Delta 4
Você definiria toda sua vida, tudo que você é
como faz ou como deixa de fazer, seu modo de agir e de pensar, seu jeito de
falar e se comportar, tudo isso por causa de 10 segundos?
Parece que a
primeira resposta que vem a mente é: _-Claro
que não!
Entretanto
tudo que você é ou faz, indica a sua personalidade, suas escolhas e seu modo de
lhe dar com elas fazem parte do seu ser, e nisso há um objetivo comum em todo
ser humano que é a necessidade de se relacionar, não só socialmente como também
fisicamente, e é neste momento que definimos nosso ser por algo que dura cerca
de 10 segundos, isso mesmo, 10 segundos!
Bom!
Não estou sendo tão especifico, falando mais profundamente: uma pesquisa
realizada pelo sexólogo alemão Rolf Degen, para descobrir a duração média de um
orgasmo entre os seres humanos, e apontou que há grandes diferenças entre
homens e mulheres, em média o tempo do orgasmo feminino dura 1,7 segundos já o
orgasmo masculino 12,4s. Em média uma mulher passa cerca de 1h24s durante toda
a sua vida em estado de êxtase e o homem experimenta 9h18s de orgasmo no total.
No
entanto, vamos aqui estabelecer uma visão mais simplista e considerar que todos
em média têm 10 segundos de “puro estase”
no momento sexual. É o ápice deste
momento, e por causa destes 10 segundos pessoas se unem e formam famílias,
ajudam um ao outro, estabelecem uma relação entre o que elas possuem e o que
pertence em comum entre ambos, sentimentos existem, até uma relação de posse do outro em muitos casos é exigida,
o “ato sexual” também trás a tona a existência de outro ser (dentro da
heterossexualidade) entre ambos e este é como se fosse um “bem comum” para os dois, até a lei obriga a ter em um documento o
nome do pai e da mãe, e tudo isso por que em um breve 10 segundos você teve seu
objetivo atingido! O estase da relação sexual.
Chega
ser meio assustador pensar que por causa deste mínimo momento você definiu toda
sua vida, tudo que você é e até suas escolhas são (biologicamente falando) atingidas em um pequeno breve momento. Até
o fato de você existir vem deste pequeníssimo momento...
E
é claro que isso não é de fato
visto como o único propósito na relação sexual existe as chamadas preliminares, no entanto estas só duram
em média 16 minutos. O próprio nome “preliminares”
já indica que é algo que antecede um fato ou um propósito, mesmo assim o fato
que ocorre contando com as preliminares tem ainda uma duração muito pequena
para definir toda nossa postura perante a vida.
Fica
claro perceber que “só isso” não deve
ser algo que sirva para definir toda nossa existência, mesmo que de fato seja!
Como
somos e como agimos demonstra nossas “preferências
sexuais” e pelo nosso modo de ser atraímos outro ser a desejar ter relações
conosco. Isso por si só já estreita as possibilidades de relacionamentos, pois
nossas preferências sempre excluirão outras possibilidades...
Mas por que nos empenhamos tanto em formar
uma imagem para definir nossas escolhas que acabaram acarretando em um fato que
de fato dura apenas alguns minutos?
Biologicamente
se diz que: a necessidade de perpetuar a
espécie!
Bem, a natureza
não parece ser tão pratica assim, porque permite que nossas escolhas nem sempre
sejam para fins de reprodução.
O
mais estranho é notar que a natureza de todos os seres realiza um enorme
esforço apenas para um evento que tem duração de apenas alguns segundos...
As
plantas desenvolvem flores, com diferentes cores e odores, para que um pequeno
ser vivo venha e por um instante as fecundem; o pavão desenvolve uma linda
plumagem, apenas para ter o consentimento da fêmea por um ato que dura apenas
alguns segundos... Bem, o propósito aqui é falar “sobre” (no sentido de acima) a sexualidade humana, só que fazemos
parte de toda esta natureza também e para entender a nossa precisamos entender
suas origens... Existe hoje neste planeta cerca de 9 milhões de espécies de
seres vivos, todos em constante mutação e com certeza a reprodução sexuada
trouxe toda esta possibilidade de variações entre os seres, contudo convencer o
outro da sua capacidade de reprodução é algo de extremo dispendioso para
vida, custa ao ser toda a caracterização de como ele é.
