteve não lhe satisfaz e assim não se presta atenção na jornada e suas vitórias não preenchem o seu existir.

- Mas eles são apenas humanos e como todos, também erram...

E como podemos ver por mais vitórias que se têm os erros também os seguem por não devotarem o seu ser a sua própria sanidade, sempre achando um limite para nossa insanidade, mas não existem limites para sanidade e talvez o medo de ultrapassar estes limites mais humanos é o que nos faz sermos tão derrotados por mais vitórias que se possa vir a ter.

Então, por medo ou até mesmo pela própria excitação de chegar tão perto de nosso ser sano, nós nos vemos desejosos de nossos próprios erros, e fazemos em nós a derrota que queremos inconscientemente ter, para não sermos tão sagrados em nós mesmos, voltamos para o espelho e vemos os defeitos que todos têm, porém dentro de nós há algo que não se limita a imagem e nem ao menos aos nossos fracassos e está no fundo de nossos olhos, este imenso vazio de nossa alma que nos consagra em ter uma ligação maior com o Universo, que em nossa carne nos põe limites, mas em nossos corações nos põe uma emoção tão forte que nos faz amar aos santos e nos tira de nossas imperfeições, por mais erros que cometemos parece que nossa tão sagrada existência esta além dos limites humanos, nos faz ter o desejo de ir além de ser humano como o mundo manda, e nos faz ser tão amigáveis para com aqueles que não se limitaram em ser sãos.

Quando a coragem bate na alma os limites da vida são todos superáveis!


E nestas superações é que encontramos a ilimitada capacidade que temos de tirar do meio do nada nossa mais sagrada sanidade.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

No Limite Insano.

No Limite Insano.

Tem uma frase que costumo dizer que pouca gente entende!

Trata-se da diferença entre o Sano e o Insano:

- O Sano busca conhecer tudo justamente!
- O Insano se justifica de tudo!

Parece óbvio, mas a diferença é muito tênue e quase que irreconhecível em certos momentos, por exemplo:

O que vem a ser Arte?

É normal dizer que arte é uma expressão, embora a arte abranja uma gama enorme de seguimentos, tradições e culturas, exibida por figurações e até representações, a arte algumas vezes nos leva a um estado que beira a um ataque de nervos, ao ter de reconhecer algo que aos olhos num primeiro momento não representa absolutamente NADA!

O Artista em seu grande mérito consegue elaborar uma explanação que vem a dar sentido a sua arte e muitas vezes às pessoas se vêem voltadas a aceitar as explicações por argumentos que parecem validos, mas será que são argumentos justos ou apenas uma tentativa de justificação de sua arte?

Ai que entra a diferença entre o sano e o insano!

A não sanidade pode ser facilmente reconhecida em uma pessoa com problemas de conduta, mas qual será o real problema que a pessoa vive?

Existem diversos seguimentos, como na psicologia, que visam localizar estes problemas, como um cleptomaníaco, um hipocondríaco, hidrofóbico e todos os outros tipos de fobias onde a psicanálise visa encontrar a fonte do mal, no entanto será que ao dizer ao paciente qual a fonte ou razão do seu problema só estamos fornecendo ao mesmo uma justificativa para que ele viva o seu problema?

Como separar o que é justo do que é apenas uma justificativa?

É comum achar que uma justificativa seja por si só justa, seja por uma questão da força da argumentação ou apenas uma compreensão da própria justificativa, porém assim como estamos num mundo regido por leis ou ordens que nos fornece um senso lógico para construção de algo, o pensamento também precisa estar dentro de um senso que seja aplicável ao mundo que nos rodeia como, por exemplo:

Um hidrofóbico, por algum trauma pode ter um medo exagerado de líquidos, no entanto este medo pode ser dissipado ao aprender a nadar, por exemplo, o que não leva a perder completamente o medo, mas sim de adquirir a habilidade de lhe dar com ele, que é conquistado com o senso prático de nadar.

Já no caso de um cleptomaníaco o senso de que um objeto pertence à outra pessoa é rompido pela satisfação de furtar tal objeto. O senso comum perde a vez para emoção com o fracasso do reconhecimento do que é justo para a justificativa do prazer pessoal mesmo sabendo do mal, a psique não tem força para superar o desejo da emoção, neste momento perdemos o limite de nossa sanidade, assim como ocorre com as pessoas que adquirem o habito do vício, as pessoas que tem o habito do roubo agem como se a própria consciência estivesse em estado de torpor e o ser passa ser guiado pelas emoções.

Este fracasso da sanidade vem com o baixo aproveitamento da maquina “mente” que em muitas ocasiões por nosso próprio desejo deixamos a voz interior ser tão baixa que agimos como simples animais guiados pelos instintos, é como se estivéssemos acordados, porém com a mente funcionando em estado REM, onde à mente fica como se estivesse em piloto automático e deixamos nosso ser, ser guiado pelos estímulos a nossa volta.
Neste ponto a mente parece estar em um estado de liberdade, onde os aspectos sociativos são deixados de lado e nos apegamos aos aspectos dissociativos da realidade. É quando as pessoas se vêem desejando se livrar dos chamados “Problemas”, no entanto ao fazer isso também se deixam desagregar dos seus próprios anseios e acabam perdendo o ponto limite do “deixar rolar”.

Em quase todos os aspectos do limite insano as pessoas tendem a adquirir o vicio de entorpecer a mente com algo que lhe mantenha no estado próximo ao sono REM é como se a pessoa mesmo acordada estivesse sonhando e sua maquina de pensar procura elaborar, como num sonho, uma série de pensamentos contínuos, porém sem um rumo ou sentido realmente desejado. Em certos casos isto pode até ser bom para a satisfação de, o nosso próprio viver, mas como tudo que existe no mundo há limites que devem ser postos ao nosso próprio ser, deixar de sonhar não é preciso, no entanto e como num sonho consciente, devemos domar nossa mente para que o estado de sono não vire nosso próprio pesadelo e faça de nós seres aprisionados em nossa maquina de pensar que no cumulo de nossos vícios sempre nos dá uma justa causa aos nossos erros e então podemos nos perder em justificativas insanas como uma arte sem o desejo mais profundo de ser a “Arte” do nosso próprio viver. Precisamos viver certos limites dos nossos desejos inconscientes para alcançar o censo ilimitado da boa e verdadeira consciência.  


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