Examinando
apenas o que fica de tudo isso: é que todos nós, seres vivos, acabamos
escolhendo (de certa forma) o comportamento que irá prevalecer em nossos
descendentes, portanto as escolhas que fazemos num breve momento determinam
toda nossa potencialização do que irá prevalecer no futuro, embora não tenhamos
plena consciência disso; a sensação de felicidade
ou de prazer acaba sendo assim um
medidor de valores que devem perpetuar dentro da espécie.
O
fato de não termos plena consciência de como e por que a natureza desenvolveu
estes mecanismos, nos leva por fim acreditar que toda a sensação de prazer ou felicidade é válida e deve ser vivida.
Isso
acaba fazendo com que tenhamos a crença de que somos “donos de nós mesmos”
(realmente somos) para ser, fazer e viver como bem entender e sentir viver em
função do prazer ou da felicidade, isso é visto como um
objetivo comum para todo ser humano.
Ai
é que nos perdemos em nós mesmos!
Quais
seriam os limites desta busca, (do prazer e da felicidade) e será que há limites?
Físico e emocional
Já
mencionei em outro artigo (http://reflexhuman.blogspot.com.br/2014/02/principio-da-progressao-continuada.html)
uma experiência realizada com ratos, e até (acabei falando mais sobre sexo
neste artigo) sobre outras experiências, mas pra não repetir o assunto vou
trazer aqui outras pesquisas realizadas com ratos também:
Em
um estudo realizado pelo neurocientista Barry Everitt e sua equipe da
Universidade de Cambridge, treinaram ratos machos para pressionar uma barra e
ter acesso a uma fêmea sexualmente receptiva em uma câmara. Depois que os
animais machos aprenderam a tarefa, os cientistas interferiram no funcionamento
de uma determinada região do cérebro e devolveram os animais ao local. Os ratos
com lesão cerebral continuaram a pressionar a barra e ter acesso às fêmeas,
sugerindo que ainda às queriam (sentiam
desejo), mas quando uma fêmea se aproximava eles não conseguiam copular. No
entanto, após terem uma amígdala danificada, ocorreu o contrário: os machos não
mais pressionaram a barra para ter acesso às ratas (o desejo se foi), mas se uma fêmea era apresentada eles tentavam
copular novamente. Everitt e sua equipe concluíram que desejo sexual não tem
relação direta com o desempenho sexual, ou seja, é indiferente se o ser sente desejo, mas não tem um bom desempenho,
embora possa ter um bom desempenho e mesmo assim pode não sentir desejo.
Nesta
pesquisa fica claro que o cérebro tem um papel importante no desejo e na
intenção sexual, o que indica que não somos feitos para “Ser assim” e sim acabamos
nos tornando assim (mais detalhes em A
identidade Sexual neste mesmo artigo). Os pesquisadores ainda fizeram
experiências administrando anfetaminas (uma droga que aumenta a dopamina) em
uma região do cérebro dos ratinhos machos com a amígdala lesionada e os
roedores voltaram a pressionar a barra para ter acesso às fêmeas, o que indica
que o incremento na área de recompensa do cérebro compensou a falta da função
da amígdala. A dopamina no centro de prazer do cérebro dos ratos também aumenta
naturalmente depois que eles visualizam uma fêmea receptiva.
As
fêmeas dos ratinhos também surpreenderam ao mostrar que a dopamina envolvida na
região de recompensa do cérebro, ligada à sensação de prazer, está envolvida na
resposta para a cópula. Se houver algum problema nessa área, as fêmeas rejeitam
os machos mais freqüentemente do que quando tem um circuito de recompensa
intacto, o que evidência que há intenção na fêmea em encontros sexuais. Os
pesquisadores descobriram que, para ter acesso a um macho, as ratas corriam até
por uma cerca eletrificada, isso contraria a crença de que elas desempenham
papel passivo na cópula.
Ao
que tudo indica, não é o “ser assim” e sim a forma com que o ser se governa faz
com que este tenha suas funções voltadas para ser de uma forma ou de outra, A
dopamina é uma substância química liberada pelo cérebro que desempenha uma
série de funções, incluindo prazer, recompensa, movimento, memória e atenção,
causando satisfação ao se conseguir algo, nos faz sentir felizes. É no nosso
cérebro que está à tradução daquilo que nos faz bem e quando repetimos as ações
que nos faz bem, dentro de certas
variáveis, nosso cérebro traduz isso liberando dopamina e gerando assim a
sensação de felicidade, então quando repetimos isso variavelmente, independente
do que for estamos ganhando dopamina e isso pode gerar um ciclo vicioso.
Em
outro experimento, cientistas davam regularmente bananas para macacos, o que
liberava dopamina. Após algum tempo ganhando regularmente as bananas, os
cérebros dos macacos não liberavam mais dopamina com as bananas. Então os
cientistas pararam de dar bananas aos macacos e estes passaram a liberar
cortisol (responsável pelos sentimentos ruins), ou seja, após algum tempo
exposto a um mesmo estímulo que libera dopamina continuamente, o nosso cérebro
passa a não recompensar com a mesma sensação de prazer, mas ao tirar este
estímulo sentimos uma sensação ruim. Isso funciona como na frase ‘‘só damos valor quando perdemos’’.
Isso
é muito semelhante ao nosso aprendizado inicial de nossa infância, quando
recebemos um brinquedo novo ficamos extremamente felizes, mas depois de brincar
por um tempo a sensação boa causada pelo brinquedo acaba, no entanto, ao
quebrar o brinquedo, por exemplo, ficamos tristes e frustrados com o fato. O
que indica que nossa mente está sempre voltada ao estimulo inicial, mas depois
de um tempo este estimulo perde aquele potencial emocional que tivemos de
inicio, isso porque a nossa própria existência exige um crescimento continuo de
novas experiências. E como acontece quando ao levamos um susto com algo
inesperado (veja o artigo: http://reflexhuman.blogspot.com/2014/07/pistantrofobia.html)
isso aumenta a atividade cerebral devido ao fato de necessitarmos de uma
resposta para o evento, mas com o tempo, pela compreensão do evento deixamos de
nos assustar e assim a mente não dispara o gatilho da necessidade de busca de
uma resposta... A mente é um órgão que empenha uma função, de gerar compreensão
e retornar com outra função, seja uma resposta verbal ou uma reação, e isso é
feito através das emoções e estímulos recebidos, gerados ou correspondidos. O
que não implica em uma necessidade constante, de um estado constante de alerta
emocional, implica em termos um pequeno gatilho (momento) para este ou aquele
evento que depois de registrado ganha assim uma identidade emocional.
Psíquico

Superego: É a parte da
mente responsável pelo controle do que podemos e do que não podemos é o nosso
senso “moral”.
Ego: É a característica
que apresentamos o nosso ser quanto ao ser em si.
Id: Nosso instinto mais
primitivo é o que age segundo as informações emocionais (pulsão) que trazemos
em nosso ser.
No meu livro “Só
por Ele!” o paciente (personagem
principal) apresenta estas três características de si mesmo separadas do
próprio ser. O seu superego assume a
figura da mãe: esta é capaz de sacrificar seu próprio filho para se sentir segura, agindo sempre preocupada com o futuro; já o ego vem
sobre a figura do pai, age sempre motivado pela mãe e tem poder sobre o filho,
suas atitudes estão ligadas ao presente; o id é o próprio personagem (filho)
que baseia seus sentimentos em experiências do passado. Nestas figurações
temos:
Mãe
|
Pai
|
Filho
|
Superego
|
Ego
|
Id
|
Consciência
|
Subconsciente
|
Inconsciente
|
Futuro
|
Presente
|
Passado
|
essencialismo
|
Behaviorismo
|
Hedonismo
|
Burrhus
Frederic Skinner, psicólogo, criador do Behaviorismo
radical, em sua proposta, ele estudava os seres e seu comportamento através de
tentativa e erro para obter uma recompensa. A Caixa de Skinner, assim chamada,
é o local onde se faz estas observações. Por basear o comportamento dos seres
perante a ação, ou seja: no presente, as respostas obtidas possuem por sua vez
características hedonistas.
O
hedonismo é ideia que baseia o prazer
individual e imediato como o único bem possível (por isso é manifestação
inicial do id), capaz de satisfazer o indivíduo e leva-lo a felicidade. Isso nos arremete a
indagação inicial deste artigo onde definimos nosso ser a toda a nossa
existência por causa de uns poucos instantes.
Dentro
de nosso ego, na ação presente,
tendemos a repetir o comportamento premiado, ou seja: que recebe recompensa,
por isso independente de nossa educação (moldada no superego) a pulsão, que é
o comportamento energético que direciona nossos desejos, diferente dos
instintos, que é a ação aprendida por experiência... Para entender melhor vamos a um exemplo:
A criança tem no inicio de sua vida o desejo
(id) de querer andar, é a pulsão
energética para adquirir o comportamento de andar, quanto que o instinto só
ocorre quando a criança já sabe andar e pra isso aciona o gatilho: desejo, com
o aprendizado “saber andar” e por instinto ela anda sem a necessidade de pedir
ao superego a concentração de suas
energias para poder andar, basta apenas à solicitação do ego.
...Age sobre o ser, criando assim um ciclo de repetição do
feito benéfico.
Skinner
queria saber se a superstição é uma pulsão comum a todos os seres gerando
assim um comportamento instintivo. Para isso ele colocou uma pomba na caixa de
Skinner e simplesmente observou o comportamento da ave que recebia uma porção
de ração sem a necessidade de acionar alguma alavanca. O alimento era servido
em intervalos regulares ou aleatórios e as pombas começaram a repetir certos
comportamentos como se ao repetir o ato de mover a cabeça de um lado para outro,
por exemplo, fosse responsável pela recompensa. Assim Skinner mostrou que
independente da cultura ou de qualquer outra forma de ensinamento (educação) os
seres tendem a crer que eles são responsáveis por aquilo que recebem do
ambiente, isso demonstra que a ação da consciência (superego) nem sempre é
responsável pelo comportamento operante (assim chamado por Skinner)
Incluso na Sexualidade
Agora
vamos aplicar tudo isso a sexualidade humana.
Como
vemos, não há na natureza algum mecanismo que impõe algum limite para sentir
prazer ou felicidade, o que pode ser observado é que fisicamente existem
mecanismos biológicos, como a identificação de certas regiões no cérebro, que
por natureza, regulam as funções físicas, as emoções e ainda reforçam a
repetição de certos comportamentos pelo fato de haver uma necessidade de
interagir com o ambiente no qual o ser se encontra. Isso demonstra que não
somos feitos pra ser de uma forma ou de outra, adquirimos através das emoções,
as informações referentes ao mundo exterior, e a partir destas informações
moldamos nosso modo de ser (hedonistas), geralmente voltamos nosso jeito de ser
a forma que nos trás maior satisfação e reconhecimento, como por exemplo: o ato
de fumar é uma característica individual, muitas vezes confundida com egoísmo,
na realidade trata-se da busca por satisfação pessoal; ou uma menina que se vê
dançando, imitando o modelo adulto, ao receber atenção a criança passa a
repetir tal habilidade, pois a satisfação causada pelo reconhecimento lhe
trouxe a sensação de prazer e felicidade, fazendo com que esta criança molde o
seu ser a ser assim (uma dançarina) é a pulsão levando a essência á buscar uma
identidade.
Agora vamos olhar para realidade da
sociedade na qual vivemos:
Hoje
em dia temos argumentos que circulam dentro de nossa sociedade que valorizam
até mesmo o comportamento agressivo:
_- Eu sou assim e ninguém me proíbe de ser
como eu sou...
_- Que mal tem de ser
assim...
_- A vida é minha eu
faço o que eu quiser com ela...
_- O corpo é meu e eu
faço o que bem quero com ele...
Fica
então a questão:
Se
não nascemos para ser assim ou assado, afinal somos fruto do ambiente em que
vivemos e interagimos com as emoções que este ambiente nos causa, como saber já
de antemão quem somos?
Se
um pensamento errôneo for promulgado dentro do convívio social, este pensamento
nos leva a ter certos comportamentos, e na natureza não há nada que impede o
nosso comportamento, assim sendo a identidade sexual pode ser moldada pela
interação com o ambiente em que vivemos e a forma com que traduzimos nossas
emoções leva ao prazer ou ao repudio de outros comportamentos.
O relatório Kinsey
Entre
1948 e 1953, Alfred Charles Kinsey elaborou um longo estudo sobre a sexualidade
humana, conhecido como Relatório Kinsey, este relatório foi muito usado para
promulgar e apoiar a diversidade do comportamento sexual humano, o que muita
gente não sabe é que em sua pesquisa Kinsey não buscou esses dados de forma
aleatória, visando ter uma informação diversificada, ele pesquisou 11.240
indivíduos (5.300 homens e 5.940 mulheres) entre os quais ele se concentrou na
população branca, e de determinados locais dos EUA, muitos dos quais eram
presidiários (presos por algum crime sexual). A maior parte da amostra
homossexual consistia de delinquentes. Inclusive, um dos coautores do estudo
era Wardell Baxter Pomeroy, psicólogo da prisão do Estado de Indiana. Teriam
sido feitas entrevistas com cerca de 8.603 homens, mas apenas 5.300 foram
aproveitadas. Seria uma seleção de dados, para direcionar os resultados?
O próprio
Kinsey teve relacionamentos homossexuais com seus colaboradores e inclusive
apoiava que sua mulher também tivesse relacionamentos com eles.
Kinsey
defendia que todos os comportamentos sexuais considerados anômalos são na
verdade normais, ao mesmo tempo afirmou que ser exclusivamente heterossexual é
anormal!
Ele acreditava que a heterossexualidade é
provocada pelas inibições culturais e de condicionamentos sociais, contrários à
natureza do homem. Em sua opinião afirmava que os cristãos herdaram o
comportamento sexual quase paranoico dos judeus.
Kinsey também
apresentou dados sobre comportamento sexual juvenil, orgasmos em crianças e
adolescentes, supostamente obtidos ao entrevistar pedófilos, como Rex King e o
ex-oficial nazista Fritz von Balluseck. Sem falar que há varias acusações de
que ele teria promovido aos pais ter relação com seus filhos e ainda marcar o
tempo com que as crianças chegam ao orgasmo!
Quarenta anos
depois deste relatório, durante os quais se deu crédito aos dados publicados
por Kinsey, cientistas de vários países demonstraram a falsidade das conclusões
do relatório e a falta de uma visão mais científica.
Muitos
psicólogos ainda falam que cerca de 10% da população mundial é homossexual,
sendo este numero baseado neste relatório. Até hoje este mito dos 10% persiste
em ser dito para defender a homossexualidade humana.
As
consequências mais visíveis deste relatório são ideias como a separação entre a
atividade sexual e a procriação; o exercício da sexualidade fora do matrimônio, o chamado “amor livre”; e a separação entre a atividade sexual do amor. Estas
ideias são levadas em conta quando se tomam decisões sobre políticas de saúde
sexual, ou reprodutiva, e continuam sendo parte do conteúdo dos programas
educativos em relação sexualidade em todo o mundo.
Como Identificamos
A criança é o pai do adulto.
Sigmund Freud
Freud causou
muita polemica ao dizer que a identidade sexual começa assim que nascemos em
seu estudo, ele relata que o primeiro contato sexual do bebê se da através dos
seios da mãe (fase oral), esta fase dura até o primeiro ano de vida,
A segunda fase
é anal, que vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida. Neste
período as pulsões se dirigem ao ânus, ao controle da tensão intestinal. Nessa
fase a criança tem de aprender a controlar sua defecação e, dessa forma, deve
aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades
imediatamente. O defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos ataques de
raiva; já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a
uma tendência ao caos, ao descuido, à bagunça quanto a uma tendência a uma
organização compulsiva e exageradamente controlada. Ao contrario do senso comum
que pode achar que esta fase é voltada a descobrir a penetração, na realidade
está envolvida no controle das próprias emoções, já na próxima fase (genital)
está envolvida no entendimento da própria diferenciação sexual que é quando a
criança descobre ser diferente do pai ou da mãe, esta fase vai dos três aos
cinco anos de vida.
Todas estas
descobertas são importantes para o desenvolvimento das emoções e do
entendimento do próprio adulto, por isso que na psicologia o relato da infância
pode trazer um melhor entendimento do ser adulto.
Em uma sociedade
onde a constituição familiar é cada vez mais “livre” das convenções
comportamentais, estamos gerando crianças que nem tem como identificar suas
fazes, que fossem naturais de serem vividas. Por exemplo:
Na fase oral,
ao invés da criança ter contato por mais tempo com a mãe, usa-se a chupeta!
No período
anal, ao invés da criança aprender o momento de defecar, usa-se fralda!
No período de
descoberta do seu próprio sexo, usa-se a escola, o professor e a própria
criança em um estado coletivo de identificação.
Vemos ai, que
a vida em sociedade quebrou um ciclo de descoberta e aprendizado que é natural
em todos os outros seres vivos... As mães por não poderem estar com seus filhos
no peito por mais tempo oferece a criança um artifício; (já vi mulheres dizendo que a criança usa o peito como chupeta, sendo
que é a chupeta que está substituindo o peito) ao invés de ensinar a
criança a ter um controle intestinal, deixa a criança livre pra fazer no momento
que quiser usando fralda; e muitos pais ao invés de ensinar a criança que o seu
sexo é o seu intimo, ou seja, próprio da sua pessoa, que está ligado ao seu
próprio ser e a forma com que este irá ser no futuro e se relacionar com as
pessoas mais próximas, acabam debatendo isso de forma livre e diante de todos,
tirando assim o lado pessoal e levando ao coletivo...
Fica então a
própria criança, que não aprendeu o valor da afetividade, que de certa forma
pode ser substituída até por um objeto (chupeta), que não aprendeu a controlar
suas pulsões (usando fralda), deixando aberta a aquisição dos instintos e ainda
colocando o seu “eu” como sendo algo comum e coletivo, sem uma identidade
interna e pessoal.
Com todos
estes defeitos nas etapas de criação do ser humano e dentro de uma sociedade
onde o gênero, que é somente dois, passou a ser visto de forma tão
diversificada (Em um noticiário vi que em alguns países o facebook permite
cerca de 50 escolhas de gêneros) será que
estamos mesmo sendo livres, ou apenas perdidos em nossa própria identidade?
O psicólogo
Paul Bloom, em sua obra How Pleasure Works (como o prazer funciona) fala que o
ser humano vem desenvolvendo uma capacidade que ele chama de essencialismo, trata-se de atribuir aos
objetos ou até mesmo as idéias, valores que na realidade não existem. O prazer
na realidade trata-se do nosso julgamento sobre um objeto ou pessoa com a qual
interagimos, em suas palavras:
"Mesmo nos
prazeres mais animalescos, somos influenciados por aquilo em que acreditamos.”
Na filosofia o
essencialismo remete para a crença na
existência das coisas em si mesmas, não exigindo qualquer atenção ao contexto
em que existe, a qualidade de uma coisa (ou a ideia) recebe total confiança por
ter aprovação maior.
Em
suma é o contexto com que algo é apresentado que o torna apreciável ou desagradável
isso indica que não nos baseamos em nossos próprios valores e sim seguimos os
modelos que nos são apresentados e assim damos a estes os nossos valores.
Como
ter um tênis de marca, ou uma roupa de grife, são conceitos atribuídos em nossa
sociedade, o prazer atribuído em ter um tênis ou uma roupa “cara” não está diretamente
ligado aos objetos e sim no fato de direcionarmos nossas atenções aos objetos.
A arte, por exemplo, valorizamos um objeto artístico pelo valor considerado que
um artista tem, mas desprezamos o mesmo objeto se for dito que é uma réplica.
“Portanto
nossos valores são identificados por nossas considerações, agora imagine que a
cada dia vemos a sociedade desvalorizando o relacionamento conjugal,
principalmente dentro da heterossexualidade, e valorizando o chamado “Amor
Livre” isso indica que temos uma sociedade voltada para os valores hedonistas e
para o essencialismo, menosprezando a própria aquisição cultural, que foi
adquirida ao longo de muito tempo, e valorizando idéias supersticiosas, como
achar que: somos donos de nós mesmos!”
Como já disse:
realmente somos... Mas quem é que conhece toda a natureza que envolve a
criatura humana?
Fica a dúvida se estamos agindo por consciência ou somente
pela pulsão de nossos sentidos mais primitivos, e vivendo em uma sociedade onde
cada um procura agir de uma forma, acabamos ‘achando’ que pelo agir desta ou de
outra forma é o que vai nos fazer felizes!
Assim
assumimos o risco de viver tamanha diversidade sem saber quais são os limites
de como viver com nossa própria identidade.
A identidade Sexual
Liberdade! Um
bem tão precioso que pra isso a humanidade já realizou guerras, conflitos e até
se cria fronteiras para que a partir daquele local a língua passe ser outra, o
dinheiro a cultura... Hoje estamos vivendo uma nova evolução de libertação, a
liberdade sexual. Cada um escolhe o seu modelo de relacionamento sexual que
deseja ter, seja heterossexual, bissexual, homossexual... Fica a dúvida se há
um limite para tanta liberdade ou será que todas podem e merecem serem vividas?

Acreditasse
que a real intenção era que todos os pensamentos, inclusive os mais eróticos
possíveis, eram pra serem deixados do lado de fora do templo, enquanto que na
busca interior era preciso um estado de limpeza completa dos pensamentos do
mundo exterior.
Hoje
em dia fazemos o contrario!
Buscamos
modelos exteriores e vinculamos estes ao nosso próprio eu. É um mundo onde tudo
é valido e tudo pode ser feito e assim se diz:
- O importante a ser feliz!
Então, fica a
questão: Quais são os limites?
Será que
podemos mesmo ter relações sexuais com diferentes idades se relacionando entre
si, com animais, ou com pessoas do mesmo sexo, ou do mesmo conjunto familiar?
Não é minha
intenção debater aqui o certo ou errado, bom ou ruim, afinal como podemos ver
através do essencialismo, cada um pode escolher seu objeto de valor ou até
mesmo seu comportamento de maior estima ou apreciação, gostar de ser assim,
seja como for, é de domínio de cada individuo, e como já disse acreditamos que
somos donos de nós mesmos, só que há uma natureza maior que vem desde nossa
filogênese (grupo familiar a qual uma espécie pertence), nossa ontogenia (forma
com que cada individuo de uma espécie evolui dentro de seu grupo familiar) que
como pode ser vista, não há um modelo pré programado para a melhor escolha,
nosso genes apenas estabelece que tal grupo de comportamento têm mais chances
de reprodução devido ao ambiente no qual vive, o que não significa que seja o
melhor, a natureza não julga, seleciona como numa eleição, apenas passa adiante
o conjunto que tem melhores probabilidades de sobrevivência e perpetuação. E
como vimos por um instante às emoções vividas pelos seres são sempre válidas e
repetidas através do desejo e do prazer de se ter aquelas emoções em nosso ser.
Por
menores que sejam nossas emoções elas acabam fazendo parte do nosso ser, o que
não significa que devemos viver todas as emoções para escolher entre todas
aquelas que você possa melhor se adaptar e vivenciá-la, somos seres individuais
e por isso nossas escolhas são de posse do individuo, e exatamente por sermos
indivíduos não podemos viver todas as escolhas que temos pra viver.
Somos
fruto de uma natureza que nos impulsiona a fazer, ser, ter, desejar, satisfazer
e alguns de nossos impulsos já vem prontos para definir o que somos, cabe a nós
aceitarmos esta natureza que já existe em nosso ser, sendo assim é a nossa
identidade com a qual já nascemos. Em outros casos nem sempre podemos aceitar a
imposição natural, pois podemos não estar, em essência, nesta natureza.
Podemos assumir outra identidade que não
seja a de nossa natureza?
Sim podemos, mas
isso não nos fará mais felizes ou mais satisfeitos, nos fará felizes e
satisfeitos com a gente mesmo.
Tanto
o homem quanto a mulher fazem parte dos mamíferos, e ambos vão ter o toque da
mãe, mas se esta natureza for substituída quais podem ser as conseqüências
desta substituição?
Sem Identidade
Em
uma pesquisa feita pelo Dr. Harlow que se iniciou em 1930 e durou cerca de quatro
décadas com macacos Rhesus em Madison, próximo de Chicago, ele retirou os
macaquinhos das mães logo após o nascimento para obter um macaco, tipo padrão,
sem influencia de outros macacos e descobrir qual comportamento poderia predominar
nos primatas. Para substituir a mãe ele
usou dois modelos em diferentes aspectos, um era apenas um cilindro de arame
com uma mamadeira e o outro o mesmo cilindro, mas sem a mamadeira e com um
tecido felpudo, pra testar se a necessidade de alimento era maior que a
necessidade de conforto, os macaquinhos mamavam nas mães de arame, mas
preferiam ficar com a mãe de pelos depois de mamar, esta pesquisa é bastante
extensa e foram realizados vários outros experimentos, os macaquinhos cresceram
fortes e saudáveis, no entanto o dado mais interessante que me surpreendeu foi
que, para continuar a pesquisa o Dr. Harlow colocou estes macaquinhos em outras
jaulas formando casais para se reproduzirem e continuar suas pesquisas, mas os macacos
não acasalavam, para tentar recuperar os macacos do seu comportamento anômalo ele
introduziu-os em um ambiente natural em uma ilha no zoológico de Madison juntamente
com outros macacos, depois de alguns dias um macho do grupo criado por Harlow
se afogou e duas fêmeas se machucaram. Os testes de inteligência entre os
macacos criados nas jaulas e os criados livres mostraram que a inteligência dos
macacos eram as mesmas, a saúde física também, no entanto ao observar o
comportamento percebeu que vários transtornos psíquicos foram gerados pelo
isolamento.
Para
observar então quais eram as conseqüências em uma fase de isolamento total com
novos macaquinhos os distúrbios de comportamento se revelaram ainda maiores,
muitos machucavam as extremidades dos corpos ou chupavam os dedos das mãos e
dos pés, ao tentar reintegrá-los ao convívio social a situação só piorou, se
tornaram agressivos ou temerosos, sempre em forma de acessos súbitos,
explosivos e sem sentido e sempre antes ou depois desses acessos de fúria, ficavam
paralisados de medo, embora o macaquinho atacado nem chegasse a reagir, em outro
acesso quase que suicida um macaquinho supervalorizando a si mesmo e atacou um
macho forte de posição superior à hierarquia, comportamento jamais visto entre
esta espécie de macacos.
As
fêmeas criadas assim só engravidaram por inseminação artificial e ao se
tornarem mães algumas chegaram a matar seus filhotes apenas pelo simples fato
do mesmo lhe erguer os braços lhe pedindo carinho. Filhos de mães criadas sem mães
herdaram a mesma agressividade e tiveram os mesmos transtornos dos que foram
criados em isolamento.
Como
vemos nesta pesquisa há muitas semelhanças com o comportamento humano de hoje
em dia, pais que são capazes de matar seus próprios filhos, filhos sem a menor
responsabilidade sobre si mesmo, sem noção de limites (como no caso do menino
atacado por um tigre aqui no Brasil) e mães que não fazem a menor questão de
cuidar dos seus filhos e em casos extremos além do abandono, são capazes até de
matar.
Para
onde a liberdade está nos levando?
Parece
que nosso querido Kinsey em seu relatório desconhecia o que é realmente anômalo
no comportamento dos seres e principalmente no humano.
Sendo humanos
Geramos
uma geração saudável e inteligente, mas sem uma identidade que fundi o amor com
o intimo, o carinho com a afetividade, pois carinho não é apenas toque, é também
uma aprovação que damos ao outro por sua existência e com ela nos fundimos e
mostramos nossa adoração pelo seu existir. Ser
pai ou mãe é algo que ocorre em um breve momento, mas a responsabilidade com o
ser que nasce vai por toda nossa existência. Somos a única espécie animal que
continua a perpetuar uma ligação familiar com nossos descendentes até o fim de
nossas vidas e esta responsabilidade é muito longa para ser definida por apenas
alguns minutos do nosso existir. O prazer e a felicidade pode não estar naquele
breve momento de fusão entre os corpos e sim na fusão de nossos ideais, de
nossa procura e bem estar. O conforto de ser amado pode ser muito mais importante
do que o alimento a mesa, ser pai ou ser mãe pode ser muito mais do que a obrigação
exigida por lei, muito mais do que ter os nomes deles acompanhando nossa
identidade, podemos acompanhar também seus bons exemplos, seu desejo de vê-los
juntos pra sempre e se não teve isso em seu lar construa você mesmo isso no seu
lar e saiba que o prazer e a felicidade podem não estar num bom desempenho ou
somente no desejo realizado, está na valorização de algo que só se paga doando
ao outro o seu próprio ser, o seu próprio existir, não só pelo prazer ou pra
dizer que fez alguém feliz e sim por também compartilhar até o seu ser físico para
que possamos ser não só completos, mas também plenos um com o outro e com os
outros que virão depois de nós.
Bem,
como eu disse lá em cima, este artigo é pra falar sobre, no sentido de acima, a
sexualidade humana, talvez você esperasse ler Sob a sexualidade ou até mesmo e
somente da sexualidade em si, mas ao longo do estudo que fiz para escrever ‘sobre’
o assunto vi que esta visão separada para falar de algo que acontece em um
pequeno intervalo de tempo em nossas vidas, que gera tanto assunto ao se olhar
somente para este momento supervalorizando nosso empenho ou o prazer sentido. Isso não
nos faz sermos melhores se fazemos de forma livre ou se reprimimos de forma pecaminosa,
o que vale na vida não é viver bem um só momento, é viver bem todos os momentos
e só podemos viver bem se conhecermos bem a nós mesmos para não corrermos o
risco de sermos vitimas de nossas próprias falhas e dos desentendimentos de nós mesmos.
Até.
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